Transformar em Faculdade ou Instituto: Essa é a nossa opinião

No mundo animal e vegetal, plantas e animais nascem pequenos, crescem e desenvolvem gerando grandes árvores e animais fortes. As árvores, além de troncos e ramos, geram belas flores e frutos no sentido de perpetuar as espécies. No reino animal não é muito diferente, cruzamentos entre elementos da mesma espécie acontecem no sentido de procriar.

Algumas semelhanças ao mudo animal e vegetal podem ser encontradas no mundo organizacional. Muitas organizações nascem pequenas, crescem, desenvolvem geram filiais ou até mesmo se multiplicam em novos empreendimentos. Para que isso aconteça, proprietários e dirigentes dessas organizações se esforçam no sentido de criarem condições para crescimento, manutenção ou mesmo sobrevivência das mesmas no mundo dos negócios. Aquelas que conseguem sobressair sobre as demais são consideradas fortes ou até mesmo eleitas como exemplo de organizações competitivas. Por outro lado, muitas que não conseguem sobreviver no mundo competitivo dos negócios fecham as portas.

Ao analisar o Departamento de Administração e Economia (DAE) da Universidade Federal de Lavras – Ufla pode-se dizer que este é um ótimo exemplo de organização que nasceu de uma boa semente (idéia) plantada ha mais de trinta anos. Após ter sua semente plantada em meandros de 1964, somente em 1975 é que nasceu a organização DAE, pequena, mas enraizada em solo fértil e bem cuidada por seus idealizadores.
Após trinta e dois anos de dedicação e trabalho de seus idealizadores, o DAE se transformou em uma organização madura, preparada para gerar novos ramos que possibilitará produzir muitos frutos. Com mais de trinta professores, dos quais 28 são portadores de título de doutor, o Departamento já oferece cursos de graduação e pós-graduação em administração nas modalidades presencial e à distância. A demanda por novos cursos e mesmo por parcerias e convênios têm crescido a cada dia. Oportunidades estão surgindo de todos os lados e em todo momento. Como aproveitar dessa situação? Na opinião da atual administração, a saída é a sua reestruturação transformando-o em uma faculdade ou instituto.

Outro aspecto que reforça essa opinião é o fato de os mercados cada vez mais globalizados e competitivos, por exemplo, estarem exigindo profissionais dotados de um senso crítico/criativo em relação aos problemas do setor onde desenvolverão suas atividades, considerando-o como um todo, seja nos aspectos técnicos, humanos, sociais ou políticos. O profissional deve estar suficientemente preparado e capacitado para discernir o grau de importância do desenvolvimento do setor onde trabalha, tanto na economia nacional como internacional, bem como nos seus inter-relacionamentos com outros setores da economia.

Acontece que muitos sistemas educacionais construídos para a formação de intelectuais se tornaram insatisfatórios para um ambiente cuja característica marcante é a mudança. O resultado é formação de indivíduos pouco adaptáveis às mudanças constantes, resultando na rejeição de seus produtos pela sociedade.

A nova educação universitária deve ser baseada em um currículo flexível, organizado em torno de mudanças de interesses e necessidades dos estudantes, oferecendo oportunidades de entrada e saída em diferentes momentos com menos ênfase em certificados como pré-requisitos para participação nas atividades.

Precisamos de um processo educacional continuado e permanente, uma vez que a educação formal não é suficiente para que o indivíduo possa viver o resto de sua vida. Grande parte da educação acontece fora do horário escolar, em local e hora da própria escolha do indivíduo. Além disso, o processo educacional deve ser capaz de desenvolver indivíduos com capacidade de continuar sua própria educação. O currículo deve promover oportunidade para que ele aprenda, principalmente, a ler, ouvir, observar, expressar-se e adquirir técnicas de obter informações.

Nesta nova visão do processo educativo, é necessário redefinir o papel do aluno, do professor e das universidades; rever as formas de avaliação, bem como refletir sobre o papel do educador e da educação. Implica, também, em uma revisão profunda nas estruturas e, principalmente, no modelo de gestão das universidades. É preciso ligar a educação à vida, associa-la a objetivos concretos, estabelecer uma correlação estreita com a sociedade e a economia, e, finalmente, criar e redescobrir uma educação em estreita simbiose com o ambiente.

A atual administração do Departamento de Administração e Economia já vêm promovendo algumas mudanças significativas. No nível de graduação, além do curso de bacharelado em administração, modalidade presencial, foi introduzido o curso de bacharelado em administração modalidade à distância. Essa nova linha de ação representa uma inovação no contexto da Ufla e a coloca no rol das universidades modernas.

