Açúcar é utilizado como alternativa para a desintoxicação de cafeeiros

Avaliação de trocas gasosas no experimento
Avaliação de trocas gasosas no experimento

As plantas daninhas competem com o cafeeiro por luz, água e nutrientes, e o manejo ineficiente dessas pode afetar negativamente o crescimento vegetativo e a qualidade dos frutos da lavoura. Uma das alternativas para solucionar esse problema é o controle químico das plantas daninhas por meio do uso do “glyphosate”, que é um herbicida sistêmico não seletivo, desenvolvido para eliminar as plantas indesejáveis. Porém esse herbicida de ação pós emergente e não seletiva quando aplicado nas áreas cultivadas com cafeeiro, pode afetar negativamente esses cafeeiros por efeito da “deriva”, quando parte do herbicida pulverizado é desviado para fora da área alvo (mato) pela ação do vento.

Inicialmente por observação dos próprios cafeicultores e em seguida por pesquisas realizadas na Universidade Federal de Lavras tem sido constatada a possibilidade da aplicação de sacarose (açúcar) com objetivo de reverter os danos causados pela deriva do herbicida, porém necessitando ainda de investigações complementares.

O mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Fitotecnia da UFLA, Ademilson de Oliveira Alecrim, desenvolveu estudo para verificar o efeito do uso de sacarose na desintoxicação de plantas de cafeeiro sob efeito da deriva de glyphosate. O orientador da pesquisa e professor da UFLA, Rubens José Guimarães, explica que a utilização do glyphosate sem a observância dos princípios da tecnologia de aplicação pode provocar deriva causando injúrias ao cafeeiro. Ele afirma que, “há necessidade da pesquisa científica para esclarecer a forma correta da utilização da sacarose no cafeeiro por ser fundamental aos cafeicultores que poderão utilizar essa tecnologia tão simples quanto importante, no cultivo sustentável do café”. O professor ressalta também que o sucesso dessas novas descobertas é devido a ação de uma equipe multidisciplinar envolvendo também outras instituições como a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa Café.

RESULTADOS

Mudas do experimento alocadas na estufa da Agência de Inovação do Café
Mudas do experimento alocadas na estufa da Agência de Inovação do Café

Por meio de experimento conduzido na casa de vegetação da Agência de Inovação do Café (InovaCafé) da UFLA, a pesquisa constatou que a intoxicação por glyphosate em plantas de cafeeiro em fase de implantação na lavoura, prejudica o crescimento da parte aérea, porém sem prejuízos do sistema radicular, motivo pelo qual após um período de intoxicação o cafeeiro retoma seu crescimento normal. Essa intoxicação temporária também foi constatada na pesquisa pois “a intoxicação causada pela “deriva” alterou a anatomia de folhas novas que cresceram sob o efeito do herbicida, porém não alterou a anatomia de folhas velhas que já estavam totalmente desenvolvidas por ocasião da exposição ao glyphosate. Segundo dados da pesquisa, para que ocorra a desintoxicação das plantas que sofreram deriva de glyphosate durante o período de implantação na lavoura, a melhor dose de aplicação de sacarose foi na concentração de 5%, próximo a uma hora após a intoxicação, com um volume de calda na ordem de 400 litros por hectare”, explica Ademilson.

Vanessa Trevisan (ASCOM – InovaCafé) ​