Preços agrícolas têm maior queda desde junho

O ritmo de queda dos preços agrícolas voltou a se intensificar no mês de agosto, quando o Índice de Preços Recebidos (IPR) pela venda dos produtos agropecuários apontou uma variação negativa de 8,22%. Em junho, o IPR ficou em -6,41% e em julho, -5,31%. São levantados mensalmente os preços de 42 produtos pelo Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/Ufla).

Essa queda nos preços agrícolas já está pressionando, para baixo, as taxas de inflação medidas pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), também calculado pelo DAE/Ufla. Em agosto, os preços médios para os consumidores registraram variações negativas, ou seja, constatou-se deflação de 0,4%.

Os preços de produtos de origem animal, como o leite fluído tipo C, caiu, para o pecuarista, 10,9% e o do leite tipo B teve queda de 5,55%. Entre os grãos, o preço do feijão teve um recuo de 13,25% e o do café, de 8,61%. No grupo dos hortifrutigranjeiros, os produtores rurais receberam menos pela batata (-27,27%), pelo repolho (-31,5%), pelo tomate (-28,76%), pela couve-flor (-50,0%) e pela cebola (-21,77%).

Já para os preços pagos pelos insumos agrícolas, medidos pelo Índice de Preços Pagos (IPP), a variação em agosto foi também negativa, mas em um patamar menor: -2,78%.

Nos últimos doze meses (setembro de 2004 a agosto de 2005), o Índice de Preços Recebidos (IPR) pelos produtos agrícolas acumulou uma alta de 8,84%, enquanto o Índice de Preços Pagos (IPP) pelos insumos agropecuários aumentou 13,64%. Esses índices estimam, respectivamente, a variação da renda agrícola e o comportamento dos custos de produção do setor.

Esses indicadores revelam que, no acumulado dos últimos doze meses, os custos para produzir no setor agrícola superaram, em média, os preços pagos aos produtores rurais pela venda de seus principais produtos.

Ufla recebe pesquisador Argentino

A Universidade Federal de Lavras (Ufla), através do curso de Mestrado em Engenharia Agricola, área de concentração em Máquinas e Automação recebeu o pesquisador Dr. Hector Jorge Rabal, do Centro de Investigaciones Opticas de La Plata Argentina.

De acordo com o prof. Roberto Alves Braga Junior, coordenador do Acordo de Cooperação entre a Ufla e o Centro de Investigaciones Ópticas, o Dr. Hector participou da disciplina de pós-graduação, Tópicos Especiais III – Estudo de Caso em Automação e também de planejamento, e experimentos em laser em material biológico, apoiando orientações de mestrado e iniciação científica e ainda ministrou o 14º Colóquio de Instrumentação, com o tema: “O que é o speckle laser”.

Preços ao consumidor têm a maior queda no ano

A taxa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e calculada pelo Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/Ufla) registrou variação negativa em agosto, ou seja, constatou-se deflação de 0,4%. Neste ano, é a maior queda na média dos preços pesquisados para o consumidor, que também já havia registrado deflação em junho de 0,09%. No mês de julho, a taxa de inflação foi de 0,37%. Em 2005, a inflação medida pelo IPC da Ufla está acumulada em 2,54%.

Deflação é a queda do nível geral de preços, ou seja, o inverso da inflação, não implicando que todos os preços dos produtos e serviços que compõem o índice tenham caído. Na deflação, o que cai é a média dos preços pesquisados, conforme sua ponderação (cada preço tem um peso no IPC) e está associada a diversas causas, como a queda no poder aquisitivo, do consumo e, na atual conjuntura econômica, o aumento da concorrência devido à valorização do real frente ao dólar, tornando os produtos e insumos importados mais baratos.

Pelo segundo mês consecutivo, os alimentos ficaram, em média, mais baratos. Em julho, essa queda foi de 0,22% e em agosto, de 1,47%. No ano, os preços dos alimentos para o consumidor já acumulam uma queda de 3,64%.

