Exposição sobre Guimarães Rosa terá abertura oficial nesta segunda-feira (31/8)

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Imagem de um dos quadros de Adriano Alves, inspirado na obra de Guimarães Rosa.

Oferecer um mergulho na obra do escritor Guimarães Rosa por meio da apreciação de pinturas inspiradas nos contos do autor: essa é a proposta da exposição “Um olhar para o Sertão”, que estará aberta ao público no Museu Bi Moreira (Universidade Federal de Lavras – UFLA) durante o mês de setembro. A abertura oficial ocorrerá em 31/8, às 14h, como parte da programação da Semana de Ciência, Cultura e Arte da UFLA.

Os quadros foram pintados pelo artista plástico Adriano Alves e estarão acompanhados de painéis de tecido com material biográfico, que irá contar os passos do escritor brasileiro. Para o coordenador de Cultura da UFLA, professor Silvério Coelho, a exposição tem efeitos que vão além da divulgação e valorização da obra de Guimarães Rosa. “É uma oportunidade para incentivar, principalmente nas gerações mais novas, o gosto pela literatura e pela pintura, tendo como motivação a obra desse grande escritor mineiro”.

A exposição, iniciativa do Projeto Crea Cultural, é itinerante. Na UFLA a organização é de responsabilidade das coordenadorias de Cultura e de Museus e Patrimônio, ambas ligadas à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec). O público poderá comparecer ao Museu Bi Moreira (MBM) para apreciar os trabalhos de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. O agendamento de grupos poderá ser feito pelo telefone (35) 3829-1205.

A última exposição itinerante que esteve no MBM foi “Leonardo da Vinci: Maravilhas Mecânicas”, com avaliação positiva do público e da coordenadora de Museus e Patrimônio Histórico da UFLA, professora Ângela Maria Soares. “Foi muito gratificante para nós, porque tivemos um número muito expressivo de visitantes e alto comparecimento das escolas, inclusive de outros municípios”, comenta.

Extensão especial da programação

Para complementar a experiência do público com Guimarães Rosa, será realizada às 19h, no Salão de Conveções da UFLA, uma narração de histórias, a ser feita pela prima do escritor – Dôra Guimarães. Professor Silvério destaca que o trabalho de Dôra tem como base o realismo mágico, o regionalismo e os neologismos constantes na obra de Guimarães Rosa. A narração das histórias contará também com a participação de Tiago Goulart, que integrou o Grupo Miguilim por dez anos, tendo também atuado como guia e contador de estórias no Museu Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo.

O evento é aberto a todo o público. A previsão é de que a apresentação tenha duração de 50 minutos.

Um pouco mais sobre Guimarães Rosa

Guimarães Rosa pertence à terceira geração do modernismo, com fortes características regionalistas. Seus contos e romances, em sua maioria, têm como pano de fundo o Sertão brasileiro. Uma das marcas do escritor e fator de sua inovação na literatura é a utilização de uma linguagem fiel à popular. Em suas viagens, conversou com jagunços, coronéis, peões, prostitutas e beatas, sempre anotando as peculiaridades dessas conversas, incorporando-as em suas produções.

A experimentação marcou a escrita de Guimarães Rosa, com a recriação da linguagem e recorrência constante a neologismos.  O caráter de fábulas de suas histórias revela uma visão global da existência, fundindo tudo numa realidade em que estão presentes os planos geográfico, folclórico, social, econômico, político e psicológico, transmitidos pela sua arte de escritor.

Nascido em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais, Guimarães Rosa deu início a seus escritos aos 38 anos, produzindo a uma obra que conquistou o respeito e a admiração do público. Era também médico e diplomata. Morreu em 1967, aos 59 anos, apenas três dias após assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Obras

– Magma (poesias – 1936): não chegou a publicar.

– Sagarana (1946 – contos e novelas regionalistas): livro de estréia. A palavra sagarana é um dos neologismos de autoria de Guimarães Rosa.

– Corpo de Baile (1956 – novelas), obra atualmente publicada em três partes: Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém; Noites do Sertão.

– Grande Sertão: Veredas (1956), considerada a obra-prima do escritor e um dos melhores romances da literatura brasileira. Trata-se de um monólogo do início ao fim do livro.

– Primeiras estórias (1962)

– Tutaméia – Terceiras estórias: causou furor no meio literário e dividiu a crítica, porém, fez grande sucesso com o público. Foi o último livro que Guimarães Rosa publicou em vida.

– Obras póstumas: Estas estórias (1969 – contos); Ave, palavra (1970 – diversos).