Federais do Rio e Uerj fora da lista das 10 mais

Avaliação do Enade mostra a PUC-RJ em 8º lugar, a melhor posição conquistada pelo estado

BRASÍLIA Nenhuma universidade pública do Rio de Janeiro está entre as dez instituições do país com melhores resultados nas três edições do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) — teste do Ministério da Educação que substituiu o antigo Provão.

Levantamento realizado pelo GLOBO mostra que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é a instituição brasileira com melhor aproveitamento no Enade: 80% dos cursos avaliados tiraram o conceito 5, o maior na escala de 1 a 5. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) ficou em 8ºlugar, com 40%, o melhor desempenho no estado. Foram consideradas apenas instituições de médio e grande porte que já receberam pelo menos 12 conceitos no exame, nos últimos três anos.

O ranking do Enade revela que as cinco instituições com maior proporção de notas 5 são públicas e de Minas Gerais.

Em segundo lugar, atrás da UFMG, aparece a Universidade Estadual de Montes Claros, com 59,09% de notas máximas, seguida pela Universidade Federal de Juiz de Fora (57,14%), a Universidade Federal de Viçosa (56,52%) e a Universidade Federal de São João delRei (53,84%). Em números absolutos, a UFMG tem também a maior quantidade de cursos com conceito máximo: 32.

A instituição pública fluminense em melhor posição é a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 12olugar, com 38,09% de conceitos máximos. Das 50 melhores instituições no ranking, apenas sete são privadas. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ficou em 17a, com 29,72%, e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), ficou na 23aposição com 21,42%. Já a Universidade Federal Fluminense, em 25º com 19,56%. A Católica de Petrópolis ficou em 24º com 12,5%.

A Universidade de São Paulo (USP), a mais prestigiada no ensino superior brasileiro, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) não participam do Enade. Portanto, estão fora do ranking. Pela primeira vez, em 2006, um curso da Unicamp — o de teatro — fez o exame, tendo sido reprovado com o conceito 1, o que sugere boicote dos estudantes. Já a Universidade Estadual Paulista (Unesp) ficou em 14ºlugar no ranking proporcional, embora acumule o segundo maior número de notas máximas: 30.

O desempenho das universidades mineiras surpreendeu o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes. Ele ressalvou, porém, que seria apressado concluir que Minas Gerais tem o melhor sistema de ensino superior do país. Segundo Fernandes, é preciso analisar o rendimento médio dos estudantes em todas as instituições: — É uma surpresa. Pode-se falar que Minas tem as melhores instituições, mas não o melhor sistema de ensino superior. O estado pode ter também as piores instituições.

Criado em 2004, o Enade avalia áreas diferentes do conhecimento a cada ano. Em 2006, o exame completou o primeiro ciclo, cobrindo 48 áreas, o que abrange a maioria dos cursos de graduação do país: de direito a medicina, passando por administração, odontologia, comunicação social e todas as engenharias.

O objetivo do teste é avaliar os cursos isoladamente, revelando quais são os melhores e os piores. Ao analisar a maioria dos cursos do país, o Enade permite traçar um panorama das instituições de ensino. O máximo que o Provão avaliou foram 20 áreas.

O ranking elaborado pelo GLOBO considerou apenas instituições que tenham recebido pelo menos 12 conceitos nas três edições do Enade.

O número mínimo de 12 cursos equivale a 25% das 48 áreas avaliadas. O objetivo foi verificar o desempenho de instituições de médio e grande portes, que atuam em diferentes áreas. Do contrário, faculdades que oferecem um único curso ou instituições de excelência, como o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), liderariam o ranking, uma vez que tiram a nota máxima na área em que lecionam.

Nas três edições do Enade, 529 cursos receberam nota máxima. Isso equivale a quase 6% do total de 9.144 cursos que ganharam conceitos de 1 a 5. O levantamento do GLOBO, feito a partir dos resultados divulgados na página do Inep na internet, mostra que 148 instituições de ensino receberam pelo menos um conceito 5.

A maioria das instituições privadas nunca recebeu uma única nota máxima.
Considerado o critério mínimo de 12 cursos avaliados, restaram 82 instituições.
Fernandes lembra que o Enade é feito de tal forma que, independentemente da nota dos alunos, sempre haverá cursos com conceito 1 e 5. A finalidade da prova é apontar qual curso é melhor do que outro, com efeito comparativo, e não afirmar que o curso é bom ou ruim.

Segundo ele, a predominância de universidades públicas no ranking não surpreende: — Já sabíamos, desde o Provão, que as públicas vão melhor. Elas têm um processo de seleção de estudantes mais difícil. E, que o Enade mostra, é que elas agregam, em média, mais conhecimento, seja por terem melhores professores ou infraestrutura.

Como é feito o exame

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) é uma prova anual feita por universitários que estão no início e no fim do curso.

A prova consiste em questões de conhecimento geral, iguais para todas as áreas, e conteúdos específicos.

Uma amostra de estudantes é sorteada para fazer o teste. Os alunos são obrigados a comparecer, mas podem entregar a prova em branco. Os resultados individuais dos universitários não são divulgados.

Eles não sofrem qualquer conseqüência, a não ser contribuir para baixar a nota do curso que expedirá seu diploma.

Já foram avaliados cursos de 48 áreas.

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