No mês de agosto, os produtos in natura ficaram mais baratos 2,23%, os semi-elaborados caíram 0,18% e os alimentos industrializados tiveram uma queda de 2,32%. Outros dois grupos que compõem o IPC da Ufla reforçaram essa queda média de preços no mês: os itens de material de limpeza caíram 1,97% e o setor de vestuário registrou queda de 0,75%.

As demais variações de preços verificadas no mês de agosto foram: bebidas, alta de 0,05%; higiene pessoal, 0,89%; bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, móveis e informática), 2,0%; educação e saúde, 0,02%; despesas de transporte, 0,24% e gastos com lazer, aumento de 0,05%. As despesas com os serviços gerais (água, luz, telefone e gás de cozinha) e moradia não se alteraram, em média, nesse mês.

A cesta básica de alimentos para uma família de quatro pessoas já acumula uma variação negativa de 6,67% no ano. Em janeiro, seu valor era de R$257,78 e, agora em agosto, ficou em R$240,57. No mês, esta queda foi de 1,4%, pois custava R$243,99 em julho.

Produtor rural recebe extensão da Ufla

O Grupo e Apoio à Pecuária Leiteira (Uflaleite), criado em novembro de 2000, por estudantes de graduação e professores do Departamento de Medicina Veterinária (DMV) da Universidade Federal de Lavras (Ufla), tem como objetivo orientar pequenos produtores de leite, nos diversos pontos do sistema de produção, e conjuntamente treinar os alunos participantes grupo.

O critério para ingresso dos produtores rurais no projeto é estar produzindo menos de 200 litros de leite diários, na data de ingresso no projeto, e que tenham a atividade leiteira como principal fonte de renda. O intuito é colaborar na profissionalização do pequeno produtor de leite e complementar a formação acadêmica dos estudantes.

Segundo o prof. João Chrysostomo Resende Júnior, coordenador do projeto “há uma boa receptividade por parte dos produtores atendidos. Existe produtor que está no programa desde a fundação do grupo, com melhoria consideravel de produção, hoje, com mais de 400 litros diário”.

Com base nos problemas enfrentados pelo produtor de leite, principalmente o pequeno (que é o público alvo do projeto), o grupo, por meio de conhecimento e experiências adquiridas dentro da universidade somadas à realidade encontrada na convivência direta com os produtores, vêm buscando novas alternativas para aumentar a produção e, sobretudo, a lucratividade desses produtores.

Por outro lado o grupo recebe dos produtores experiências práticas e aprende a conviver na “verdadeira” realidade dos diversos sistemas de produção e encarar de maneira mais prática e aplicável o que se vê no âmbito acadêmico.

Estrutura

Atualmente o grupo é composto por dez integrantes, estudantes da Ufla, mas no semestre corrente pretende-se aumentar o número de integrantes para doze. É analisado o interesse do integrante, tanto nas reuniões quanto nas práticas de campo desenvolvidas e demais atividades do grupo, com o objetivo de direcioná-lo para as diversas funções do grupo. Todos os compromissos assumidos pelos integrantes devem ser cumpridos, em tempo hábil, e estes ficarão na inteira responsabilidade de quem os assumiu.

As reuniões são realizadas as terças-feira às 18h00, no DMV. Todo interessado em ingressar no grupo, deve se submeter a um processo de seleção, o qual avaliará o conhecimento, o potencial do indivíduo e sua disponibilidade de tempo para as atividades do grupo. O intuito da seleção será sempre atender o limite máximo de integrantes do gupo.

Atividades atuais

O grupo presta assistência gratuita a produtores da região de Lavras e Perdões. Dispõe com um espaço semanal no jornal Tribuna de Lavras, editando a “Coluna do Produtor”, que consiste de artigos, redigidos por estudantes, assessorados por professores, com temas relevantes relacionados à cadeia de produção de leite.

