Laser avalia nível de umidade em sementes

As universidades mineiras não tem deixado nada a dever às pesquisas com biotecnologia em empresas particulares. Os estudos estão avançados em alguns centros de estudos, com grande potencial de uso em atividades agropecuárias. Mas o maior desafio é transpor a biotecnologia acadêmica para a atividade rural. Segundo especialistas, isso atrasa ou mesmo inviabiliza o uso comercial de produtos e serviços que poderiam aumentar a produção brasileira. No país, os investimentos em biotecnologia em geral somam anualmente US$ 25 milhões. Em países também em desenvolvimento como a China, os recursos chegam a US$ 500 milhões.

Na Universidade Federal de Lavras (Ufla), o raio laser deixou de ser exclusividade dos laboratórios de física ou medicina. Professores de vários departamentos que vão de engenharia elétrica à veterinária, em conjunto com pesquisadores do Centro de Investigações Ópticas (CIOp), em La Plata, Argentina, descobriram que o feixe luminoso pode ser usado em várias atividades para melhorar a produção no campo. Uma das descobertas foi o controle do nível de umidade em sementes ou presença de fungos. O material biológico é iluminado pelo laser que, sem danificar a amostra ou contamina-la como acontece na manipulação. A análise é mais precisa e econômica, pois, nos métodos usados hoje, os pesquisadores precisam esperar que os fungos se desenvolvam e formem colônias visíveis olho nu.

“Serve com medidor de umidade, para saber se o lote de sementes pode ser meio de cultura para fungo, por exemplo”, diz o professor Roberto Alves Braga Junior, coordenador da patente do projeto na Ufla.

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (Fapemig) o estudo está em fase de transferência de tecnologia (venda para a iniciativa privada) e tem grande potencial de uso na agropecuária nacional. As vantagens da pesquisa são multiplicadas por sua versatilidade. Os pesquisadores já descobriram que a medição da atividade biológica pelo laser tem resultados comprovados na avaliação da qualidade do sêmen de animais, para saber quais são os melhores reprodutores. “Já trabalhamos com sêmen de eqüinos e ovinos e vamos transformar a tecnologia em mais comercial possível”, finaliza o prof. Roberto Braga.

O Estado de Minas – Suplemento Agropecuário
4 de abril de 2005
Reportagem de Rafael Alves

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *