Divulgado resultado parcial do IV Concurso de Qualidade de Cafés de Minas Gerais

A Emater/MG divulga o resultado parcial do IV Concurso de Qualidade de Cafés de Minas Gerais.

Nas categorias de cereja descascada – CD e natural – NAT, foram pré-classificados produtores dos municípios de: Machado, Carmo de Minas, Patrocínio, Araponga, Manhuaçu, Andradas, Poços de Caldas, Heliodora, Santo Antônio do Amparo, São Sebastião do Paraíso, Cabo Verde, Pedralva, Oliveira, São Tomás de Aquino.

O encerramento do Concurso será às 18 horas do dia 21 de novembro de 2008.

O leilão acontecerá no dia 21 de novembro, às 15 horas.

Mais informações: (35) 3821-0010 www.emater.mg.gov.br

Estudo lança luz sobre problemas infantis na escola

Portal Terra, 13/11/07

Benedict Carey

Educadores e psicólogos há muito temem que crianças que estejam começando na escola com problemas comportamentais enfrentarão problemas em seus futuros anos de estudo. Mas duas pesquisas recentes sugerem que esses temores talvez sejam exagerados.

Uma delas concluiu que os alunos de jardins de infância identificados como perturbados se saem tão bem quanto seus colegas, no ensino básico. A segunda constatou que crianças que sofrem de diferentes formas de deficiência de atenção na verdade são vítimas de lentidão no desenvolvimento no cérebro, e não de um defeito ou déficit mental.

Os especialistas dizem que as conclusões dos dois estudos, que estão sendo publicados hoje por duas revistas científicas diferentes, podem mudar a maneira pela qual cientistas, professores e pais compreendem e administram crianças incômodas ou emocionalmente retraídas, nos anos iniciais de escola. Os estudos podem até levar a uma reavaliação das possíveis causas de comportamento perturbador em algumas dessas crianças.

´Acredito que essas conclusões possam tomar grande importância, e nos forcem a perguntar se esse tipo de problema, expresso na forma de comportamento incômodo, não seria secundário com relação às expectativas indevidas de maturidade que alguns educadores mantêm com relação às crianças assim que elas chegam à escola´, disse Sharon Ramey, diretora do Centro de Saúde e Educação da Universidade Georgetown, que não participou de nenhum dos dois estudos.

Em uma das pesquisas, uma equipe internacional de cientistas analisou os indicadores de desenvolvimento social e intelectual de mais de 16 mil crianças e constatou que os comportamentos perturbadores e anti-sociais no jardim de infância não se correlacionam aos índices de sucesso registrados ao final do ciclo de ensino básico.

Os alunos de jardim de infância que costumam interromper professores, desobedecer instruções ou até puxar briga com colegas tinham desempenho tão bom em leitura e matemática quanto crianças de nível semelhante de habilidade, quando os dois grupos de estudantes chegavam à quinta série, de acordo com o estudo.

Outros pesquisadores acautelaram que as conclusões do estudo, que estão sendo publicadas pela Developmental Psychology, uma revista científica, não implicam que os problemas emocionais de que as crianças sofrem sejam triviais ou incapazes de prejudicar seu desenvolvimento acadêmico, nos anos anteriores ou posteriores ao ensino básico.

No outro estudo, pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde americano e da Universidade McGill, no Canadá, usando técnicas de varredura magnética, constataram que os cérebros de crianças que sofrem de distúrbio de deficiência de atenção e hiperatividade em geral se desenvolvem de maneira mais lenta em algumas áreas do que os cérebros de crianças que não sofram esse tipo de distúrbio.

O distúrbio de deficiência de atenção se tornou o mais comum diagnóstico psiquiátrico para as crianças pequenas que exibem comportamento incômodo; estima-se que entre 3% e 5% das crianças em idade escolar sofram do problema. Os pesquisadores há muito debatem se isso é resultado de alguma deficiência cerebral ou simplesmente de um atraso no desenvolvimento.