Com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) o grupo possui uma bolsa de extensão desde que esta foi instituída (novembro de 2000). Semanalmente realizam-se discussões das situações das propriedades assistidas, seminários sobre temas relacionados, palestras proferidas por professores ou outros colaboradores e cursos relacionados ao assunto produção de leite.

“Melhorou consideravelmente não só a produção, como a higiene do leite dessas propriedades que visitamos. Temos controle disso, pois temos o histórico de dados de todos os animais desde momento em começamos a visitar a fazenda até os dias de hoje”, finaliza o prof. João Chrysostomo Resende Júnior.

Equipe

A equipe do Uflaleite é formada por: prof. João Chrysostomo Resende Júnior, coordenador; os estudantes: Gustavo Cunha Almeida Silva, João Luiz Pratti Daniel, Marcus da Silva Freitas, Naina Magalhães Lopes, Renan Baratto de André, Rodrigo Alves Barros, Ronaldo Francisco de Lima, Rooveth Luis Melo de Souza e Sancho Siécola Júnior.

Mais informações:
E-mail: joaocrj@ufla.br – ronaldofranciscolima@yahoo.com.br

Capes vai premiar as melhores teses de doutorado

A criação de um prêmio para as melhores teses de doutorado foi um dos assuntos discutidos na 87ª Reunião do Conselho Técnico Científico da Capes, na manhã de hoje, 22. A proposta, encaminhada pelo representante da área de ciências agrárias I, José Oswaldo Siqueira, professor da Universidade Federal de Lavras(Ufla)foi aceita pelo CTC e deverá ser regulamentada em breve.

Segundo o prof. José Oswaldo, as idéias básicas de sua proposta são buscar uma ampliação do ambiente acadêmico nos programas de pós-graduação, proporcionando um mecanismo oficial de reconhecimento, e contribuir para aumentar a visibilidade das ações positivas e indutoras da Capes na pós-graduação brasileira.

De acordo com o diretor de Avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro, a proposta de premiação causou muito interesse e a agência pretende instituir, não apenas um prêmio, mas vários, de forma a contemplar as diversas áreas do conhecimento.

Aula inaugural

Aula inaugural, hoje (22/08) às 19 horas, do Curso de Acionamentos de Motores Elétricos, do Programa de Qualificação Profissional – Semear, no Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

A Pró-Reitoria de Extensão (Proex) recebeu 98 inscrições e a prova de seleção foi realizada no dia 15 de agosto, quando foram selecionados 25 alunos.

O curso acontecerá de agosto a novembro e as aulas serão ministradas pelo acadêmico Leonardo Alencar de Carvalho Nascimento sob a coordenação do prof. Roberto Alves Braga Júnior.

Medicina Veterinária da Ufla disponibiliza o primeiro sistema de hipermídia

Após seis meses de intenso trabalho, e fruto de um projeto de iniciação científica, o Atlas Radiográfico Digital (ARD) é hoje uma realidade no ensino de radiologia veterinária de pequenos animais na Universidade Federal de Lavras, beneficiando a todos os estudantes de graduação do Departamento de Medicina Veterinária (DMV/Ufla) e docentes ligados às áreas de clínica e cirurgia de cães e gatos. Trata-se da primeira iniciativa deste tipo no país, caracterizando o esforço da Ufla na melhoria do ensino público e difusão de novas tecnologias de aprendizado.

O projeto do ARD foi coordenado pelo prof. Carlos Artur Lopes Leite, responsável pelo Serviço de Diagnóstico por Imagem do DMV/Ufla. O desenvolvimento do programa ficou a cargo do analista de sistemas Daniel Cardoso Gomes, formado no primeiro semestre deste ano pelo DCC/Ufla. A equipe de apoio contou com a participação dos médicos veterinários residentes, Marcus Antônio Rossi Feliciano e Tatiana Silveira, e da aluna de graduação em medicina veterinária, Jaqueline Rodrigues Bahia.

