Ufla cria programa voltado para apoio à pequena produção

Por meio de uma ação conjunta entre as Pró-Reitorias de Extensão e Cultura e de Planejamento e Gestão, a Ufla passou a administrar, recentemente, uma área de cerca de seis hectares que vinha sendo utilizada pela Epamig. No local, será implantado o Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão da Pequena Produção, ou seja, o objetivo é que nessa área possam ser desenvolvidos trabalhos com foco no apoio às pequenas propriedades rurais.

Com isso, no final do mês passado, o Prof. Rubens José Guimarães (Pró-Reitor de Extensão e Cultura), o Prof. José Roberto Soares Scolforo (Pró-Reitor de Planejamento e Gestão), o Prof. Vicente Gualberto (DCS), a Profa. Maria das Graças Paula (DAE) e o Prof. Arnaldo Pereira Vieira (DAE) reuniram-se para conhecer melhor a área e discutir sobre os possíveis trabalhos a serem realizados dentro do programa.

FOCO NO PEQUENO PRODUTOR Localizada na parte mais alta da universidade, a área é margeada pela rodovia que vai de Ijaci ao trevo da BR-265 (Lavras – São João Del Rey). “O objetivo é utilizá-la para atividades de ensino focadas na pequena produção, qualificando alunos e professores para apoiarem especialmente esse tipo de produtor. Além disso, lá serão desenvolvidas pesquisas em diversas áreas do conhecimento, todas voltadas especificamente às demandas das pequenas propriedades. O mesmo vale para ações de extensão como cursos de qualificação, eventos e atividades culturais”, afirma o Prof. Rubens.

Ressalta-se, ainda, que na área há um antigo cafezal, uma vasta mata nativa onde os usuários poderão exercitar práticas de preservação ambiental e uma lagoa na qual serão implantados projetos de criação intensiva de peixes.  

CONSTRUÇÃO DE CARREADORES Para tanto, a Ufla, além de disponibilizar o local para tal programa, pretende apoiar as ações a serem executadas já dando início à construção de carreadores que margearão toda a área. Também nesse sentido, um grupo formado por membros de vários departamentos da comunidade universitária iniciou um planejamento do uso das terras a partir do qual serão elaborados projetos para se buscar recursos junto aos governos estadual e federal.

Com isso, a universidade, por meio de seus professores, técnico-administrativos e estudantes inauguram uma nova linha de trabalho para atender tão importante demanda social e, com isso, servir de exemplo para outras instituições de ensino brasileiras.  

MEC define que Mestrado profissional terá normas próprias

O Ministério da Educação e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) publicaram nesta terça-feira, 23, no Diário Oficial da União, a Portaria Normativa nº 7, com normas específicas para credenciamento e avaliação de cursos de mestrado profissional. Com a medida, o MEC espera que muitas instituições que oferecem cursos de especialização — pós-graduação lato sensu — de excelência apresentem propostas para transformá-los em mestrados voltados para o campo profissional.

Dentre as principais normas anunciadas, destacam-se as várias possibilidades de trabalhos de conclusão de curso possíveis – além da tradicional dissertação –, e o requisito de que parte do corpo docente seja composta não apenas por mestres e doutores, mas que tenham também formação específica na área em que lecionarão, e professores com experiência profissional reconhecida.

Entre as vantagens da criação de uma área específica para avaliação de novos cursos de mestrado profissional na Capes, como já ocorre na área do mestrado acadêmico, o ministro enumerou os ganhos mútuos para alunos e instituições de ensino superior. “A academia ganha uma interação muito mais efetiva com o mundo do trabalho. Os cursos terão o interesse de mais pessoas, já que permitem a consolidação de um itinerário formativo de quem quiser seguir direto para um doutorado, além de permitir alcançar, com vantagem, as metas do plano anual da pós-graduação”.

Para Haddad, com a criação de regras para avaliação e credenciamento diferentes das existentes para os mestrados acadêmicos, muitas áreas podem ser beneficiadas. “Podemos colocar no mestrado profissional alunos de odontologia, por exemplo, que hoje não têm uma residência na área, ou mesmo os de residências médicas, que poderão sair direto para um doutorado.”

