Alimentos puxam a inflação de 2007

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculada pelo Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/UFLA), acumulou uma taxa de 6,16%, no ano de 2007. Em 2006, esta taxa de inflação ficou acumulada em 5,94%.

Em 2007, o grande vilão da inflação foi o comportamento dos preços dos alimentos, principalmente a partir do segundo semestre, com alta acumulada no ano de 16,4%. Nos últimos quatro meses, o preço do feijão para o consumidor acumulou um aumento 90,51% e o da carne bovina, 36,96%.

Com isto, o custo da cesta básica de alimentos para uma família de quatro pessoas passou de R$266,92 em janeiro para R$297,55 em dezembro, uma alta de 11,47%.

INFLAÇÃO DE DEZEMBRO É A SEGUNDA MAIOR DO ANO

O DAE/UFLA também divulgou a inflação de dezembro, cuja taxa foi de 1,07%, sendo a segunda maior do ano, perdendo apenas para janeiro, que ficou em 1,32%. No mês de novembro, este índice havia sido 0,37%.
Entre os itens que mais subiram de preços em dezembro, estão àqueles associados aos grupos alimentos (3,21%) e vestuário, cuja alta foi de 1,35%. Também em dezembro, foram registradas altas de preços nos setores de material de limpeza (0,86%), higiene pessoal (0,59%) e bens de consumo duráveis (eletroeletrônicos, móveis e informática), cujo aumento no mês foi de 0,19%.

Entre os segmentos que compõem a categoria alimentos, a maior alta ficou com os produtos semi-elaborados, 6,95%, principalmente o feijão, que aumentou 44,89%, a carne suína, 9,59% e a carne bovina, que ficou mais cara 8,23%. Entre os alimentos in natura, as maiores altas foram registradas nos preços da couve-flor (43,5%), abacate (30,08%), melancia (12,34%), goiaba (11,9%) e pêra, com aumento de 12,33%. Entre os industrializados, os maiores aumentos foram identificados no leite em pó (8,22%), banha (13,56%) e chocolate/bombons, com um aumento de 7,56%.

Os grupos pesquisados pela UFLA em dezembro que tiveram queda média de preços no mês foram: bebidas (-0,92%), educação e saúde (-0,02%) e gastos com transporte, -0,27%. Em média, não houve alterações de preços nos itens que compõem as categorias serviços gerais (água, luz, telefone e gás de cozinha), moradia e gastos com lazer.

O custo da cesta básica de alimentos para uma família de quatro pessoas ficou em R$297,55 em dezembro, contra um valor de R$288,36 no mês anterior, registrando uma variação de 3,18%.

Índices Agrícolas apontam situação desfavorável para o produtor em 2007

Pesquisa do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/UFLA), com base no levantamento mensal dos índices de preços agrícolas, chegou à conclusão de que, em 2007, os custos para produzir, no setor agrícola, superaram, em média, os preços pagos ao produtor rural pela venda de seus principais produtos.

No acumulado do ano, o Índice de Preços Recebidos (IPR) pela venda dos produtos agropecuários teve alta de 11,31%, enquanto o Índice de Preços Pagos (IPP) pelos insumos agrícolas aumentou 15,46%. Esses índices estimam, respectivamente, a variação da renda agrícola e o comportamento dos custos de produção do setor.

A pesquisa do DAE/UFLA faz o levantamento mensal de 42 produtos e 187 insumos agropecuários.

Explica o prof. Ricardo Reis, coordenador do índice, que 2007 teve bons momentos para o produtor, mas em situações distintas. Primeiro foram as altas do preço do leite pago ao pecuarista entre abril e agosto, invertendo esta alta a partir de setembro, quando os preços do leite tipo B e tipo C iniciaram tendência de queda para o produtor.

Posteriormente, as altas do feijão e do milho a partir de agosto, ao contrário que vinha acontecendo no primeiro semestre, quando, em média, os preços destes dois grãos estavam em queda. Ressalta também o bom momento vivenciado pelas carnes, no segundo semestre. No entanto, o que segurou a renda agrícola em 2007 foi o preço do café, que tem elevado peso no cálculo do índice agrícola; no ano, o preço do café acumulou queda de 11,68%. Já os insumos mantiveram tendências de altas no início, metade e final do ano, afirmou o professor da UFLA.

Índices de Dezembro de 2007

Em dezembro, o Índice de Preços Pagos (IPP) pelos insumos agrícolas aumentou 3,96%, enquanto o Índice de Preços Recebidos (IPR) pelos produtos agropecuários teve variação negativa de 2,61%.

No mês de dezembro, o preço do café teve uma melhora de 3,52%, ao contrário do milho, cuja cotação reverteu a tendência de alta e caiu 6,77%, para o produtor. Já o feijão manteve a tendência de alta, com aumento de 3,52% no campo. Alguns produtos que compõem o grupo hortifrutigranjeiro também ficaram mais baratos para o produtor no mês pesquisado: repolho (-18,18%), pimentão (-37,14%), couve-flor (-18,18%), abobrinha (-33,33%), tomate (-10,4%) e milho verde (-78,57%). A grande alta entre os itens que compõem os hortifruti foi a da batata, cujo aumento, no mês, foi de 122,5%. Já o preço pago ao pecuarista pela venda do leite fluido tipo B caiu 7,35% e pelo tipo C, queda de 16,21%.

Entre os insumos agrícolas, as maiores altas, em dezembro, ficaram nos segmentos das sementes e mudas (9,75%), adubos (7,93%) e rações (7,03%).