A proposta do ARD é buscar a interação entre o aprendizado e o aprendiz, seguindo o conceito primordial de “controle total”, ou seja, quem estipula a velocidade e o grau de aprendizado é o próprio aluno. Esta interatividade tem demonstrado ser mais proveitosa em todas as áreas do conhecimento, estimulando o aluno a buscar cada vez mais informações, de uma forma mais rápida e assimilando maior número de elementos.

Assim, com base em uma plataforma amigável Macromedia Flash MX®, e usando editor de imagem Adobe Photoshop CS 8.0®, foi criado o ARD. As radiografias de cães e gatos foram selecionadas, trabalhadas digitalmente e encaixadas em sistemas orgânicos. O usuário escolhe dentre os oito sistemas existentes, qual será estudado. Ao entrar no sistema orgânico escolhido, há opções de radiografias, dispostas em thumbs e ordenadas em abas. Selecionando uma radiografia, ela é aberta em tela maior e legendas e setas apontam e explicam as alterações, de uma maneira simples e rápida. O usuário pode, então, navegar por mais de 250 radiografias, estudando detalhadamente todos os detalhes apresentados.

O ARD já se encontra em funcionamento no Serviço de Diagnóstico por Imagem do DMV/Ufla, contando com dois computadores para consulta individual. Segundo o prof. Carlos Artur, o ARD será uma estratégia muito eficiente no processo de ensino-aprendizado, não só estimulando e desafiando o aluno de graduação, mas também como banco de dados para estudos por parte de alunos de pós-graduação e docentes da área.

Com a implantação definitiva do sistema, e buscando-se auxílio na iniciativa privada, os responsáveis pelo ARD esperam atualizar o software semestralmente, oferecendo maior número de opções ao usuário. Para aqueles que necessitarem, o ARD já se encontra em funcionamento no Serviço de Diagnóstico por Imagem, podendo ser consultado gratuitamente nos horários pré-estabelecidos de funcionamento.

Outras informações podem ser obtidas com a secretaria do Hospital Veterinário (35) 3829-1245, secretárias Mayza ou Érica).

Resíduos de couro são resproveitados na indústria têxtil

Na indústria do curtimento de couro (curtume), o método mais utilizado para garantir maior resistência, durabilidade, elasticidade e as chamadas propriedades de estabilidade térmica e hidrotérmica da pele do animal é a aplicação do cromo 3. Esse metal permite a formação de uma superfície dura, de bom aspecto e resistente à corrosão. Além desse uso, o cromo 3 e seus compostos são utilizados na produção
de aços inoxidáveis e de outras ligas, como as usadas para fabricar resistências elétricas, no revestimento de peças decorativas, na fixação de cores na indústria têxtil e para endurecer o aço. Por causa da cor azulada que o cromo
3 impregna, o couro resultante desse processo recebe o nome de wet blue.

Como em muitos tratamentos químicos adotados em processos industriais, surgem alguns problemas no momento em que é preciso eliminar os resíduos. Estima-se que, na indústria de curtume, eles representem entre 10 e
30% da produção. A forma mais comum de eliminá-los é a construção de aterros. Porém, se colocado em contato com o solo, o cromo 3 presente nos resíduos sofre um processo de oxidação e se transforma em cromo 6. Essa outra forma é mais tóxica e altamente prejudicial à saúde. Entre os efeitos do cromo 6, ou hexavalente, no ser humano, estão o risco de corrosão dos tecidos, produção de dermatites em caso de contacto prolongado e, se houver inalação, órgãos como o fígado e os rins, além de todo o sistema digestivo, podem ser prejudicados. A legislação ambiental em vigor exige que os aterros sejam impermeáveis para que não contaminem o solo ou lençóis de água subterrâneos.

A dificuldade está no fato de que, para aterrar uma tonelada de resíduos, são gastos, em média, cerca de R$ 3 mil. Isso leva muitos produtores, principalmente os pequenos e médios, com menos recursos, a negligenciarem essas providências.