Os médicos dizem que o relatório, que sai na Proceedings of the National Academy of Sciences, ajuda a explicar por que tantas crianças revertem o diagnóstico inicial de distúrbio de deficiência de atenção, quando passam do ensino básico ou ainda posteriormente, muitas vezes depois de tratamentos com medicamentos estimulantes que melhoram sua concentração, quando ainda pequenas.

As conclusões do primeiro estudo surgiram de uma colaboração entre uma dúzia de importantes pesquisadores, que decidiram reavaliar os dados de seis grandes estudos sobre o desenvolvimento infantil realizados de 1970 para cá. Cada um desses seis estudos acompanhou centenas de crianças da primeira infância até o ensino básico, registrando seu desempenho com relação a diversos indicadores, entre os quais a capacidade matemática e a de leitura, a estabilidade emocional, a capacidade de concentração, e a atenção. A maioria dos estudos utiliza relatórios de professores sobre os alunos a fim de avaliar o progresso emocional e social dos estudantes e sua capacidade de prestar atenção, quando isso lhes é requerido. Os pesquisadores ajustaram os resultados de sua avaliação com o objetivo de eliminar fatores como a renda familiar e a estrutura da família das crianças.

Embora houvesse baixa correlação entre problemas de comportamento no jardim da infância e o sucesso acadêmico posterior, os pesquisadores concluíram que os resultados obtidos em testes de matemática por crianças de cinco ou seis anos de idade apresentavam forte correlação com os resultados acadêmicos que elas viriam a obter na quinta série. A capacidade de leitura e os resultados quanto aos indicadores de atenção, no jardim da infância – áreas em que as crianças que sofrem de distúrbio de atenção costumam encontrar problemas – também serviam para a previsão de futuros resultados acadêmicos, mas apresentando correlações bem menos fortes do que no caso dos resultados de testes matemáticos. Os padrões se assemelhavam para meninos e meninas, e também para crianças de famílias afluentes e de famílias de baixa renda.

Os autores do estudo sugerem que os programas pré-escolares talvez devessem considerar a possibilidade de desenvolver métodos mais efetivos de treinamento matemático no período anterior ao ensino básico. As conclusões devem eliminar de vez as preocupações quanto à possibilidade de que crianças inquietas, incômodas ou retraídas, em seus anos de pré-escola, estejam condenadas a enfrentar futuros problemas acadêmicos.

´Para os jardim de infância, ao que parece os professores se provaram capazes de contornar esses problemas de comportamento de maneira que permite às crianças que sofrem esse tipo de dificuldade aprender tanto quanto as demais crianças que ostentam nível de capacidade básica semelhante´, disse o diretor do projeto de pesquisa, Greg Duncan, professor de desenvolvimento humano e políticas sociais da Universidade Northwestern. Essa constatação, em especial, afirmou Duncan, ´resultou em grandes controvérsias entre os psicólogos especialistas em desenvolvimento que avaliaram o estudo´.

Um dos psicólogos que discordam da teoria é Ross Thompson, professor de psicologia na Universidade da Califórnia em Davis. Ele afirma que seria um erro concluir, com base nos resultados, que os programas adotados para orientar o desenvolvimento emocional dos alunos de pré-escola fossem ineficientes. ´Isso seria uma tremenda, dupla, desvantagem para as crianças realmente difíceis´, disse ele. ´Primeiro, não receberiam ajuda para administrar melhor seu comportamento, e depois seriam classificadas como crianças-problema tão logo entrassem na escola´.

No segundo estudo, pesquisadores do governo no campo da psiquiatria compararam imagens de tomografias cerebrais de dois grupos de crianças: um deles composto por meninos e meninas que sofrem de distúrbio de atenção e o outro por crianças que não enfrentam esse problema. Os cientistas acompanharam as crianças – 223 em cada grupo – dos seis aos 16 anos, obtendo múltiplas imagens tomográficas de cada participante ao longo do período.