No nível de pós-graduação Lato Sensu promoveu-se, a partir de 2004, uma reestruturação nos cursos oferecidos pelo departamento adequando-os aos novos ambientes de negócio. Atualmente o Departamento não só oferece treinamento como também promove a gestão de conhecimento por meio da oferta de mais de uma dúzia de cursos dentro de uma metodologia ultra moderna que é o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

Com relação à pós-graduação stritu senso, o departamento vem esforçando para adequar os seus programas de mestrado e doutorado, consolidados e reconhecidos nacionalmente, às novas exigências dos órgão de fomento. A qualidade dos programas de pós-graduação deu ao departamento uma excelente visibilidade junto aos órgãos de fomento e de pesquisa. Contamos com apoio técnico e financeiro de órgãos como CNPq, Capes, Fapemig, entre outros. Vários professores têm acento em colegiados, conselhos, bancas e até mesmo na direção de órgão de fomento. Diversos conhecimentos e práticas na área de administração têm sido publicados em periódicos, livros, revistas e jornais na forma de artigos, opinião e capítulos. Mais recentemente nosso periódico foi elevado à categoria A nacional pela classificação Qualis.

Ainda relacionado a pós-graduação, o Departamento tem oferecido, em parcerias com outras universidades, cursos na modalidade MBA. Atualmente está sendo oferecido o MBA em Desenvolvimento Regional Sustentado, para funcionários do Banco do Brasil e outros cursos estão sendo negociados com empresas públicas e privados.

Visando fortalecer os cursos de graduação e pós-graduação, o departamento vem firmando diversos convênios com parceiros nacionais e internacionais para intercâmbios e prestação de serviços. Entre os parceiros do departamento estão o Banco do Brasil, universidades, secretarias de estado, empresas públicas e provadas. A cada dia novos convênios têm sido solicitados frente às competências desenvolvidas no departamento.

As mudanças realizadas, bem como, a incorporação de novas atividades requererem alterações na estruturas físicas e de pessoal. Em termos de estrutura física, vários equipamentos foram adquiridos e benfeitorias foram reformadas. No âmbito dos recursos humanos, além de contratações de profissionais treinados em universidades nacionais e internacionais, foi estimulado o treinamento dos docentes já existentes nos níveis de doutorado. Com relação a servidores técnicos administrativo, apesar das limitações financeiras e institucional, vários esforços tem sido dedicado no intuito de montar equipes competentes. A prestação de um serviço de qualidade aos clientes internos e externos tem sido o alvo da atual administração. Para isso ações têm sido evidenciadas no sentido de buscar a profissionalização de toda a equipe.

A ampliação das ações do departamento, também, passou a exigir do departamento uma estrutura organizacional mais alinhada aos seus propósitos. A grande amplitude administrativa da estrutura atual dificulta o aproveitamento das potencialidades do corpo de professores e técnicos administrativo, bem como, da estrutura física existente. Dessa forma, um novo arranjo organizacional deve ser buscado urgente visando aproveitar as potencialidades bem como ás oportunidades existentes no mercado.
Acreditamos que uma estrutura na forma de faculdade ou instituto daria maior flexibilidade e agilidade no desenvolvimento de suas ações, bem como, potencializa seu crescimento nas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Nossa sugestão é de que a nova estrutura seja de um instituto ou faculdade composta por quatro áreas básicas de conhecimento (administração, economia, sociologia, e contabilidade). Os professores seriam credenciados na área do conhecimento de acordo com a formação/especialização e cada a área teria um professor coordenador. Os assuntos ligados à área do conhecimento seriam discutidos/aprovados em assembléias constituídas pelos professores a ela credenciados e os assuntos ligados ao instituto/faculdade seriam discutidos/aprovados em assembléias constituídas pelos coordenadores de área e o coordenador/diretor administrativo cuja responsabilidade seria a de zelar pelos assuntos operacionais e gerenciais da organização. A estrutura ora apresentada permitirá, futuramente, a incorporação de outras áreas do conhecimento como educação física, educação, direito, comunicação e sistema de informação. Transformando em um horizonte bem próximo no Instituto ou Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Precisamos pensar nisso urgentemente.

Antônio Carlos dos Santos
Engenheiro Agrônomo, mestre e doutor em administração e chefe do Departamento de Economia e Administração da Universidade Federal de Lavras.
E-mail: acsantos@ufla.br

Ricardo Souza Sette
Engenheiro Agrônomo, mestre e doutor em administração e Sub-chefe do Departamento de Economia e Administração da Universidade Federal de Lavras.

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