Atualmente, uma das alternativas estudadas para eliminar esses resíduos sólidos contaminados pelo cromo é a incineração. Esse método, assim como no caso dos aterros, acarreta impactos ambientais. Porém, dessa vez, é a atmosfera que sofre a contaminação. Cinzas provenientes da combustão do wet blue lançam o cromo 6 no ar. Para evitar prejuízos para o meio ambiente, seria necessária a retirada do cromo das cinzas por meio de filtros, o que, por outro lado, impediria o reaproveitamento do produto químico em outras reações. Portanto, a incineração não se mostra a alternativa mais viável, uma vez que o cromo é um metal relativamente raro na superfície terrestre (cerca de 0,03%) e, por isso, um produto caro para os proprietários de curtumes.

A Equipe do Laboratório de Química Ambiental da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Luiz Carlos Alves de Oliveira, químico e professor, já pesquisava formas de retirar metais de resíduos sólidos desde seu mestrado. Apresentado ao problema do wet blue por um aluno do Rio Grande do Sul, em 2003, Oliveira decidiu concentrar suas atenções na pesquisa de soluções ambientais para esse resíduo. No mesmo ano, encontrou um método novo para separar o cromo do couro. Para isso, é utilizado um composto químico, que catalisa a reação. A composição dessa substância ainda não pode ser divulgada porque o processo encontra-se no período de sigilo para depósito de patente. É fato, porém, que, com seus estudos, Oliveira não apenas criou uma alternativa inteligente para um problema ambiental, como também trouxe inovação, a última etapa no processo de produção do conhecimento científico.

O método desenvolvido por Oliveira permite a retirada do cromo dos resíduos de couro e também evita o desperdício do metal ao possibilitar que ele seja reaproveitado em novas reações. Outra possibilidade detectada pela equipe do pesquisador é a produção de carvão ativado a partir do wet blue. Dessa forma, um resíduo antes inútil para a indústria de curtimento passa a ser uma saída para reduzir os gastos com a aquisição do carvão ativado.

Retira-se o cromo do resíduo de couro, por meio do agente catalisador descoberto pelo professor Luiz. Dessa reação, são formados dois produtos:
o cromo 3, pronto para ser utilizado novamente no tratamento do couro,
e o material livre de cromo, chamado mais freqüentemente de colágeno.

Para produzir o carvão ativado, o wet blue é acrescido, por exemplo, de zinco. Em seguida, por meio de um processo chamado pirólise, é queimado. Porém, diferentemente da incineração, essa reação acontece na ausência de oxigênio, usando o nitrogênio como gás de arraste. É realizado, também, um controle de temperatura, de forma que o produto dessa reação não são as cinzas com cromo 6, mas o carvão ativado.
A vantagem é que ele já está impregnado de cromo, o que é interessante para a indústria têxtil, por exemplo.

Café defeituoso e o carvão ativado granulado resultante da tecnologia empregada
Oliveira esclarece que a diferença entre o carvão de churrasqueira – mais conhecido – e o carvão ativado é que o carvão de churrasqueira é compacto, não tem poros. ‘Ativar o carvão significa criar poros, o que por sua vez aumenta a área de superfície’, conta. Para compreender melhor a diferença, ele faz uma analogia entre um tijolo vazado e um tijolo compacto, desses usados para revestimento. O vazado possui maior área superficial que o compacto. ‘Um grama de carvão ativado possui superfície maior que a de um estádio de futebol’, ilustra. O carvão ativado é um produto químico caro, usado por indústrias de todo o mundo. Uma de suas principais aplicações é a adsorção, ou seja, a retirada de resíduos, por exemplo, de tinta da água lançada em rios pela indústria têxtil.
O carvão produzido nos laboratórios da Ufla já foi testado para esse fim e mostrou resultados animadores.

Patente

Resíduo do couro deixa de ser problema para ser solução: carvão ativado tem alto valor agregado
Oliveira reconhece que, quando descobriu o catalisador capaz de purificar o wet blue, ficou inseguro quanto à originalidade de seu estudo. A solução de um problema tão antigo e de dimensões mundiais parecia tão simples que foi difícil para ele acreditar ser, de fato, o primeiro a pensar naquilo. Depois de pesquisar na literatura específica da área, decidiu iniciar o processo de pedido de patente e, para isso, procurou o Escritório de Gestão Tecnológica da FAPEMIG, responsável por orientar pesquisadores de todas as áreas do conhecimento sobre a proteção da propriedade intelectual. Ele registrou a tecnologia de retirada de cromo do resíduo de couro como inventor independente e a transferiu para a Vert Eco Tecnologias, empresa de base tecnológica do Instituto de Inovação, incubadora localizada em Belo Horizonte (MG).

A vantagem desse tipo de patente é que o pesquisador recebe 50% dos royalties obtidos com a comercialização do produto final. Já a tecnologia de transformação do couro limpo em carvão ativado é uma patente conjunta entre a FAPEMIG e Ufla. Ela ainda não entrou em fase de testes e pesquisas de mercado, mas, nesse caso, cada uma das partes recebe 33% dos royalties. Oliveira afirma que, em ambas as situações, ele se considera o maior beneficiado. ‘Com uma patente registrada, fica muito mais fácil aprovar projetos em órgãos de fomento como o CNPq e a própria FAPEMIG. Essas patentes, de fato, já resultaram em retorno para minhas pesquisas, como a obtenção de bolsas para alunos financiadas pelo Instituto de Inovação’, explica.

No momento, a Vert Eco Tecnologias elabora, junto com os pesquisadores, uma estratégia para levar a tecnologia de purificação do wet blue aos curtumes da forma mais eficiente. Para garantir que o segredo da descoberta seja mantido, não é possível fornecer ao produtor de couro um kit com o catalisador e instruções de uso. Assim, até o momento, o mais adequado parece ser montar uma unidade central com o papel de tratar os resíduos vindos de curtumes de todo o Estado. No momento, o tratamento para o wet blue já foi testado em escala piloto e a obtenção de financiamento para realizar esse tratamento em escala industrial é o mais recente desafio de Oliveira e sua equipe.

Outras aplicações

Professor Luiz Carlos Alves de Oliveira, coordenador da pesquisa
‘O colágeno (couro livre de cromo) ou o couro ainda virgem de qualquer beneficiamento químico é pura proteína e fonte de aminoácidos e nitrogênio’, explica Oliveira. Por isso, em geral, a proteína do couro pode ser usada para produzir material fotográfico, adubo, ração animal, gelatina para a indústria alimentícia e produtos da indústria de cosméticos. Mas, segundo o professor, ‘a maioria dos empresários não investe em peso nessas outras aplicações, pois o couro propriamente dito continua possuindo um valor muito superior no mercado se usado em calçados, bolsas, roupas e acessórios’.

Mesmo assim, em busca de um produto agregado de valor científico, que possa representar uma efetiva inovação no mercado, os departamentos de Química e Veterinária da Ufla se uniram em um projeto para o desenvolvimento de uma ração animal a partir do colágeno.
‘A legislação vigente proíbe a fabricação
de rações a partir de fontes animais, com exceção do couro e do leite’, explica o professor Mário César Guerreiro, que integra a equipe do professor Oliveira. Ele acredita que é exatamente essa ressalva que representa uma abertura para inserir no mercado a ração a partir do colágeno de couro bovino.

