Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária – interessados podem colaborar

feira-reforma-agraria
Feira ocorrida na UFLA durante Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária de 2015. Estavam à venda e em exposição alimentos produzidos nos assentamentos de Campo do Meio e de Guapé.

Na sexta-feira (26/2), reuniram-se na Universidade Federal de Lavras (UFLA) grupos de estudantes e professores para organizar a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura) 2016. A previsão é de que o evento ocorra no final de abril.

Estiveram presentes, nessa primeira reunião, professores da Educação/Pedagogia, da Administração Pública, do Direito, da Ciência da Computação, além de estudantes do Diretório Central dos Estudantes, do Yebá Ervas & Matos, do Núcleo de Estudos em Agricultura Orgânica (Neagro), do Grupo de Pesquisa e Extensão em Gênero e Diversidade em Movimento (Gedim), da Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (Abeef), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Levante Popular da Juventude.

Interessados em colaborar na organização do evento poderão comparecer à próxima reunião, que será realizada na sexta-feira (4/3), 16h, no DED.

A Jornada tem como objetivo debater e sensibilizar a comunidade universitária e a sociedade para a importância da Reforma Agrária, com atividades extracurriculares que promovem a discussão de problemas da atualidade social. Como exemplos das questões tratadas, podem ser citados: a colocação de “veneno” na mesa; as possibilidades de controle natural de pragas; as políticas de terra para quem trabalha nela; a saúde e a soberania alimentar; o não à terceirização, ao trabalho precarizado ou escravo e à escola não tecnicista e alienadora; a memória e comunicação críticas; a participação e a responsabilidade social; a igualdade racial, de gênero e campo-cidade; as lutas contra a homofobia, entre outros.

Para o professor do DED e um dos organizadores do evento na UFLA, Celso Vallin, é importante que a instituição esteja engajada nesse debate. “A UFLA se notabiliza por suas contribuições às ciências agrárias, gerando conhecimento em diferentes culturas e atividades (criação de frango, peixe, gado, café, cana, eucalipto). Pensar a produção camponesa familiar e discutir nosso projeto de sociedade também deve fazer parte desse histórico de contribuições”, avalia.

Celso Vallin explica que Reforma Agrária deve ser entendida como um conjunto de políticas a serem definidas e redefinidas para que haja qualidade de vida para quem está no campo. “Estão aí englobadas as técnicas produtivas, o respeito aos produtores e a garantia de comida com qualidade sobre a mesa de todos os brasileiros”. Ele cita o poeta Pedro Tierra: “A liberdade da terra e a paz no campo têm nome: Reforma Agrária”

Em articulação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a Jornada foi realizada também em 2015, em mais de 50 instituições de ensino superior pelo Brasil – a UFLA entre elas. Entre os temas tratados, estavam: Educação do Campo, Administração Pública, Agroecologia, Direito Agrário, Alimentação e Saúde Pública, Democratização da Comunicação e parceria entre Movimentos Sociais e extensão universitária.

Confira as informações sobre a Jornada de 2015 na UFLA.

Tese de doutoranda da UFLA integra projeto que avalia efeito da falta de chuvas em florestas úmidas

defesa-tese-dcf
A defesa da tese ocorreu em 26/2.

O impacto das mudanças climáticas na vegetação do planeta desperta perguntas em pesquisadores do mundo todo. Em um possível cenário de falta chuvas, como estarão as florestas do futuro? Quais características permitiriam que certas espécies de plantas sobrevivessem? Como esse conhecimento pode contribuir para uma preservação dos ecossistemas? Inserida nessas perspectivas, uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal analisou as características funcionais (essenciais para transporte interno da água) da madeira e das folhas de diferentes espécies de uma floresta tropical úmida da Austrália.

O estudo foi o primeiro do Programa a ser desenvolvido completamente no exterior, dando força aos projetos de internacionalização da pós-graduação da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O resultado deu origem à tese de doutorado de Deborah Apgaua, orientada pelo professor do Departamento de Ciências Florestais (DCF) Rubens Manoel dos Santos. A doutoranda trabalhou em conjunto com pesquisadores da James Cook University, sendo coorientada pela professora da instituição australiana Susan Laurance. Sua pesquisa inseriu-se em um projeto já em curso no país, destinado a averiguar o efeito da exclusão das chuvas em uma floresta tropical úmida.

