Professora e escritora Tina Xavier realiza palestra na UFLA sobre violências contra as crianças

“A questão da violência perpassa por todas as pedagogias culturais”, reforçou a professora.
“A questão da violência perpassa por todas as pedagogias culturais”, reforçou a professora

Na sexta-feira (25/9) a professora Tina Xavier, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), esteve presente no Salão de Convenções da UFLA para falar sobre o tema “Pedagogias culturais e as violências contra crianças”. O evento fez parte do projeto “Borbulhando”, cujo objetivo é enfrentar as violências sexuais sofridas pelas crianças. A coordenação é das professoras Cláudia Ribeiro e Carolina Alvarenga, do Departamento de Educação da UFLA.

Ao longo de sua carreira, Tina Xavier realizou pesquisas como “Gênero e sexualidade em livros infantis: análises e produção de material educativo para/com crianças”, “Representações de violência dentro e fora da escola nas vozes de crianças” e “Produção de filme de animação com crianças: modos de subjetivação, constituição ética e estética em cena”.

A professora apresentou relatos de crianças sobre várias formas de violência por meio de desenhos e produções cinematográficas. Alguns dos casos foram de situações que tiveram repercução nacional pelos meios de comunicação, como o caso da chacina ocorrida no dia 7 de abril de 2011 e que matou 12 crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, Rio de Janeiro.

As produções cinematográficas foram o destaque da palestra de Tina Xavier, pois os alunos de uma escola do Mato Grosso do Sul participaram diretamente na elaboração dos cenários e histórias, além de adquirirem conhecimentos técnicos.

Durante a palestra, ela exibiu as seguintes produções feitas pelos alunos: “Queityléia em Perigos Reais”, “Direitos das Crianças: Uma aventura intergaláctica” e “João e Maria: dos Contos à Realidade”.

As crianças do 5° ano da escola em que as produções cinematográficas foram feitas relataram diversos tipos de violência, demonstrando que possuem conhecimentos e que acompanham o que é transmitido pela imprensa. “A questão da violência perpassa por todas as pedagogias culturais”, reforçou a professora.

Ao indagar sobre o motivo dos adultos não tocarem na questão da violência com as crianças, usando como desculpa o fato de elas serem “novinhas”, ela afirmou: “São novinhas porque nunca ninguém sentou para parar e perguntar”.

Durante a palestra, a professora explanou sobre o fato de a maioria dos casos citados terem tido repercussão na imprensa. “Criança é um ser social que se comunica, que interage com informação e ela está vendo, sentindo, percebendo e isto as afeta. E isto trás um significado importante para elas. Isto causa sofrimento, angústia, dúvida e medo”, disse Tina.

Foram relatados pelas crianças os seguintes tipos de violência: Abandono, negligência, bullying, física, psicológica, sequestro, sexual e trabalho infantil.

Além dos filmes, Tina Xavier produziu os livros: “Princesa Pantaneira em: Brincando no Mundo Mágico do Cinema”, “Do meu corpo eu cuido e protejo”, “Meninas e meninos têm direito” e “Viver sem violência é um direito”.

Conheça os direitos e denuncie

disque_100O Disque Direitos Humanos divulgou dados de violência contra crianças referentes ao 1° semestre dos anos de 2014 e 2015. Casos de negligência lideram o ranking com 76,35%, seguido por violência psicológica (47,76%), física (42,66%), sexual (21,90%) e outras violações (8,47%).

Dados sobre a violência sexual ocorridos em 2013 apontam que as meninas estão mais vulneráveis com 25.449 casos, representando 72,32%. Isso não significa que os meninos não possam ser vítimas, pois houve o registro de 6.196 casos, ou seja, 17,56%. Os outros 10,32% são de informações não confirmadas.

Na maioria das vezes quem pratica atos de violência contra crianças são pessoas próximas, podendo ser pai, mãe, padrasto, vizinho(a), namorado(a), tio(a), amigo(a) e até mesmo irmão(ã), sendo que em 40,10% das vezes ocorrem na casa da vítima.

Casos de violência contra crianças devem ser denunciados. O preconceito nesta hora deve ser deixado de lado, pois é a vida de um ser indefeso que está em jogo. Se você presenciou algo, ligue para o Disque Direitos Humanos atravé do número 100 ou entre em contato com a Polícia Militar pelo 190.

Texto: Leonardo Assad – jornalista bolsista/ASCOM