JORNALISMO – Para o ministro Fernando Haddad, outra área que pode ser bastante beneficiada com a ampliação da oferta de mestrados profissionais, a partir das novas regras da Capes, é o jornalismo. Na opinião dele, o que o mercado busca não é o fim dos cursos na área. “Penso que a expectativa dos veículos não é a extinção, mas a qualificação dos cursos de jornalismo. Muitos países não têm a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão, mas têm bons cursos superiores. O jornalismo é um dos pilares da democracia, não podemos desconsiderar as especificidades do exercício da profissão. Mais do que habilidades e competências, um curso de jornalismo deve trabalhar os valores da prática jornalística, preparar bem o profissional que fará a intermediação da informação para o público. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, o mestrado profissional em jornalismo deve ganhar força”, afirmou.

Servidor do NADP lança livro voltado a educadores

O técnico em Assuntos Educacionais do Núcleo de Apoio Didático-Pedagógico (NADP), Sérgio Wagner de Oliveira, lançou, este mês, o livro “Formação e Trabalho de Professores”, pela Editora Ufla.

Destinado àqueles que trabalham em salas de aula, estudantes de licenciaturas e a todos que almejam o magistério como carreira, o livro enfoca os conhecimentos básicos exigidos pelo profissional da educação no exercício da atividade docente, desde a conceituação de “Professor” até como trabalhar em grupos.

Segundo o autor, os meios de comunicação têm destacado a preocupação de governo e da sociedade com ações que permitam a melhoria de qualidade dos profissionais de educação para que, consequentemente, o resultado venha a se refletir nas salas de aula.

Dentro disso, “a revista Veja, em sua edição dos 40 anos, aponta que uma das ações a serem realizadas para o Brasil se desenvolver é investir na formação dos professores e de quem forma os professores. A publicação afirma que falta, na cadeia do ensino, uma outra categoria além de professores, pedagogos e diretores: a dos profissionais que ensinam os professores a ensinar”, explica Sérgio Wagner.

E essa é uma das atividades desenvolvidas pelo NADP, órgão da Ufla do qual o autor faz parte apresentando seminários, palestras e ministrando cursos de capacitação para professores e estudantes de pós-graduação.

35 ANOS   Com uma experiência de 35 anos de magistério, Sérgio Wagner propõe, na introdução do livro, a “forma correlata de uma educação que, acredita-se, tenha por cunho ser libertadora, por entender-se que o produto deve ser superior àquele que o produz; por entender-se que a chamada ‘fabricação de arremedos’ dos grandes mestres não encontra mais espaço no mundo”.

SERVIÇO   O lançamento oficial do livro ocorrerá na semana das comemorações dos 101 anos da Ufla, mas os interessados já podem adquiri-lo na Editora Ufla, pelos telefones (035) 3829-1532 e 3829-1115 ou pelo www.editora.ufla.br.

Ufla promove feira de adoção de animais

O Pet-Zootecnia e o Nenac (Núcleo de Estudo em Nutrição de Animais de Companhia) promovem, nos próximos dias 27 e 28 de junho, o “Evento de educação social e adoção de animais”.

A programação contará com palestras educativas e com uma exposição de animais de companhia, lembrando que, para adotar qualquer animal, é preciso ser maior de idade, estar portando documento de identidade, comprovante de endereço e ainda assinar o termo de responsabilidade.

De acordo com a organização do evento, a triagem de saúde (exames básicos) dos animais é gratuita e serão aceitas doações de ração, cobertores e comedouros.

Serviço

Evento de educação social e adoção de animais

Data: 27 e 28 de junho

Horário: das 10 às 17h

Local: área externa do Salão de Convenções da Ufla

Mais informações pelo 3829-1685

Prazo para programa de pós doutores vai até 10 de julho

Com o objetivo de selecionar pesquisas de doutores recém-formados em áreas estratégicas inseridas na Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), o Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), lançaram edital do Plano Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) 2009. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de julho.

O plano é um programa estratégico para garantir a incorporação de pesquisadores altamente qualificados na atividade econômica brasileira, uma das ações da PDP, que retoma a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) e a Lei de Inovação.

Programas de pós-graduação reconhecidos pela Capes e vinculados a instituições de ensino superior (IES), centros ou institutos de pesquisa e empresas de base tecnológica poderão encaminhar projetos de pesquisa que visem ao ingresso de recém-doutores.

Os projetos devem atender a, no mínimo, um dos seguintes princípios norteadores: estar relacionados à inovação e ao incremento da cooperação científica com empresas; objetivar a formação de recursos humanos em projetos de inovação ou treinamento em áreas tecnológicas; resultar em aumento da competitividade das empresas de base tecnológica, em consonância com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP); aumentar qualitativa e quantitativamente o desempenho científico e tecnológico do país; apoiar grupos de pesquisa qualificados para dar suporte à competitividade internacional da pesquisa brasileira; contemplar a inovação, ter relevância regional ou estar inserido em uma política de desenvolvimento local; e, resultar em adensamento tecnológico e dinamização de cadeias produtivas.

O investimento da Capes/Finep previsto neste edital é de R$ 17,1 milhões. Cada projeto poderá ter até três bolsistas. Os itens financiáveis são: bolsa mensal de R$ 3,3 mil e R$ 12 mil anuais, por bolsista, para compra de material de custeio. Os projetos apoiados pelo Edital PNPD/2009 terão duração de até 60 meses. A seleção, implementação e gerenciamento dos projetos serão realizadas pela Capes.

Informações adicionais podem ser obtidas pelo e-mail pnpd_inscricao2009@capes.gov.br

Reitores querem impulsionar pós graduação nas Ifes

Os reitores das universidades federais querem impulsionar a pós-graduação e o desenvolvimento científico no país, especialmente em regiões como o Norte e o Nordeste. Em parceria com os ministérios da Educação (MEC) e da Ciência e Tecnologia (MCT), está em elaboração um projeto para reestruturar os programas de mestrado e doutorado nas instituições federais de ensino (Ifes). A ideia é lançar o Programa de Apoio a Pós-Graduação (PAPG) ainda em 2009.

A proposta é inspirada no Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que ampliou vagas e campi em todo o país. De acordo com o novo presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Alan Barbiero, a pós-graduação brasileira é um exemplo internacional e cresceu muito nos últimos anos, mas necessita superar algumas desigualdades.

“Precisamos expandir ainda mais, principalmente no sentido de reduzir as assimetrias regionais. A pós graduação cresceu, mas de forma concentrada, majoritariamente na Região Sudeste. Precisamos de uma política mais agressiva para que ela avance nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, defende Barbiero, que é reitor da Universidade Federal do Tocantins (UFT).

Barbeiro avalia que as regiões que receberam novos campi universitários com o Reuni agora precisam consolidar o processo com um “forte incentivo à pós-graduação”. “Quando você cria um curso de mestrado ou doutorado naquela média cidade, você atende uma demanda da sociedade e estimula o desenvolvimento científico daquela região. Nós estamos vivendo um momento em que o desenvolvimento do país se interiorizou. As regiões mais dinâmicas não estão restritas ao Rio de Janeiro e a São Paulo”, compara.

O programa deverá investir na infraestrutura de laboratórios, na formação e na fixação de mestres e doutores no território nacional de forma equitativa. Além da predominância de grupos de pesquisa em regiões específicas do país, a Andifes avalia que os trabalhos também se concentram em certas áreas do conhecimento. O objetivo do PAPG é acabar com essa discrepância.

“A pós-graduação hoje se concentra em áreas do conhecimento como as ciências biológicas e agrárias, mas outras áreas como as humanas tiveram um desenvolvimento mais tímido”, aponta. Segundo Barbiero, o projeto foi bem recebido pelos ministros da Educação, Fernando Haddad, e da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende. Será formada uma comissão para definir as linhas principais do programa e a ideia é que haja previsão no orçamento das pastas para 2010. Na primeira fase do PAPG, os recursos vão vir de programas que já são voltados para o investimento em pesquisa. Segundo Barbiero, ainda não foi estabelecido o montante que será necessário para fazer essa reestruturação. 

“O MEC e o MCT vão ser protagonistas, mas a gente busca uma ação interministerial articulada, incluindo os ministérios da Agricultura, da Indústria e Comércio, a Casa Civil e a própria Confederação Nacional da Indústria. Vamos fortalecer a pós-graduação como elemento estratégico do desenvolvimento nacional”, afirma.

Estudo recebe Menção Honrosa no Prêmio Capes 2008

A tese “Characterization of poly-hydroxybutyrate-hydroxyvalerate (PHB-HV)/corn starch blend films” (Caracterização de filmes de blenda de polihidroxibutirato-hidroxivalerato (PHB-HV) / amido de milho), defendida pela então doutoranda Kelen Cristina dos Reis, recebeu uma Menção Honrosa no Prêmio Capes de Tese 2008.

O estudo foi desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras (Ufla), sob a orientação da Profa. Joelma Pereira, do Departamento de Ciência dos Alimentos.

Divulgação

Misturando polímeros

Os filmes plásticos (obtidos a partir de polímeros), devido a características como transparência, resistência e baixo custo, são amplamente utilizados nas mais diversas aplicações, inclusive para embalagens de alimentos. No entanto, devido à sua dificuldade de degradação (mais de 100 anos) e à exaustão das reservas mundiais de petróleo, o uso de polímeros constitui um problema ambiental significativo.