A defesa da tese foi realizada na sexta-feira (26/2), no anfiteatro do Laboratório de Estudo e Projetos em Manejo Florestal (Lemaf). Durante a apresentação, Deborah explicou que as florestas úmidas, apesar de muito antigas, são pouco resistentes às alterações do clima. Por isso, a doutoranda investigou como traços funcionais de diferentes espécies respondem a essas mudanças, ou seja, identificou características das plantas, relativas à condução interna de água, que revelam sua resistência à estiagem.

A área de experimentos na qual se desenvolveram os estudos está localizada no nordeste da Austrália e possui toda a estrutura para simular a

A doutoranda Deborah Apgaua coletando dados sob os painéis que excluem a chuva de uma parcela da floresta tropical úmida da Austrália
A doutoranda Deborah Apgaua coletando dados sob os painéis que
excluem a chuva de uma parcela da floresta tropical úmida da Austrália.

exclusão de chuvas. Com as observações, a pesquisadora pôde identificar as espécies com menores chances de sobrevivência no caso de quedas no índice pluviométrico. “Com a exclusão de chuvas, a  composição das floretas úmidas mudaria. O trabalho aponta quais seriam as mudanças”, explicou.

Para aplicar a metodologia da pesquisa trabalhada na Austrália às florestas brasileiras, o pós-doutorando da James Cook University David Tng veio à UFLA com a bolsa Endeavour do governo australiano. Ele permanecerá na instituição de abril a outubro de 2016, participando de novos projetos na área. De acordo com o professor Rubens, a parceria traz muitos ganhos ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal. “A experiência nos traz uma nova linha de pesquisa e uma nova abordagem para o trabalho da ecologia funcional. Nossa expectativa é levarmos os estudos aos biomas brasileiros da Mata Atlântica e até mesmo da Caatinga”, diz.

A tese de Deborah, intitulada “Functional Anatomy and Water Use Strategies of Rainforest Plants”, teve na banca avaliadora, além do professor Rubens e do convidado David, os professores do Departamento de Biologia (DBI) Evaristo Mauro de Castro e João Paulo Rodrigues Barbosa, e a professora do DCF Ana Carolina Maioli.

Uma parte do trabalho de Deborah foi publicado na revista internacional PLoS One em junho de 2015. Consulte o artigo.

Dicas de Português: Computo, Expludo

Em vista de dua consultas específicas feitas esta semana, comentarei hoje sobre os verbos defectivos ou defeituosos, aqueles que apresentam lacunas em algumas pessoas verbais.

EXPLODIR não é verbo defectivo em si. Ele é conjugado conforme o verbo dormir, segundo dicionários especializados; portanto, pode-se dizer “ele explode, eu expludo; ele que expluda o balão”. O dicionário Houaiss registra as conjugações brasileiras explodo, exploda, observando que também existem expludo e expluda.

COMPUTAR não é tampouco verbo defectivo. Existem e são usadas formas como “eu computo, ele computa os dados diariamente; computa isso para mim?” Não falar “computa” seria talvez uma opção pessoal por causa da sonoridade indigesta para alguns. O dicionário Aurélio não traz o presente “computo, computas, computa”, como faz o Houaiss, que registra todas as formas.

De qualquer modo, um alerta: quem está se submetendo a um concurso público deve evitá-las, pois nunca se sabe o grau de tolerância da comissão que vai corrigir as provas, a qual pode aceitar ou rejeitar o Houaiss, dicionário que se propôs a registrar um uso efetivo, encontrado mesmo entre falantes cultos, assim considerados, na ciência linguística, os brasileiros da zona urbana que têm curso superior completo. Aliás, formas em discussão jamais deveriam ser objeto de provas de língua portuguesa.

Fonte: www.linguabrasil.com.br

Paulo Roberto Ribeiro – Ascom