Xérox ou Xerox e outros pares

Dicas de Português

As duas formas podem ser usadas: se você pronuncia como palavra oxítona, escreva xerox, sem o acento gráfico

Quando existem alternativas de pronúncia e escrita, é bobagem ficar corrigindo as pessoas que falam ou escrevem diferente da gente. Deixando a escolha a cada um, vejamos outros casos de dupla grafia ou de uso optativo entre duas formas de se expressar:

  • assoalho e soalho
  • a maquinaria e o maquinário [mas não a maquinária]
  • abdome e abdômen
  • bile e bílis
  • destrinçar e destrinchar
  • garçom (pl. garçons) e garção (pl. garções)
  • hidrelétrica e hidroelétrica
  • maquiagem e maquilagem
  • termelétrica e termoelétrica

Regência verbal: falta da preposição

• “Sabe aquele lugar que você planejava viver no futuro?  A inauguração é hoje.”

Assim foi escrito no lançamento de um condomínio. A construtora se preocupou com os “apartamentos totalmente mobiliados”, mas a agência de propaganda falhou na redação do texto. O correto de acordo com a norma-padrão seria:

•  Sabe aquele lugar em que você planejava viver no futuro?

Isso porque o verbo viver reclama a preposição EM [você vive em um lugar], que deve aparecer nitidamente na frase. Neste caso, a preposição se desloca para a frente do pronome relativo QUE, que introduz a oração subordinada na qual se encontra o verbo que rege a preposição. Outros exemplos:

A marca em que você sempre confiou está de volta. [confiar em]

Só faço as coisas de que gosto. [gostar de]

Não publicou as notas mais importantes a que me referi. [referir-se a]

Ninguém precisou se perguntar a que pressões aludia o presidente. [aludir a]

A gramática interior do falante lhe permite saber a preposição adequada a cada situação. É natural dizermos “confiou na marca, gosto de coisas boas, eu me referi a notas importantes, ele aludia a pressões”; porém, é preciso um bom ouvido para reconhecer a falta da preposição quando ela está distante do verbo. Nem todas as pessoas, por exemplo, sentem que o slogan da Texaco [“O posto que você confia”] fere as normas gramaticais. Mas seria muito bem-vinda a retificação da frase para “o posto em que você confia”.

Na fala cotidiana a tendência é simplificar deixando de lado essas particularidades. Todavia, quem quer escrever de acordo com o padrão culto formal não pode omitir essa preposição que antecede o pronome relativo.

Paulo Roberto Ribeiro
Ascom
Fonte:  www.linguabrasil.com.br