MEC descredencia 39 cursos de pós no país

Folha de São Paulo, 21/12/07

Obtenção de conceitos baixos em avaliação da Capes afetou programas de universidades como a USP, Unicamp e UFRJ

Em uma escala de zero a sete, os programas reprovados atingiram no máximo dois; não há mais possibilidade de recurso

O Ministério da Educação descredenciou ontem 39 programas de pós-graduação -especialização, mestrado ou doutorado- do país por terem obtido baixos conceitos na avaliação realizada a cada três anos pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Entre as instituições que tiveram programas descredenciados estão a USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), UFRJ (Universidade Federal de Rio de Janeiro), UnB (Universidade de Brasília) e UFF (Universidade Federal Fluminense).

Na escala de zero a sete, os programas reprovados atingiram no máximo dois. Com essa avaliação, os cursos são classificados como não-recomendados pela Capes. Ao todo, funcionam no país 2.257 programas de pós-graduação. Os reprovados representam 1,7% do total, segundo informação do Ministério da Educação.

Dos 39 programas, 18 se referem às áreas de saúde, medicina e biologia. A USP teve o mestrado e doutorado em cirurgia plástica descredenciados. Foram 21 programas descredenciados em instituições federais.

A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) teve seu programa de especialização em morfologia descredenciado. A especialização em engenharia mecânica e o mestrado em odontologia legal e deontologia da Unicamp também.

O mestrado em física, o mestrado e o doutorado em dermatologia e cirurgia geral da UFRJ foram descredenciados, assim como o mestrado em lingüística aplicada da UnB. De acordo com a assessoria do Ministério da Educação, os programas são avaliados tanto pela qualidade dos cursos que oferecem aos alunos quanto pela produtividade de artigos ou patentes produzidos em determinado período, por exemplo.

A avaliação foi feita por 45 grupos de especialistas em distintas áreas, totalizando 700 examinadores, além do CTC (Conselho Técnico Científico).

Os cursos descredenciados não podem mais receber matrículas e, segundo nota do MEC, a avaliação divulgada ontem é final e já levou em consideração os recursos possíveis.

‘Os alunos que estão cursando mestrado ou doutorado nesses programas terão seus diplomas validados, mas se a instituição admitir novos estudantes, eles não terão seus diplomas reconhecidos’, explicou o diretor de avaliação da Capes, Renato Janine, segundo nota do MEC. Dos 595 recursos enviados para revisão de conceito, 154 foram aceitos e tiveram as notas revistas.

Na última avaliação trienal, o Ministério da Educação avaliou um total de 1.819 programas.

Na ocasião, foram descredenciados 36 programas. O equivalente a 2% do total.

USP afirma que curso já seria extinto

A USP afirmou que seu curso descredenciado (medicina 3: cirurgia plástica ) já estava previsto para ser extinto -as disciplinas foram diluídas em outros programas.

Já a Unifesp afirmou que o seu curso mal avaliado (ciências biológicas 2: morfologia) não existe há dois anos. A assessoria de imprensa da Unicamp não foi localizada no início da noite de ontem.

A UnB informou que, até a noite de ontem, não havia recebido o documento da Capes informando o descredenciamento da linha de mestrado em lingüística aplicada do Instituto de Letras e que só se pronunciaria após o recebimento.

A Folha procurou a faculdade de física da UFMS e de química da UFG, mas não conseguiu contato.

A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ, Angela Uller, afirma que, logo que a universidade soube da nota baixa de três dos seus cursos, formou uma comissão para buscar soluções. No caso dos programas de dermatologia e cirurgia geral, a decisão foi de reconhecer as críticas, não recorrer e fechar os programas.

No caso da ciência política, a universidade reconheceu que há problemas, mas decidiu que vai tentar sua reestruturação.

‘O principal problema é a falta de corpo docente. Muitas pessoas estão se aposentando e não há contratação de professores em número suficiente’, afirmou Angela.

Realizado o 3º Curso de Arranjos Florais

O Núcleo de Estudos em Paisagismo e Floricultura (Nepaflor)da Universidade Federal de Lavras (Ufla) realizou, dia 15 de dezembro, o 3º Curso de Arranjos Florais com o tema Natal e Ano Novo.

No início do curso, os palestrantes abordaram, de maneira teórica, assuntos relacionados a técnicas utilizadas na montagem de arranjos, estilos de arranjos, harmonia das cores e flores, tipos de flores e folhagens e materiais que podem ser utilizados para a confecção de arranjos florais. Na segunda parte do curso foram demonstrados vários tipos de arranjos florais para Natal e Ano Novo, sendo utilizados nos arranjos natalinos, associados às flores, velas, pinhas e diversos objetos decorativos.

Com o tema de Ano Novo, foram confeccionados arranjos para diversos ambientes, utilizando plantas tropicais e, ainda, mesas de frutas com ornamentação de flores, dentre outros. No final, cada participante pode confeccionar seu próprio arranjo, utilizando as técnicas ensinadas durante o curso, aliado à criatividade de cada um. Durante o evento os participantes tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas referentes à conservação de flores dos arranjos florais.

O evento contou com a colaboração de diversos patrocinadores e, dessa forma, foi possível a realização do curso e ainda de sorteios que proporcionaram dinamismo ao curso e descontração aos participantes. Citam-se o Departamento de Agricultura da Ufla, Sr. Fernando (produtor de flores de Barbacena/MG), Floricultura As Estações, Epamig, Madeirartes, Restaurante Edinho’s, Verdurão Santana, KS Printe e Beto Brinquedos.

Em breve, o Nepaflor estará promovendo outros cursos de arranjos florais.

Informações:(35)3829-1781 ou nepaflor@ufla.br.

Por que, para que, para quem?

Folha de São Paulo, 21/12/07

ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA – É emocionante ver uma mãe chorando num programa eleitoral porque o filho pobre chegou à universidade? Sem dúvida. É ótimo que jovens com poucas chances de estudo tenham diploma universitário? Com certeza.

Mas a principal questão da educação não é essa, nem são de todo graves os dados do MEC mostrando que 12% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados no ensino superior, quando o Plano Nacional de educação prevê 30% até 2011.

O grave começa no ensino fundamental. O Brasil foi competente no rumo da universalização, mas não é preciso fazer prova em cima de prova para mostrar que os alunos saem das escolas sem aprender.

E o grave continua no ensino médio, até com a falta de escolas técnicas para os milhões de jovens que, em vez de anos e anos numa universidade teórica, precisam e querem empregos reais. O percentual de jovens no ensino técnico nos EUA é de 60%; no Brasil, de 9%.

Quem não tem um parente, amigo, filho que fez universidade por fazer e ocupa função técnica, com salário de técnico e vai continuar técnico? É legítima a vontade da mãe e do estudante de ter um diploma superior na mão -ou melhor, na parede. Mas quem de fato lucra com isso são as universidades particulares, muitas com ensino sofrível e preços escorchantes. O ‘doutor’ gasta o que tem e o que não tem por um sonho fugaz -e inútil.

Falta estratégia de educação no país, e não é de hoje. É preciso saber para quem, por que e para que abrir vagas no ensino superior, combinando o arbítrio pessoal e o interesse nacional. Ou seja: vagas com mercado de trabalho.

É melhor investir num ensino que dê oportunidades iguais para todos e trate a universidade como o que é: centro de excelência. Até lá, levar a sério as escolas técnicas, para que o aluno tenha opções reais e orgulho da sua profissão, em vez de ter um diploma vazio e uma frustração travestida de orgulho.