Ufla assina protocolo com universidade africana

A Universidade Federal de Lavras – Ufla recebeu a visita do reitor da Université Libre des Pays des Grandes Lacs – ULPGL, Samuel Ngayihembako, da República Democrática do Congo, África.

Durante a visita o professor Samuel conheceu o Campus da Ufla, incluindo suas pró-reitorias, departamentos didáticos, atividades de ensino, pesquisa e extensão, órgãos colegiados e de apoio. Visitou, também, alguns projetos de extensão universitária apoiados pela Ufla nos municípios próximos à Lavras.

O principal motivo da visita do reitor Samuel foi o de iniciar a construção de amplo acordo de cooperação entre a Ufla e a ULPGL, visando o estreitamento das relações universitárias entre o Brasil e a África, através do Protocolo de Intenções, assinado no dia 21 de setembro, na Sala dos Conselhos da Reitoria.

Para atuar no intercâmbio entre a Ufla e a ULPGL deverá ser designado o professor Gilmar Tavares, do Departamento de Engenharia, para em conjunto com um representante da ULPGL, estudar a construção de parceria com o objetivo de celebrar um acordo de cooperação que reflita as vontades e disponibilidades das Universidades.

Fizeram parte da mesa de honra, o reitor da Ufla Antônio Nazareno Guimaráes Mendes, reitor da ULPGL Samuel Ngayihembako, gerente da Fazenda NKG e sub-chefe do Departamento de Engenharia Elio Lemos da Silva.

O protocolo foi assinado pelo reitor Antônio Nazareno Guimarães Mendes e o reitor da ULPGL, Samuel Ngayihembako.

Acesso à educação infantil amplia renda

Folha Dirigida, 13/09/2007

Um estudo da economista Rosane Mendonça, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea), mostra que o acesso à Educação Infantil melhora não só a capacidade de aprender, mas aumenta as chances de o indivíduo ter maior renda. Segundo ela, em média, cada ano de pré-escola rende 6% à mais na remuneração da profissional.

O impacto pode ser ainda maior se as condições familiares (renda, nível cultural e educacional dos pais, condições de saúde, entre outras) forem favoráveis. Os três anos da pré-escola, segundo a especialista, também aumentam em mais de um ano o tempo médio de estudo na escola regular, reduzem a probabilidade de repetir de ano nas etapas seguintes contribuem para que a criança tenha menos problemas com desnutrição.

‘Freqüentar a pré-escola tem grande impacto sobre o desenvolvimento infantil. É um investimento que tem alta taxa de retorno e que reduz as diferenças no acesso às oportunidades, sobretudo quando os pais são mais pobres’, resumiu Rosane Mendonça, na última quarta, dia 12, na primeira palestra da V Conferência Internacional de Educação da Associação Brasileira de Educação Infantil (Asbrei).

A economista chegou às conclusões a partir de dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida, feita pelo IBGE entre 1996 e 1997, em estados do Nordeste e do Sudeste do país. Ao analisar a contribuição do acesso à creche para o futuro da criança, não foi possível chegar a resultados tão positivos como o da pré-escola. Porém, a pesquisadora observou que o número pequeno de pessoas que estudaram nestes estabelecimentos (0,3% do total da amostra) e a época em que freqüentaram (década de 70) pode ter influenciado neste quesito. ‘A qualidade do atendimento melhorou muito desta época até hoje’.

Até por isso, Rosane Mendonça e outros cinco economistas fizeram um novo estudo, em 2002, sobre o impacto que a melhoria da qualidade do trabalho educacional em creches tem para o desenvolvimento infantil. Neste caso, foram analisadas informações de alunos, e de seus pais, de 109 creches do Rio de Janeiro. Segundo ela, quanto maior a qualidade, maior a redução do que chamou de atraso, diferença entre a idade cronológica e a idade psicológica da criança. ‘Políticas que tenham como foco a melhoria do atendimento nas creches têm efeitos mais positivos do que investir em programas de transferência de renda ou de educação das mães’, exemplificou a pesquisadora.

VII Encontro Mineiro de Estatística

O VII Encontro Mineiro de Estatística (VII MGEST) é uma reunião regional na qual se apresentam e discutem diversos assuntos técnico-científicos da Estatística e Estatística Experimental no Estado de Minas Gerais.

Organizado pelo Departamento de Ciências Exatas da Universidade Federal de Lavra – Ufla o evento coincide com a Semana da Associação Brasileira de Estatística -ABE, que teve uma série de eventos relacionados à Estatística, realizados simultaneamente em várias cidades do Brasil.

Foram convidados para compor a mesa de honra: o reitor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, pró-reitor de Pós-Graduação Joel Augusto Muniz, chefe do Departamento de Ciências Exatas, Paulo César Lima, presidente da RBRAS Paulo Justiniano Ribeiro Júnior, representante da Associação Brasileira de Estatística Lúcia Pereira Barroso, representante da UFMG Glaura Franco e coordenador do VII MGEST Mário Javier Ferrua Vivanco.

O VII Encontro teve como objetivo congregar professores, pesquisadores, alunos de pós-graduação, alunos de graduação e profissionais de empresas de Minas Gerais, que trabalham com Estatística e suas aplicações. Incentivar a troca de experiências entre o meio acadêmico e o meio empresarial. Discutir o perfil da pós-graduação em Estatística em Minas Gerais. Foram convidados pesquisadores de Minas Gerais e de outros estados do Brasil.