Em contrapartida, as pesquisas na busca de materiais biodegradáveis sejam eles embalagens, materiais de consumo ou outros, estão avançando em ritmo acelerado. Novas tecnologias com polímeros biodegradáveis adicionados a plásticos convencionais e outros materiais que diminuem o tempo de degradação dos mesmos já estão disponíveis no mercado.

Um exemplo disso é o polihidroxibutirato-co-valerato (PHB-HV), um polímero 100% biodegradável que pode ser produzido por bactérias a partir da cana-de-açúcar. No entanto, apesar da vantagem no critério ambiental, o PHB-HV não é largamente utilizado devido ao seu alto custo e também por ser menos flexível, com aplicações mais limitadas que os sintéticos.

Em sua pesquisa, Kelen fez misturas de PHB-HV com amido de milho (um polímero natural) e realizou várias análises do material obtido a partir dessas misturas.

Feitas as análises necessárias, a então doutoranda conseguiu obter propriedades desejáveis para uma possível aplicação desse material como embalagem, o que certamente fará com que o material continue sendo alvo de pesquisas na Ufla. 

“A grande vantagem dessa mistura com o amido de milho é que, além de ser biodegradável, o novo material possui um custo muito mais baixo do que os polímeros convencionais, produzidos a partir do petróleo”, comentam as pesquisadoras Kelen e Joelma.

Balanço supera expectativas dos organizadores

Antes mesmo de encerrar as atividades da 12ª edição da Expocafé, os organizadores comemoram os resultados alcançados pela feira. Foram mais de 40 mil visitas registradas em mais de 250 estandes montados em uma grande áreada Fazenda Experimental da Epamig, em Três Pontas, entre os dias 17 e 19 de junho. Ainda não foi divulgado o volume dos negócios realizados, mas estima-se um valor da ordem de R$ 250 milhões. Isso sem falar no aquecimento da economia local, que registrou um acentuado aumento no comércio e na rede hoteleira.

“São números que fazem do evento um sucesso absoluto em público, negócios e transferência de tecnologia e mecanização para facilitar a vida do produtor de café”, afirma o presidente da Expocafé, prof. Nilson Salvador. Segundo ele, nem mesmo a crise econômica que o mundo vive atualmente desestimulou produtores e empresas do setor de cafeicultura. “Mais uma vez contamos com o decisivo apoio dos nossos parceiros e conquistamos novas empresas que apostaram na credibilidade do evento e decidiram expor suas marcas e produtos”.

Em 2008, o volume de negócios girou em torno de R$ 212 milhões. A expectativa deste ano é de que este valor fique acima dos R$ 250 milhões, graças ao importante apoio do Sebrae/MG que duplicou seu espaço para receber os investidores. Foram contabilizadas 10 mil visitas a mais do que o registrado no ano passado, quando a feira recebeu 30 mil participantes.

Salvador explica que antes mesmo do início das atividades da feira, os números já indicavam sucesso garantido. “A grande quantidade de empresas e pessoas interessadas em participar da Expocafé foi tão grande que foi necessária a ampliação da área física da Feira em 20% se comparamos com a estrutura montada no ano passado. 192 empresas demonstraram para os produtores as mais modernas tecnologias em produtos e maquinários para facilitar a vida do cafeicultor, aumentar a produção, proporcionando ao mercado um café de mais qualidade”.

A Expocafé contou com dinâmica de máquinas destinadas à cafeicultura e semeadura, campo demonstrativo de defensivos e fertilizantes, exposição de equipamentos e maquinários em funcionamento, palestras, rodada de negócio aulas de culinária e dia de campo. Pesquisadores, representantes da indústria e cafeicultores de todo o país e do exterior marcaram presença na feira. “Tivemos a presença de um grupo de pesquisadores e empresários americanos que vieram conferir toda a estrutura da feira e as novidades do setor. Registramos, também, a visita de diversos produtores da Colômbia”, comenta Salvador.

O substancial crescimento da Expocafé tem demonstrado sua importância no cenário da cafeicultura e até de outros segmentos da agropecuária. A feira oferece, também, diversas oportunidades para o homem do campo aprimorar sua produção, seja ela de café ou de outras culturas. “Oferecemos aqui a mais moderna tecnologia em maquinários agrícolas para contribuir com o crescimento do agronegócio. A Expocafé é, sem dúvida, uma excelente oportunidade de busca de tecnologia, conhecimento e integração de classes”, finaliza o prof. Nilson Salvador.

Leia também:

Grupo G-óleo promove seminário sobre gestão de resíduos

A destinação do lixo produzido pela população está se tornando um dos problemas mais graves da atualidade. Muitos pesquisadores têm se dedicado a buscar alternativas para resolver essa situação. O grupo de estudos em Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel (G-Óleo) da Universidade Federal de Lavras (Ufla) desenvolve um amplo trabalho para desenvolver tecnologias de gestão integrada de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos gastronômicos na cidade de Lavras. Essas medidas serão apresentadas durante seminário sobre a Gestão de Resíduos em Restaurantes, na próxima terça-feira, das 09h às 12h, no anfiteatro do Laboratório de Sementes, no campus universitário. A entrada é gratuita.

Os pesquisadores explicam que o aproveitamento integrado de resíduos gerados pela indústria alimentícia e estabelecimentos gastronômicos (restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, supermercados e outros) pode evitar o encaminhamento destes materiais aos aterros sanitários, permitindo o estabelecimento de novas alternativas empresariais e minimizando o impacto ambiental. O descarte dos diferentes tipos de óleo, por exemplo, que são lançados diretamente na rede coletora de esgoto, chegam a encarecer o tratamento de efluentes em até 45%. A presença de óleos nos esgotos pode entupir encanamentos, além de provocar graves problemas de higiene e mau cheiro.

“A reciclagem é uma forma muito atrativa de gerenciamento destes resíduos, pois transforma o lixo em insumos, com diversas vantagens ambientais. Pode contribuir para a economia dos recursos naturais, assim como para o bem estar da comunidade.”, afirmam os coordenadores do grupo G-óleo, professores Pedro Neto a Antônio Fraga. Segundo eles, a maior parte das cidades brasileiras destina de maneira precária seus resíduos sólidos. “Em Minas Gerais, a realidade não é diferente, pois a maioria dos municípios dispõe o lixo em área imprópria, provocando degradação social e ambiental, poluindo a águas, o solo e o ar, além de propiciar a multiplicação de roedores, insetos e outros animais transmissores de doenças e causar sérios danos à saúde humana”, ressaltam.

Estima-se que cerca de 70% da população jogam o óleo usado na pia da cozinha, enquanto aproximadamente 20% colocam junto ao lixo doméstico na forma de resíduos sólidos. Depois de retirados os resíduos sólidos, os óleos residuais podem ser utilizados para fabricação de sabão, rações, detergente biodegradável, massas para vidros, cola, tintas industriais e biodiesel, e a sua reciclagem como biocombustível alternativo além de retirar do meio ambiente um poluente, permitirá a geração de uma fonte alternativa de energia, atendendo a duas necessidades básicas de uma só vez, auxiliando na diminuição da importação do petróleo para suprir a demanda por diesel.

Registro de patentes das universidades quadruplicou

As grandes universidades ultrapassaram uma dezena de tradicionais empresas inovadoras e hoje são responsáveis pela maioria dos pedidos de patentes para novos produtos no Brasil. Entre 2001 e 2008, as maiores universidades protocolaram 1.359 solicitações junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), superando os 933 pedidos das dez empresas que mais inovam. O resultado contraria a percepção de que a academia não transforma conhecimento em produto.

Na década de 90, as empresas superavam as universidades por larga vantagem quando o assunto era inovação. Entre 1992 e 2000, as empresas brasileiras depositaram 1.029 patentes, contra 353 das universidades. Os dados fazem parte de um estudo da Prospectiva Consultoria ,que catalogou os pedidos de um grupo de dez empresas e dez universidades que mais inovam. O levantamento incluiu apenas as empresas de capital nacional.

Segundo Ricardo Sennes, diretor-executivo da Prospectiva, alguns fatores explicam a guinada das universidades em relação às empresas na inovação: o governo aumentou o volume de recursos destinado as universidades; um novo arcabouço jurídico permitiu que o pesquisador recebesse parte dos royalties pelo invento; e as universidades estão mais conscientes da importância das patentes e criaram núcleos especializados em auxiliar os pesquisadores no processo de solicitação.

"O conhecimento que se cria na academia não é facilmente transferido para a sociedade. Estamos tentando promover uma mudança cultural na universidade", disse José Aranha Varela, diretor da agência de inovação tecnológica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que foi criada em março de 2009, substituindo um núcleo da universidade sobre o assunto, fundado em 2007.

