Ufla proíbe trote dentro e fora do campus

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Lavras (Ufla) regulamentou a proibição do trote estudantil em janeiro de 2008 e reeditou sua resolução em dezembro do mesmo ano. A resolução deixa claro que não é permitido qualquer tipo de ato estudantil que cause, a quem quer que seja, agressão física, moral ou qualquer forma de constrangimento, dentro e fora do espaço físico da Universidade.

 

De acordo com o Reitor, Prof. Antônio Nazareno Guimarães Mendes, “a questão do trote estudantil sempre foi considerada na Instituição, mas era tratada de forma superficial pelo Regime Disciplinar Discente. A maior dificuldade residia na apuração dos fatos e na aplicação de punições quando havia abuso por parte de estudantes veteranos. No entanto, uma nova resolução foi editada em janeiro de 2008 para tratar especificamente do assunto, sendo clara na proibição desta prática dentro e fora do campus. Uma comissão do Conselho Universitário foi constituída para acompanhar a sua aplicação nas duas calouradas do ano passado, que propôs ajustes e adequações à mesma, já incorporadas na reedição da Resolução em dezembro de 2008”, explica ele.

 

PenalidadesA resolução prevê, ainda, punições a veteranos que aplicarem o trote e a calouros nos quais o trote é aplicado, caso estes últimos permaneçam dentro do espaço físico da universidade trajando vestimentas ou portando adereços que caracterizem esta prática. O documento também diz respeito a professores, técnico-administrativos ou mesmo estudantes que testemunharem atos de trote no campus ou em locais de atividades acadêmicas e denunciarem por ser considerados omissos e se sujeitarem a responder o processo administrativo disciplinar.  

 

E as penalidades não param por aí. No caso dos estudantes, essa transgressão pode levar a suspensão ou desligamento da instituição, penalidades previstas no Regime Disciplinar do Corpo Discente. Quanto aos servidores, as penalidades estão previstas no Regime Jurídico Único.

 

Disk-troteA Ufla também dispôs de um serviço de Disk-trote especialmente para quem quiser denunciar esse tipo de ação dentro ou fora do campus, sendo também possível fazer a denúncia por escrito. Basta encaminhar as anotações à Pró-Reitoria de Graduação ou entrar em contato pelo 3829-1154 ou pelos ramais 1154 e 333.  

 

Trote Solidário é apenas uma das alternativas

 

Em contra-partida ao trote violento, o Grupo de Oração Universitário Renascer propõe uma forma alternativa de “Trote Solidário”. “Nós sempre recepcionamos os calouros e os convidamos para conhecer o grupo, mas desta vez resolvemos também fazer alguma coisa realmente prática, foi a partir daí que pensamos na doação de sangue. Levamos a idéia à Comissão Organizadora da semana de recepção aos calouros da Ufla e a própria Reitoria entrou como parceira”, explicam Samantha Brettas e Fernanda Carvalho Costa, ambas mestrandas na Ufla e membros do grupo.

 

“Assim, vamos convidar todos os novos estudantes e, a partir de uma triagem feita aqui mesmo, pretendemos levar pelo menos 40 deles para uma segunda triagem em São João Del Rey. E com isso, efetivar a doação”, dizem elas.

 

Receio Com relação ao trote convencional, Samantha comenta que “algumas pessoas parecem perder a noção, confundindo uma recepção calorosa com brincadeiras constrangedoras e até mesmo perigosas, sem falar no uso completamente descomedido de bebida alcoólica”, afirma.

 

Já a sua amiga tem sua opinião formada com base na própria experiência pela qual passou. Fernanda tomou um trote por ocasião da entrada em uma universidade. Além de pintarem todo o seu corpo e ter que passar por situações constrangedoras, jogaram creolina na sua cabeça. “Jogaram especialmente em lugares como a orelha, por exemplo, onde é difícil de limpar. Por conta disso, passei dias cheirando mal. A camiseta que eu estava usando foi para o lixo. Sinceramente, é uma experiência pela qual eu nunca gostaria de ter passado”, relembra ela.

 

Em função de situações como essa, Samantha relata um fato bastante interessante. Segundo um dos seus amigos veteranos, às vezes sobram vagas nas repúblicas e não se acha ninguém para ocupá-las, mesmo com a chegada de tantos estudantes novos. De acordo com o amigo de Samantha, a razão disso é muito simples. “Muitos calouros preferem ficar em pensões ou em qualquer outro tipo de moradia por receio de ter que enfrentar o que pode vir a acontecer numa república”, explica ela.

 

Outras atividadesDe qualquer forma, além da doação de sangue, a recepção dos calouros na Ufla, no início deste mês, prevê inúmeras atividades, através das quais eles poderão conhecer a universidade e também se integrar com os membros do DCE e os Centros Acadêmicos, sem falar nos Jogos Ufla Júnior, que envolverão calouros e veteranos.

E o grupo Renascer não pretende parar por aí. Segundo as mestrandas, a idéia é ampliar o projeto, criar outros tipos de atividades, firmar parcerias com outros grupos e, a partir daí, tornar a “calourada” ainda mais calorosa, mas se utilizando apenas de atrativos sadios.

Abertas inscrições para curso de microscopia de varredura

Estão abertas as inscrições para o curso de extensão “Introdução à Microscopia Eletrônica de Varredura”, a ser ministrado de 24 a 26 de março pelo Prof. Eduardo Alves, do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

 

O curso tem por objetivo qualificar os interessados a prepararem soluções fixadoras, tampões e amostras para microscopia eletrônica de varredura além de torná-los aptos a operar o microscópio eletrônico de varredura (EVO 40 da LEO) e os aparelhos de preparação de amostras do Laboratório de Microscopia Eletrônica da Ufla.

 

As vagas são limitadas. Mais informações podem ser obtidas no setor de extensão da FAEPE (Campus Histórico) ou através dos telefones (35) 3829-1809/1823.

Novos estudantes exercitam cidadania

Um grupo de 40 calouros embarcaram, na manhã desta quarta-feira, dia 04, na portaria do campus da Ufla, rumo a São João Del Rei. Apesar de ser uma cidade histórica com vários atrativos turísticos, este passeio vai muito além de lazer e diversão. Em um gesto de solidariedade e cidadania, estes estudantes vão doar sangue no Hemominas, graças à iniciativa do Grupo de Oração Universitário Renascer da Ufla, que está promovendo a campanha “Ajudar tá no sangue”. A atividade integra a programação da 1ª Recepção de Calouros de 2009.

 

De acordo com uma das organizadoras da campanha, a mestranda em Fitotecnia Fernanda Carvalho Costa, as campanhas de doação de sangue sempre foram desenvolvidas pela Universidade no início de cada semestre, mas não conquistavam muitas adesões. “Decidimos abraçar a causa e desenvolver uma ampla campanha de conscientização. O resultado superou todas as nossas expectativas”.

 

Graças a uma parceria bem sucedida realizada entre a Ufla e o Renascer, os números alcançados pela organização foram satisfatórios. A campanha foi apresentada durante a solenidade de abertura da Recepção dos Calouros, na noite de domingo, dia 01, no Ginásio Poliesportivo. A idéia inicial era preencher todos os 40 lugares do ônibus, porém o interesse dos calouros foi além dessa expectativa. “O Hemominas de São João Del-Rei dispõe de uma estrutura que atende a 40 pessoas no mesmo dia. Mas a campanha não termina nessa semana de recepção aos calouros. Durante o ano vamos incentivar o ato de doar sangue. É importante continuar nossos trabalhos para buscar não apenas uma formação acadêmica de qualidade para todos os estudantes, mas, também, uma formação cidadã e consciente dos nossos problemas”, enfatiza Fernanda.

 

Segundo a mestranda, ao entrarem na Universidade, os estudantes já aguardam o trote, não de uma forma humilhante e constrangedora, mas de uma maneira saudável, divertida, que promova a interação entre calouro e veterano. “O que propomos é uma alternativa para fazer o bem. Ao invés de sujeira, humilhações e brincadeiras de mau-gosto, porque não promover a solidariedade?”, conclui.

 

Calouros aprovam iniciativa

 

Fico muito feliz em saber que a Ufla está incentivando o trote solidário e banindo de vez as práticas ofensivas que muitos veteranos utilizam no trote. Espero que isso sirva de exemplo para outras universidades”. As falas do estudante de Sistema de Informação, Aleph Campos da Silveira, de Campo Grande, MS, retratam o sentimento da maioria dos calouros que estão ingressando na Ufla neste primeiro semestre letivo de 2009.

 

O estudante afirma que sempre teve vontade de doar sangue, mas não se enquadrava no perfil dos doadores. “Meu peso estava abaixo do indicado. Com o passar do tempo, fui ganhando mais massa e agora posso ser um doador. Será minha primeira vez e pretendo fazer deste gesto um ato constante na minha vida”. Para ele, a satisfação de fazer o bem está aliada ao prazer de ingressar na Ufla. “Apesar de morar bem distante de Lavras, sempre tive ótimas referências da Ufla. Não tive dúvidas em escolher estudar aqui”.

 

Situação semelhante aconteceu com a estudante de Engenharia de Alimentos, Ariela Belsy Thomas. Ela sempre teve vontade de doar, mas não possuía idade mínima. Ao completar 18 anos, ligou para o Hemominas em São João del-Rei para obter informações e para realizar o ato, mas ao saber do trote solidário, resolveu aguardar e aderir a campanha. “Só não doei antes porque Lavras não tem posto de coleta. Essa iniciativa é muito importante porque hoje não estamos precisando de transfusão, mas futuramente posso estar na mesma situação que muita gente está hoje. É um gesto simples que vai beneficiar muita gente”.

 

De acordo com a Fundação Hemominas, pode doar sangue toda pessoa saudável que tenha entre 18 e 65 anos de idade e, no mínimo, 50 quilos. Para realizar o ato, basta tomar alguns cuidados como repousar por seis horas na noite anterior à doação, alimentar-se normalmente (evitar comidas gordurosas), não doar em jejum e evitar bebidas alcoólicas seis horas antes. O gesto pode ser constante, bastando apenas respeitar os prazos: homens podem doar a cada 62 dias e mulheres a cada 92 dias.