A primeira conferência foi a do professor da UFMG Renato Martins Assunção,intitulada “Método Monte Carlo, 60 anos gloriosos”

O VII Encontro Mineiro de Estatística – Difusão e aplicações da estatística.- VII MGEST acontece, no Salão de Convenções, nos dias 20 e 21 de setembro de 2007 e tem como apoiadores a Fapemig, Capes, Faepe e MDA Pesquisas.

Tecnologia e aceleração do crescimento

Correio Braziliense, 20/09/07

Roberto Nicolsky – Professor do Instituto de Física da UFRJ e diretor-geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec)

A recente divulgação do ranking internacional dos artigos científicos, que traz o Brasil na louvável 15ª posição, com 16.872 papers publicados e participação de quase 2% no total mundial, contrasta flagrantemente com o desempenho do país em outro ranking internacional, diretamente ligado ao crescimento econômico: o das patentes, onde figuramos numa modesta 28ª posição, com 121 patentes obtidas em 2006. Isso impõe uma reflexão: em plena era do conhecimento, quando, mais do que nunca, a riqueza e o crescimento dos países se consubstanciam em propriedade intelectual, por que não geramos patentes se aparentemente temos crescido bem na produção de ciência?

Para uma avaliação realista, vejamos o que aconteceu noutros países em desenvolvimento como o nosso. E aí verificamos que, enquanto a produção brasileira de artigos científicos cresceu 7,6 vezes entre 1980 e 2006, em outros emergentes cresceu muito mais no mesmo período: em Taiwan, 31 vezes; na China, 54; na Coréia, 133 vezes. A produção coreana saltou de 175 artigos em 1980, quando já tínhamos 2.215, para 23.200 em 2006. Conclui-se, então, que a nossa produção científica não cresceu tanto quanto parecia.

Ao examinar a qualidade dos artigos, avaliada pelo índice de citações, vemos que nossa posição cai para 20º lugar, o que indica que eles têm menos impacto internacional do que a média mundial. O estudo The scientifici impact of nations, publicado em 2004 pela revista Nature, mostra que, entre 1993/97 e 1997/2001, as citações a artigos brasileiros aumentaram 31%, contra 64% da China e 98% da Coréia. E o crescimento dos “top 1%” (artigos mais citados) foi de 72% para o Brasil, contra 125% da China e 179% da Coréia. Ou seja, a China e, especialmente, a Coréia não só aumentaram muito mais do que nós a produção de artigos, mas ainda mais a qualidade.

A explicação desse quadro é a freqüente falta de vínculo da nossa pesquisa científica com a vida real. Enquanto a ciência busca respostas, a tecnologia faz perguntas. Se não houver desenvolvimento tecnológico no país capaz de abrir um leque amplo de indagações que instiguem a comunidade científica, as perguntas acabam ficando por conta de cada pesquisador, que passa a estudar aquilo que a curiosidade individual determina.

Ora, o uso do conhecimento na vida real se traduz no desempenho da obtenção de patentes. Como a patente tem validade local, essa avaliação tem por base a outorga pelo USPTO (sigla em inglês do escritório norte-americano de patentes) por ser o maior mercado internacional. E é nesse ranking que estamos hoje num medíocre 28º lugar. Passamos de 24 patentes obtidas em 1980 para 121 em 2006, ou seja, crescemos cinco vezes.

No mesmo período, a China multiplicou as patentes nos EUA por 35, Taiwan por 98, Índia por 120, e a Coréia por 738. Note-se que em Taiwan (6.360) e Coréia (5.908), respectivamente quarto e quinto patenteadores em 2006 nos EUA, as patentes cresceram algumas vezes mais do que a publicação de papers, indicando que o desenvolvimento tecnológico induziu um crescimento científico acelerado. É o chamado technology push.

E voltamos ao ponto de partida deste artigo. O que significa alcançarmos a 15ª posição em artigos científicos? Muito, se esse fosse o resultado de questionamentos da vida real, ou seja, suscitados pelo desenvolvimento de inovações tecnológicas de produtos e processos no chão de fábrica. Muito pouco, se for — como parece ser — o resultado de motivações individuais, ainda que magistralmente exploradas por cientistas brilhantes.

Isso porque as nossas políticas públicas não têm criado ambiente de real estímulo às inovações tecnológicas. A Lei do Bem (nº 11.196/2005) restringe o incentivo fiscal para inovação apenas ao Imposto de Renda sobre o lucro real das grandes empresas (6% do total). A Lei de Inovação (nº 10.973/2004), no artigo 19, promete subvenção econômica para projetos de inovação, mobilizando para isso recursos tirados das empresas por meio da Cide e de royalties sobre concessões a pretexto de promover o desenvolvimento tecnológico. Mas, no final, menos de 10% dos recursos revertem para essa finalidade.

A experiência do mundo, principalmente dos países em desenvolvimento, mostra que, ao estimular o desenvolvimento tecnológico, estaremos acelerando, e muito, a produção de artigos científicos e melhorando a sua qualidade pelo vínculo com a demanda real. E, ao elevar a competitividade da produção, aceleraremos o crescimento do PIB, gerando emprego e renda.

Precisamos ter a coragem de reconhecer a precedência do desenvolvimento tecnológico em relação à produção científica, em termos de benefícios econômicos e sociais para o país, e centrar o foco na universalização do fomento à tecnologia nacional. Assim fez a Índia em 1995, com The Technology Development Board Act, o que passou a lhe render excelentes frutos, expressos em crescimentos do PIB, que passou de 5% para mais de 9% ao ano. Até quando devemos nos contentar com 3% ou 4%?