Varela contou que a Unesp possui hoje 88 pedidos em análise no Inpi – o que significa um aumento de um terço em relação aos 50 pedidos que existiam em 2007, quando o núcleo começou suas atividades. Ele disse que a universidade incrementou o trabalho nessa área incentivada pela lei de inovação e passou a oferecer aos pesquisadores 30% do que é arrecadado com as patentes.

Nas universidades, a maioria das patentes está na área de saúde: medicina, química, bioquímica, farmácia, ciências agrárias e outras áreas correlatas. E também há uma forte concentração no eixo Rio-São Paulo. "A área que mais cresce é farmácia, porque essas empresas realmente precisam das patentes para fazer valer seus investimentos. Também por isso procuram mais as universidades e querem os pesquisadores como parceiros", disse Maria Aparecida de Souza, diretora técnica de propriedade intelectual do Inovação da Universidade de São Paulo (USP).

Na USP, existe um grupo para cuidar do requerimento de patentes desde 1986, mas que só ganhou o status de agência em 2005, o que trouxe mais verba e estrutura. Para incentivar os pesquisadores, a maior universidade do Brasil oferece 50% de participação nos royalties. Os pedidos de patentes deram um salto na USP: 34 em 2006, 82 em 2007 e 76 no ano passado. De janeiro a maio de 2009, já foram registrados mais 15 pedidos.

Para Maria Aparecida, um importante fator de estímulo para o professor patentear sua pesquisa ocorreu quando as agências de fomento, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), passaram a considerar o número de patentes na hora de aprovar financiamentos. Antes, valiam pontos apenas a publicação de textos acadêmicos em revistas especializadas.

Os especialistas elogiam o atual arcabouço de leis no país para estimular a inovação, mas dizem que ainda há bastante a ser feito, principalmente para aproximar empresas e pesquisadores. Varela, da Unesp, critica o fato de as universidades públicas serem obrigadas a promover licitações para fechar contrato com uma empresa depois de patenteado o produto, mesmo que uma empresa específica esteja financiando a pesquisa desde o início. "No Brasil, os doutores estão dentro das universidades e não nas empresas", disse Maria Aparecida, da USP.

Os dados da Prospectiva apontam ainda que os pedidos de patentes das empresas são mais sensíveis às variações econômicas do que nas universidades, que se financiam com recursos públicos. Em média, as solicitações de patentes pelas empresas se mantêm estáveis ao longo tempo, mas há um pico em 1996 e em 2006, com quedas significativas entre 1998 e 2002, período que coincide com um fraco desempenho da economia brasileira, que desmotivou as empresas a investir em pesquisa.

No balanço geral de 1992 a 2008, as empresas ainda superam as universidades com 1.962 patentes depositadas no Inpi, contra 1.712. Na avaliação dos especialistas, o problema é que as empresas não deslancharam suas pesquisas, apesar dos benefícios tributários previstos na Lei de Inovação e na Lei do Bem. O desencanto com o processo de concessão de patentes pode ser um fator de desestímulo para as empresas. A pesquisa da Prospectiva apontou que o tempo médio de concessão de patentes é de 5,8 anos. Alguns pedidos chegaram a demorar 11 anos. 

De acordo com Sennes, dois pontos chamam a atenção no ranking das empresas mais inovadoras: a amplitude de setores e a presença de multinacionais brasileiras. "Isso demonstra que presença global e investimento em pesquisa e tecnologia caminham juntos", disse. Entre as companhias, a principal área de inovação é a manufatura, com destaque para petróleo, metalurgia, máquinas e equipamentos.

A Petrobras aparece muito à frente como a empresa mais inovadora do país, com 1.113 pedidos de patentes no Inpi ao longo do tempo. A estatal também possui 194 patentes concedidas e 83 em análise nos Estados Unidos. Fazem parte do ranking de patentes empresas ligadas à venda de commodities, como Vale, Usiminas e CSN, mas também estão presentes a Grendene (calçados) e a Natura (cosméticos). Nos últimos dois casos, o medo da pirataria, principalmente procedente da Ásia, pode ser um fator decisivo para investir em patentes.

O estudo da Prospectiva aponta uma queda abrupta do registro de patentes do país em 2007 e 2008, mas os autores ressaltam que esses dados ainda são preliminares para serem considerados uma tendência, porque, segundo eles, as estatísticas do Inpi são divulgadas com atraso.

Raquel Landim – Valor Econômico, 12/6

Universidade Federal de Lavras