Ainda inserido no contexto da inovação tecnológica, com vistas a reaproveitar resíduos transformando-os em materiais com alto valor agregado, Oliveira e seu grupo de pesquisa trabalham no tratamento de resíduos do café. Uma das aplicações possíveis envolve o aproveitamento de grãos defeituosos. ‘O Brasil produz, anualmente, 30 milhões de sacas de café, das quais dois milhões possuem os chamados defeitos PVA, sigla para designar os defeitos mais comuns (preto, verde e ardido)’, conta Oliveira. Os grãos pretos são aqueles que tiveram o processo de formação interrompido, os verdes, que não atingiram o ponto de maturação e os ardidos, grãos bons que sofreram fermentação. Nenhum dos três tipos pode ser colocado junto dos grãos sadios, pois comprometeria a qualidade do produto final, a chamada ‘pureza’ do café, pré-requisito para a exportação. Além disso, é grande a quantidade de cascas de café produzida. Esse resíduo pode ser reaproveitado em pequenas medidas, mas ainda de forma problemática. Se usadas como adubo, as cascas tornam o solo ácido. Já para a alimentação (produção de ração animal), os taninos presentes agem como fatores antinutricionais, impedindo a digestão de certos nutrientes quando se ligam a eles.

Utilizando o mesmo método desenvolvido para a transformação de wet blue, os professores Luiz de Oliveira e Mário Guerreiro desenvolveram, juntos, dois outros tipos de carvão ativado. Um à base das cascas do café e outro a partir de grãos defeituosos (carvão granulado). Esse é mais um pedido de patente conjunto entre FAPEMIG e Ufla. Além disso, o vapor gerado por meio do aquecimento controlado desses resíduos antes não-aproveitáveis permite recolher substâncias como a cafeína e o óleo essencial do café, o que garante o aroma tão apreciado pelas pessoas e tão cobiçado pela indústria alimentícia. Para a economia, essa inovação poderia representar, também, uma alternativa para a regulação do mercado. Em caso de supersafra, situação em que o valor do grão no mercado fica baixo, é possível retirar o chamado bom café do mercado e usá-lo para essas outras finalidades, o que já acontece, de forma semelhante, com o açúcar e o álcool.

UFLA é contemplada no Programa PRONEX-MG

A Universidade Federal de Lavras (Ufla) foi contemplada, este mês, com o financiamento de cinco projetos de pesquisa junto à Fapemig, no Programa de Apoio a Núcleos de Excelência – PRONEX-MG. As propostas contempladas com recursos foram apresentadas pelos professores Moacir Pasqual e Wilson Roberto Maluf, do Departamento de Agricultura; José Roberto Soares Scolforo, do Departamento de Ciências Florestais; Antônia dos Reis Figueira e Vicente Paulo Campos do Departamento de Fitopatologia.

O Edital Pronex teve como objetivo dar suporte financeiro aos projetos de grupos consolidados de pesquisas científica, tecnológica e de desenvolvimento, com excelência reconhecida, no Estado de Minas Gerais.

Reitor da Ufla é eleito novo presidente da ADIPES

O Reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), prof. Antônio Nazareno Mendes foi eleito e empossado hoje (02/08), em Belo Horizonte, Presidente da Associação de Dirigentes dasInstituições Públicas de Educação Superior de Minas Gerais (ADIPES).

Quatorze Instituições Públicas de Educação Superior integram a ADIPES: Universidades Federais de Alfenas (UNIFAL), de Itajubá UNIFEI), de Juiz de Fora (UFJF), de Lavras (UFLA), de Minas Gerais (UFMG), de Ouro Preto(UFOP), de São João Del Rei (UFSJ), doTriângulo Mineiro (UFTM), de Uberlândia(UFU) e de Viçosa (UFV), Universidades Estaduais de Minas Gerais (UEMG) e de Montes Claros (UNIMONTES), Centro Federal Tecnológico de Minas Gerais (CEFET), Faculdades Federais Integradas de Diamantina (FAFEID).

Juntas, somam 45 campi em Minas Gerais, com 9.000 professores e 16.500 técnicos. São 400 cursos de graduação, 160 mestrados e 100 doutorados, com aproximadamente 140.000 estudantes.

O mandato do prof. Antônio Nazareno Mendes na presidência da ADIPES será de um ano e seu vice-presidente é o prof. Carlos Sediyama, reitor da UFV.

Universidade Federal de Lavras