Interação universidade-empresa-governo é destaque no encontro da RMI e RPMI na UFLA

Cibele Aguiar

Na quinta e sexta-feira (22 e 23), a Universidade Federal de Lavras (UFLA) sediou o XIV Encontro da Rede Mineira de Propriedade Intelectual e o III Encontro Anual da Rede Mineira de Inovação, pela primeira vez com realização conjunta.  O evento contou com os principais gestores de inovação no Estado, tendo como foco a importância da relação universidade-empresa-governo, tripé fundamental para uma política de inovação que seja eficaz na transformação do conhecimento em produtos e processos que modifique a qualidade de vida da sociedade.

A vice-reitora da UFLA, professora Édila Vilela Resende von Pinho, traçou um resgate da inovação na Universidade, salientando as experiências após a Lei de Inovação em 2004, quando a UFLA foi escolhida para ser a instituição-piloto do Programa de Incentivo à Inovação (PII), seguida da consolidação do Núcleo de Inovação e Propriedade Intelectual (Nintec) e da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Inbatec).

A vice-reitora informou ainda a atual fase de finalização do projeto e início da construção do Parque Científico e Tecnológico de Lavras (Lavras Tec), que será construído no câmpus da Universidade.  Em todas as fases, a importância de parcerias, como a da Fapemig, que tem contribuído para amparar o ambiente de inovação e colocado o Estado de Minas como exemplo de gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação. O desafio, segundo ela, está na institucionalização das tecnologias geradas e na transferência para a sociedade.

Diretor da Fapemig, professor Policarpo: incentivo à hélice tríplice que movimenta a inovação

O desafio de transformar conhecimento em inovação também foi a tônica da palestra proferida pelo o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, José Policarpo Gonçalves de Abreu, que apresentou um mapa da inovação no Estado e no País, reforçando a discrepância existente entre a posição brasileira no ranking da produção científica (13ª) e o ranking da inovação, que traz o Brasil na 47ª colocação. Para reverter esse quadro, Policarpo enfatiza a importância de altos e constantes investimentos em educação, ciência, tecnologia e inovação.

Porém, alerta que esse investimento não deve ser prioritariamente governamental, como hoje ocorre, mas deve ter a participação crescente do setor empresarial. Deve ainda ser incentivada a aproximação com as universidades e institutos de pesquisa, sendo aqui destacada a importância dos Núcleos de Inovação Tecnológica (Nits), como mediadores dessa relação, e do Sistema Mineiro de Inovação (Simi), criado para ser o elo articulador dos diferentes atores. “Não há desenvolvimento sustentável sem esse equilíbrio”, reforça.

A necessidade de maior integração entre universidade-empresa também foi ressaltada na apresentação do pesquisador sênior do Instituto Tecnológico Vale, professor emérito da UFLA José Oswaldo Siqueira. Ele enfatizou a necessidade de alinhar as demandas da sociedade em uma nova visão da ciência, que vive o paradoxo de transformar o volume acumulado de conhecimento em produtos e processos inovadores que garanta a melhoria da qualidade de vida e maior geração de emprego e renda. “Essa transformação é um processo complexo que requer uma nova lógica racional da pesquisa científica”.

Integração na UFLA

O evento teve a participação da assessora adjunta de Inovação da Fapemig, Elza Fernandes de Araújo, da assessora da Superintendência de Inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes), Solange Busek e da analista de Inovação e Sustentabilidade do Sebrae-MG, Andrea Furtado de Almeida. Também estiveram presentes os coordenadores da RMI e da RMPI. Representando a UFLA, além da vice-reitora, participaram da mesa de abertura o pró-reitor de Pesquisa, professor José Maria de Lima e o coordenador do Nintec, professor Wilson Magela Gonçalves.

As palestras tiveram como foco o empreendedorismo, gerenciamento de propriedade intelectual, transferência de tecnologia, registro de cultivar, patrimônio genético, prospecção tecnológica e o projeto do Núcleo de Transferência de Tecnologia e Inovação (Pronutti), da Fapemig.

Nova gestão da RMI

Na sexta-feira (23) fooram eleitos a nova diretoria e o conselho fiscal da Rede Mineira de Inovação para os próximos dois anos. Renato Nunes, atual reitor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e gestor do Parque Científico e Tecnológico de Itajubá, foi eleito o novo presidente da instituição. Para a vice-presidência, foi eleito Paulo Augusto Nepomuceno Garcia, secretário de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Ana Cristina de Alvarenga Lage, da Origem Incubadora, e Adriana Ferreira de Faria, do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa, da Universidade Federal de Viçosa (Centev/UFV), serão as novas Diretoras.

O evento foi uma realização da RMPI e RMI, organizado pela Nintec/UFLA e Inbatec/UFLA, com o apoio da Fapemig, Sebrae/MG e Associação dos Pós-Graduandos (APG/UFLA).

Integração entre gestores de inovação