Pesquisadoras de São Paulo e do Maranhão ganham o Grande Prêmio de teses

Foram conhecidos nesta quarta-feira, 20, os três vencedores da edição de 2007 do Grande Prêmio Capes de Teses. Os ganhadores foram Maria Laura Schuverdt, do Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Solange Maria Teixeira, do Programa de Pós-Graduação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e Ana Lia Parra-Pedrazzoli, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da Universidade de São Paulo (USP). As pesquisadoras receberão certificado, bolsa de pós-doutorado no exterior e premiação em dinheiro, oferecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) e pela Fundação Conrado Wessel.

Na área de ciências agrárias, Ana Lia, 34 anos, isolou e identificou o feromônio da praga Phyllocnistis citrella, conhecida como minador-dos-citros. Sob a orientação do professor Evaldo Ferreira Vilela, doutor em entomologia e colaborador do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da USP, Ana Lia iniciou o trabalho pela pesquisa básica e criou um produto tecnológico a ser oferecido aos citricultores.

Segundo ela, o produto contribuirá para a redução dos custos de produção e, principalmente, do impacto ambiental. “O feromônio, na forma sintética, será colocado no interior de armadilhas adesivas a serem instaladas nos pomares para prever a ocorrência da praga e tornar o controle mais econômico e efetivo”, explicou. Uma empresa japonesa assumirá a produção e uma cooperativa paulista, a comercialização.

Trabalhador — A preocupação com o envelhecimento do trabalhador brasileiro motivou a professora Solange Maria, 42 anos, a estudar as conseqüências sociais do problema. Ela foi orientada pela professora Marina Maciel Abreu, do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da UFMA.

“Os resultados do processo investigativo reforçam a centralidade do envelhecimento do trabalhador na constituição da problemática social do envelhecimento, da relação capital e trabalho como fundamento comum”, diz a autora. “E ainda o agravamento da questão social, materializado nas determinações e na configuração das condições de vida de frações da classe trabalhadora que envelhece, em especial as de baixa renda.”

Maria Laura, 32 anos, estudou a melhor forma de resolução de problemas matemáticos. “Como produto final, temos um método capaz de resolver problemas com um número enorme de variáveis e restrições, apto a ser usado nas ciências aplicadas e na tecnologia de decisões”, afirmou. “Ao mesmo tempo, o novo método está dotado de propriedades teóricas mais fortes do que as usuais.”

Seleção — No ano passado, foram inscritas 417 teses, que passaram por seleção feita por 51 comissões e 207 consultores de diversas instituições de ensino superior do Brasil. Criado em 2005, o Prêmio Capes de Teses é concedido em cada uma das áreas do conhecimento que tenha um representante de área nomeado pela Capes. As teses premiadas nessa modalidade são automaticamente inscritas no Grande Prêmio, que seleciona três ganhadores, um de cada conjunto de grandes áreas.

A cada edição são homenageados três cientistas. Em 2007, foram escolhidos Lobo Carneiro (grandes áreas de engenharias e ciências exatas e da terra), Celso Furtado (ciências humanas, lingüística, letras e artes, ciências sociais aplicadas e área de ensino de ciências) e Johanna Döbereiner (ciências biológicas, da saúde e agrárias).

Ao todo, 43 teses brasileiras de diversas áreas do conhecimento serão premiadas. Cada novo doutor receberá bolsa de doutorado no país de um ano e certificado. A relação dos ganhadores está na página eletrônica da Capes. A cerimônia de entrega está prevista para abril.

Ufla realiza o III Simpósio de Incentivo à Inovação

A Universidade Federal de Lavras (Ufla), a Secretaria do Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o Sebrae e a Prefeitura Municipal de Lavras organizam evento para a apresentação do Programa de Incentivo à Inovação e a realização do III Simpósio sobre Propriedade intelectual e Transferência de Tecnologia, que acontecerá nos dias 6 e 7 de março de 2008, no Salão de Convenções.

Na programação, estão previstos: lançamento do livro “Programa de Incentivo á inovação da Ufla” com a presença do Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Alberto Duque Portugal, assinatura de convênios, apresentação e mostras das tecnologias do programa de incentivo a inovação PII-Ufla e palestras.

Participarão das solenidades diversas instituições financeiras e empresas de fundos de investimentos.

A programação completa do simpósio pode ser conferida no site www.prp.ufla.br.

Outras informações pelo telefone 35 38291127 ou na Pró-reitoria de Pesquisa.

Andifes discute rumos da pós-graduação brasileira

Um projeto semelhante ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) deverá resultar do seminário que a Andifes realiza hoje (20/02) em Salvador. De acordo com o presidente da Associação, reitor Arquimedes Diógenes Ciloni(UFU), o encontro objetiva discutir formas de superar a fragmentação da pós-graduação brasileira. As discussões vão abranger o financiamento, a avaliação de desempenho e outras questões que ajudem na formulação de propostas de reestruturação da pós-graduação brasileira, no âmbito das universidades federais.

Ainda segundo o reitor Arquimedes Ciloni, as universidades federais brasileiras possuem programas de pós-graduação de alto nível, dos quais a maioria ostenta conceitos máximos – 5 a 7 – conforme avaliação da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes). Entretanto, a parte dos cursos avaliados insatisfatoriamente precisa de auxílio para melhorar sua conceituação. Falta, portanto, uma planificação que oriente novas linhas de pesquisa à luz de um projeto de nação. “Os organismos de fomento deveriam ter um papel propositivo mais articulado com um projeto nacional de desenvolvimento”, ressalta Arquimedes Ciloni, com a autoridade de membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. O presidente da Andifes lembrou que, com o advento do Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em outubro de ano passado, com uma dotação orçamentária de R$41 bilhões, a inserção da C&T passou de 1% para 1,5% em três anos. Agora, “é preciso racionalizar a utilização desses recursos, pois o momento é propício para um melhor planejamento das ações”.

Participam do encontro, como expositores, o presidente e a vice-presidente do CNPq, Marco Antonio Zago e Wrana Panizzi; o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães; o coordenador do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, Jaime Arturo Ramirez; os diretores de programas da Capes e do CNPq, Emídio Cantídio de Oliveira Filho e José Roberto Drugowich; o secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Antonio Rodrigues Elias; mais o diretor de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro, os reitores Ícaro de Sousa Moreira (UFC) e José Ivonildo do Rego (UFRN), além de Francisco César de Sá Barreto, ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Na quinta-feira (21/02), acontece a LXVIIIª reunião ordinária do Conselho Pleno da Andifes. O encontro contará com a participação do secretário da Educação Superior (SESu/MEC), Ronaldo Mota, e do superintendente de Planejamento e Pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Florival Carvalho. Entre os temas que serão debatidos durante a reunião do Conselho Pleno da Associação estão: balanço do (Reuni); Procuradorias Jurídicas das Instituições Federais de Ensino Superior; modelo de distribuição dos recursos de assistência estudantil; e adaptação do estatuto da Andifes ao novo Código Civil. Na sexta-feira (22/02), os dirigentes visitam a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Ufla realiza Workshop internacional em estresse abiótico

O evento é uma promoção da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e tem como objetivo a integração entre os programas de pós-graduação em Fisiologia Vegetal, Biotecnologia Vegetal e Ciência do Solo e que os participantes despertem o interesse por estudos que envolvam a multidisciplinaridade na resolução de questões ambientais envolvendo plantas, biotecnologia e metais pesados.

O workshop contou com a presença de pró-reitores, coordenadores de cursos e programas, chefes de departamentos, professores, técnico- administrativos, estudantes de graduação e de pós-graduação.

Para compor a mesa de honra foram convidadas as seguintes autoridades: o pró-reitor de Pós-Graduação, Joel Augusto Muniz, representando Antônio Nazareno Mendes, reitor da Ufla; pró-reitora de Pesquisa, Édila Vilela de Resende Von Pinho; coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal, Renato Paiva; coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo, Carlos Alberto Silva e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Vegetal, Luciano Vilela Paiva.

Pobreza afeta neurônios e prejudica aprendizado

Herton Escobar, BOSTON

Crianças criadas em condições de pobreza têm mais dificuldade para aprender, não só por questões socioeconômicas, mas também biológicas. Pesquisas realizadas nos últimos anos comprovam que a pobreza tem impacto direto no desenvolvimento do cérebro, justamente no período mais crítico da infância, deixando seqüelas neurológicas que diminuem a capacidade de aprendizado. Pelo que estão descobrindo os neurobiólogos, o fraco desempenho dos alunos da rede pública tem raízes que vão muito além do que acontece na sala de aula.Os resultados dessa relação entre pobreza e aprendizado já são conhecidos dos educadores, mas os cientistas ainda estão longe de explicar como isso ocorre biologicamente.

Uma explicação simples seria dizer que crianças pobres freqüentam escolas piores, têm menos acesso a informação e cultura, portanto é natural que aprendam menos do que as outras, mais privilegiadas. Nesse caso, é fácil jogar a culpa nos professores ou na falta de dedicação dos próprios alunos. Mas, segundo os cientistas, é preciso considerar que esses alunos já entram no sistema em desvantagem, por mais dedicados que sejam.

CIRCUITOS MAL LIGADOS

A capacidade do ser humano de memorizar, lembrar e aprender novas informações depende de uma constante reconfiguração de sinapses – as ligações entre um neurônio e outro, por meio das quais são transmitidas e armazenadas as informações no cérebro. A maior parte dos neurônios é formada no útero, durante o desenvolvimento embrionário e fetal, mas a planta básica de conectividade dessas células só é estabelecida nos primeiros anos de vida, na medida em que a criança aprende a falar e raciocinar.

Numa situação de pobreza, em que há menos estímulos, piores condições de saúde, má nutrição, maior exposição a substâncias tóxicas, abuso e outras dificuldades domésticas, esse desenvolvimento primordial do cérebro pode ser prejudicado. “Uma vez que os circuitos são fechados, não dá para voltar atrás e reconfigurar o sistema. A criança vai viver com os circuitos defeituosos para sempre”, diz o pesquisador Jack Shonkoff, diretor-fundador do Centro sobre Desenvolvimento Infantil de Harvard.

O assunto foi tema de um simpósio da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) na semana passada, em Boston. “Não há dúvida de que ser pobre é ruim para o cérebro”, disse a organizadora do debate, Martha Farah, da Universidade da Pensilvânia. Estudos mostram, por exemplo, que crianças de três anos de idade, cujos pais têm diploma universitário, têm um vocabulário três vezes maior do aquelas cujos pais não completaram o ensino básico. “Com dois anos você já pode notar a diferença”, disse Shonkoff. As seqüelas da pobreza no desenvolvimento cerebral são profundas, mas não totalmente irreversíveis. Estudos com animais mostram que o cérebro tem “plasticidade” suficiente para se recuperar, se os estímulos positivos para que isso ocorra forem também suficientes. No caso dos seres humanos, esses estímulos podem variar desde um programa de leitura até a oportunidade de estudar numa boa escola.

Seminário abre debate sobre alternativas para aumentar a escolarização no campo

Na zona rural brasileira, 60% dos estudantes que concluem a oitava série do ensino fundamental não se matriculam no ensino médio. Dados do Censo Escolar demonstram que, dos alunos matriculados nessa etapa do ensino, mais de 92% deslocam-se para a área urbana. Além do número de escolas rurais ser muito pequeno, o ensino raramente leva em consideração as especificidades do campo. Desde ontem, técnicos do Ministério da Educação estão reunidos com professores universitários e representantes de movimentos sociais para discutir a questão.

O objetivo do encontro é a elaboração de uma proposta de oferta, no campo, de ensino de nível médio integrado ao profissionalizante e à educação de jovens e adultos. A 2ª Oficina sobre Ensino Profissional Integrado do Campo, coordenada pelas secretarias de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC) e de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC), apresentará novos métodos a serem adotados a partir do segundo semestre deste ano.

A intenção é elevar a taxa de escolarização em áreas rurais e, a longo prazo, promover a emancipação do campo em relação à área urbana. Dentre as propostas apresentadas, está a de ensino médio profissionalizante de quatro anos voltado para a produção agropecuária, com ênfase em agroecologia. De acordo com Ana Laurenti, consultora da coordenação-geral de educação no campo do MEC, essa opção atende a demanda dos pequenos produtores rurais.

“Historicamente, as escolas técnicas agrícolas preparam técnicos com conhecimentos aplicáveis a grandes fazendas e agroindústrias”, explicou. De acordo com a especialista, a nova modalidade é mais adequada à agricultura familiar, por ensinar técnicas que exigem menos insumos e equipamentos para o plantio.

Estão previstas, ainda, opções de ensino profissionalizante não necessariamente voltadas para atividades agrícolas. “Queremos formar pessoas para atender às necessidades da área rural, mas isso não significa que elas tenham de atuar no campo”, disse Ana Laurenti. As áreas podem ser as de turismo e saúde, por exemplo.

Até o fim da tarde desta terça-feira, 19, será elaborado documento que norteará as ações educacionais do ensino médio em área rural. Participam da oficina professores e técnicos de instituições, organizações e movimentos sociais com experiência em projetos de escolarização, técnicos da Secad, da Setec e da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC).