Das 7 dissertações defendidas no Mestrado em Física na UFLA, 5 são de mulheres

imagem física 2De acordo com a Comissão de Relações de Gênero da Sociedade Brasileira de Física (CRG/SBF), ainda é baixa a presença de mulheres atuando na área. Mas, na Universidade Federal de Lavras (UFLA), um fato recente contraria as estatísticas e enche de orgulho os membros do Programa de Pós-Graduação em Física: do total de sete defesas de mestrado já realizadas até o momento no Programa, cinco foram feitas por mulheres. Os dados ganham destaque no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.

Criado em 2012, o Mestrado em Física é oferecido pela associação ampla entre a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e a Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Essas foram as primeiras defesas de estudantes da UFLA no Programa. De acordo com o coordenador do Mestrado, professor Luiz Cleber Tavares de Brito, as alunas têm não só obtido destaque pelo ingresso no curso, mas na conclusão de trabalhos que têm ótimos resultados. “Elas têm apresentado produções de caráter inédito e com artigos publicados fora do país. Além disso, uma parte delas já tem aprovação para iniciar o doutorado em outras instituições”, avalia.

Laysa Gonçalves Martins é uma das quatro estudantes do Mestrado em Física que defenderam suas dissertações no final de fevereiro. Ela foi orientada pelo professor Gilson  Dallabona e coorientada pelo professor José Alberto Casto Nogales Vera. Laysa conta que  sempre gostou da área de exatas. Quando concluiu o Ensino Médio, a UFLA abria a graduação em Física. “Eu entrei na primeira turma e fui a primeira mulher a concluir o curso de Física na instituição”. De acordo com Laysa, a formação na área foi – e continua sendo – um desafio, já que o ambiente é predominantemente masculino. “Parece que não se aceita ainda o potencial da mulher para o raciocínio lógico. As pessoas duvidam um pouco da capacidade da mulher para bons resultados na área de exatas”, diz. No entanto, ela enfatiza a importância do trabalho dos professores do curso no incentivo para que seguisse em frente. “Eles sempre ajudaram muito”.

Concluído o mestrado, Laysa dá bom exemplo às mulheres que desejam seguir carreira na área de Física: ela já está cursando o doutorado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Segundo o professor Gilson, tanto Laysa quanto as demais mestres formadas têm realizado um trabalho de qualidade. “Elas não deixam nada a desejar, apresentando dedicação e potencial como boas pesquisadoras”. Já foram aprovadas em suas defesas na UFLA as mestres em Física Luciana Ebani, Pâmela Xavier da Fonseca, Jenny Luis Nhalinguangue Boane e Jordana Torrico Ferreira.

No corpo docente do Departamento de Física (DFI) atuam cinco mulheres, o que equivale a 28% do quadro. Em toda a UFLA, as professoras são 35% do total. Atualmente, a Universidade tem 6.768 mulheres em sua relação de estudantes (53% do total, na graduação e pós-graduação) e 237 mulheres na área técnico-administrava (42%).

 

SBF trabalha para atrair mulheres para a área de Física

Nesta semana, a SBF publicou texto em sua página na Internet em alusão ao Dia Internacional da Mulher. Nele, são apresentadas as atividades que vêm sendo desenvolvidas por sua Comissão de Relações de Gênero (CRG) para garantir maior participação feminina na área de Física. Entre as ações está a organização de debates e encontros sobre o tema “Mulheres na Física”, assim como a atuação junto ao CNPq para contemplar a extensão de Bolsas de Produtividade para gestantes (o que já foi implementado). O texto cita também outras iniciativas previstas, como o lançamento do livro “Mulheres na Física: Casos Históricos, Panorama e Perspectiva” e a realização, em junho, da II Conferência Brasileira de Mulheres em Física.

A coordenadora da CRG, Elisa Maria Baggio Saitovitch, que é também pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), comentou positivamente o número de mulheres que estão se tornando mestres na UFLA.  “Parabenizo o Programa, porque há mesmo todas as razões para comemorar o fato. Hoje, sabemos que a participação de mulheres na Física é pequena pelos números de bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq”, comenta. A pesquisadora explica que os gráficos mostram falta de equidade na participação por gênero, o que se mantém, sem grandes mudanças, nos últimos dez anos. Por isso, ela atribui importância a eventos e ações que a CRG vem realizando. “Se esperarmos que os índices mudem naturalmente, não chegaremos a uma proporcionalidade. É preciso investir no estímulo à participação da mulher, principalmente para que sigam rumo aos níveis mais altos de formação”.

 

Dissertações defendidas por mulheres no Mestrado em Física – UFLA

– Inevitáveis Violações de Simetria em Cálculos Perturbativos de TQC’s em Dimensão D=1+1. Luciana Ebani
– Estudo de Biocompósito Obtido a partir do Polihidroxibutirato-Hidroxivalerato (PHBV) para Aplicação em Pás de Aerogeradores de Pequeno Porte. Pâmela Xavier da Fonseca
– Modelos cosmológicos e Buracos Negros no Contexto da Gravitação de Horava-Lifshtiz. Laysa Gonçalves Martins
– Desenvolvimento de Biocompósito a Base de Amido Adicionado de TIO2 e Argila para Aplicação em  Célula Fotovoltaica. Jenny Luis Nhaliguangue Boane
– Emaranhamento Térmico e Efeito Magnetocalórico do Modelo Ising-Xyz de Estrutura Tipo Diamante. Jordana Torrico Ferreira

 

Se você conhece outras histórias interessantes de atuação das mulheres na UFLA, sejam elas servidoras ou estudantes, entre em contato com Ascom ainda neste mês de março pelo e-mail ascom@ascom.ufla.br. Queremos contar a toda a comunidade acadêmica a forma como as mulheres vêm dando sua contribuição à instituição e ao país.