Em um cérebro que esteja se desenvolvendo normalmente, o córtex cerebral ¿o revestimento externo do cérebro, região em que se concentram os circuitos envolvidos no pensamento consciente- se adensa durante a primeira infância. Depois, reverte o curso e volta a se afinar, perdendo neurônios à medida que a criança vai se aproximando da adolescência. O estudo constatou que, em média, os cérebros das crianças que sofrem de distúrbio de atenção iniciam esse processo de ¿poda¿ aos 10 anos e meio de idade, cerca de três anos depois de seus colegas que não enfrentam a mesma dificuldade.

Cerca de 80% das crianças que sofriam de deficiência de atenção usavam ou haviam usado medicamentos estimulantes, e os pesquisadores não tinham como aferir o efeito dos medicamentos sobre o desenvolvimento cerebral. Os médicos consideram que os medicamentos estimulantes sejam uma boa maneira de estimular a atenção em curto prazo; o novo estudo não deve alterar essa posição.

Mas o maior atraso no amadurecimento do cérebro foi localizado exatamente naquelas áreas do córtex mais envolvidas com a atenção e o controle motor, disse o diretor científico do projeto, Philip Shaw, psiquiatra do Instituto Nacional de Saúde Mental. ´Essas são exatamente as áreas nas quais tínhamos a expectativa de localizar diferenças´, afirmou Shaw.

Tradução: Paulo Migliacci ME

The New York Times

Nem a chuva atrapalhou a beleza do Festival

Com uma produção impecável, o Festival de Batuque Cultural, mostrou na sua primeira edição a que veio, impressionando a todos que estiveram presentes

Aneliese Castro

Nem mesmo o mal tempo do último sábado, conseguiu estragar a beleza e a produção impecável, da 1ª edição do Festival de Batuque Cultural. As cores de uma decoração muito bem preparada, os ambientes que cada tenda proporcionou, oficinas apreciadas por dezenas de visitantes, apresentações de teatro e cinema, a feirinha de alimentos e artesanato e os shows de música, foram elogiados por todos que visitaram e participaram deste primeiro sábado de Festival.

De acordo com a coordenadora do evento, Natália Carvalho, o resultado foi muito satisfatório para a primeira vez de um acontecimento como esse na cidade. “Nossa intenção é plantar a semente do movimento cultural em Lavras. Essa cidade tem tudo para ser um pólo de diversidade cultural e o Festival de Batuque pode ser o grande impulsionador para que isso se torne uma realidade”, comenta.

O presidente da Comissão do Centenário Luiz Antônio Lima, agradece a presença dos professores, servidores e alunos e fala da resposta positiva que foi alcançada pela produção. “Foi fácil perceber o retorno da cultura e do rock apoiado pela Ufla. As bandas, de alta qualidade, elogiaram muito o profissionalismo da organização do evento. Quem não foi perdeu”, conclui Luiz Lima.

Ao final da tarde, o grupo “Mucambo” – de São João del Rey – com sua apresentação de Maracatu, fez a “tenda Palco” tremer. O ritmo dos tambores e chocalhos levantou o público, que pulava e dançava. Todos (coordenadores, produtores, oficineiros e visitantes) eram unânimes em expressar sua satisfação com o sucesso daquele momento.

O Festival de Batuque Cultural ainda irá acontecer em duas próximas edições.

Mais informações no site: www.centenario.ufla.br/batuquecultural

Ufla recebeu Diretoria e Conselho Curador da Fapemig

A Universidade Federal de Lavras (Ufla), recebeu o evento “Fapemig no Interior”, com participação da Diretoria e do Conselho Curador da Fapemig, nos dias 12 e 13 de novembro, com a presença de reitores e representantes das Universidades Federal de Ouro Preto,Alfenas, São João del Rei, Minas Gerais,Diamantina e Lavras.

A realização da reunião do Conselho Curador da Fapemig na Ufla, teve como objetivos: a apresentação Institucional da Fapemig, o envolvimento regional, ouvir a comunidade acadêmico-científica e conhecer os projetos desenvolvidos pela Ufla.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais é a única agência de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico de Minas Gerais. É uma fundação do Governo Estadual, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, tendo seus recursos financeiros assegurados pela Constituição do Estado.

Foram convidados para compor a mesa de honra o reitor da Ufla em exercício, Ricardo Pereira Reis; conselheiro José Policarpo Gonçalves de Abreu, representando a presidente do Conselho Curador, Lucilia de Almeida Neves Delgado; presidente da Fapemig José Geraldo de Freitas Drumond, diretor científico, Mário Neto Borges, diretor de Planejamento, Gestão e Finanças, Paulo Kleber Duarte Pereira, reitor da Ufop, João Luiz Martins, pró-reitor de Pesquisa, José Roberto Soares Scolforo, pró-reitor de Pós-Graduação, Joel Augusto Muniz e diretora executiva da Fundecc, Iara Alvarenga Mesquita Pereira.

Durante a cerimônia de abertura, realizada no auditório da Universidade, o pró-reitor de pesquisa José Roberto Scolforo destacou a atuação da Fapemig no apoio aos pesquisadores locais. ‘A Fapemig representa, atualmente, a fonte de recursos mais expressiva para a Ufla, seja na concessão de bolsas, na realização de projetos ou na organização de eventos’.

Ele ressaltou, também, a participação da Fundação na estruturação do núcleo de propriedade intelectual. A Ufla, assim com o a Funed, a Unimontes e a Epamig, faz parte de um projeto piloto da Fapemig de incentivo à proteção intelectual. Esse projeto prevê a estruturação de núcleos e a capacitação de profissionais para atuar na área. ‘Há dois anos, a Ufla possuía apenas dois registros de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Hoje, após o trabalho em conjunto com a Fapemig, a Universidade detém 17 registros de patente, além de marcas e softwares’, acrescenta Scolforo.

No dia seguinte, a reunião teve continuidade com a participação de membros da comunidade acadêmica regional. Foram apresentadas as demandas e feitas as sugestões ou críticas. Como destaca o conselheiro José Policarpo Gonçalves de Abreu, presidente em exercício do Conselho Curador, essa é a hora certa para falar. ‘As sugestões são discutidas posteriormente e, se for o caso, transformadas em ações ou programas da Fapemig’, explica.

Entre as demandas levantadas estão a criação de uma bolsa de produtividade para pesquisadores prestes a se aposentar e a expansão do programa de bolsas de iniciação tecnológica.

Finalizando a reunião, conselheiros da Fapemig, reitores e convidados visitaram diversos setores da Ufla, entre eles os Laboratórios de Biologia Molecular; Laboratório de Microscopia Eletrônica; Departamento de Ciência da Computação e Laboratório de Computação Científica; Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal; Laboratório Central de Química; Laboratório Central de Sementes e Laboratório Central de Química Ambiental.

Homenagem

No ano em comemoração ao centenário de fundação da Universidade Federal de Lavras, a maior honraria outorgada pela Instituição a pessoas e instituições é a “Medalha Comemorativa do Centenário”, num gesto simbólico da reitoria em homenagem a todos os parceiros que contribuíram para a construção da história da Escola Agrícola de Lavras, da Escola Superior de Agricultura de Lavras e da Universidade Federal de Lavras.

O reitor em exercício, Ricardo Pereira Reis, prestou uma homenagem à Fapemig, na pessoa do presidente José Geraldo de Freitas Drummond e ao Conselho Curador, na pessoa do presidente conselheiro José Policarpo Gonçalves de Abreu, em reconhecimento à permanente colaboração para o desenvolvimento institucional e à profícua parceria estabelecida, o que contribuiu para a consolidação da Ufla como referência de qualidade no ensino, na pesquisa e na extensão universitária.

Fapemig no Interior

O Programa Fapemig no Interior foi criado em 2005 pelo Conselho Curador da Fundação, órgão responsável por elaborar as diretrizes institucionais. O Conselho se reúne todos os meses na sede da Fapemig, em Belo Horizonte. De acordo com a proposta do Programa, duas dessas reuniões passam a ser realizadas em uma cidade do interior do Estado.

A primeira reunião foi realizada em Itajubá. Em seguida, foi a vez de Montes Claros receber o Conselho. Em 2006, as reuniões se realizaram em Viçosa e Ouro Preto. A reunião de São João Del Rei foi a primeira de 2007. Após Lavras, a cidade que receberá o Conselho Curador é Uberlândia, em maio de 2008.

A escola e a desigualdade

Correio Braziliense, 13/11/07

Alain Touraine, Sociólogo

Aquilo que uma sociedade diz da educação, como é, como deveria ser, nos informa muito mais do que qualquer outro discurso acerca da natureza e dos objetivos dessa sociedade. Já é uma razão suficiente para se ler com o maior interesse os resultados do estudo dirigido por Juan Casassus, responsável pelo programa da Unesco sobre o estado da educação na América Latina e Caribe, intitulado A escola e a desigualdade, lançado ontem em Porto Alegre. Dever-se-ia começar a ler e julgar esse livro partindo dos dados comparativos que apresenta com relação à qualidade da educação nos diferentes países, no campo e na cidade, nos diferentes setores sociais etc., já que nos repassam resultados e análises percucientes e que são de uma qualidade nitidamente superior a tudo que se encontra à nossa disposição na atualidade.

J. Casassus demonstra, com cifras concretas, analisadas segundo métodos estatísticos sofisticados, que grande parte da desigualdade que se observa na escola e na sua saída é produzida nela mesma e não é herdada das diferenças entre as famílias cujos filhos vão à escola. Tal afirmação repensa os debates sobre a educação, obrigando a abandonar-se todas as interpretações que eximem a escola de suas responsabilidades na desigualdade social, porque, é bom que recordemos, seria a desigualdade de marcha a ré, nas famílias e no meio social, que explicaria a desigualdade de oportunidades e de resultados tão fáceis de observar.

Certamente que as diferenças entre os meios sociais de origem determinam uma interferência profunda e quando se analisam de forma elaborada os dados que permitem comparar, por exemplo, escolas rurais com escolas urbanas, percebe-se que é a desigualdade entre as famílias o fator preponderante. Mas o que ecoa como explosão é que as variáveis internas da escola têm um peso maior com respeito à igualdade ou desigualdade do que as variáveis exteriores a ela.

A desigualdade aumenta em parte porque o afastamento dos professores em relação a seus alunos deixa o terreno livre para a ação do ambiente social, o qual, como é de se prever, é mais favorável para aqueles meninos que provêm de famílias de rendas mais altas e de maior nível educacional se comparados com os das famílias de parcos recursos culturais e, por isso mesmo, incapazes de ajudar o jovem a visualizar um futuro desejável. Entretanto, o segundo resultado sobre o qual insiste Juan Casassus é mais preciso ainda e seu peso, alega o autor, é mais forte do que o conjunto dos outros fatores reunidos. Trata-se da presença ou ausência na escola de um ambiente emocional favorável ou não ao aprendizado. E aqui o autor nos apresenta a imagem de uma aula quase ideal na qual uma professora muito preparada transmite aos meninos o gosto pelo conhecimento e dedica o essencial de seu trabalho ao estabelecimento de boas relações com os estudantes.

Da leitura do livro inferimos que, em lugar de esperar resultados positivos de um crescimento econômico prolongado ou de uma ação revolucionária, vemos que é possível agir aqui e agora. É possível melhorar os resultados de todos os países do continente, diminuir a desigualdade definindo as prioridades que uma sociedade deve adotar para sair da situação atual, que é duplamente perversa, objetivamente pelo baixo nível dos resultados e, subjetivamente (ou politicamente) porque os países da América Latina, como muitos outros no mundo, se negaram e ainda se negam a considerar como os principais responsáveis, para o bem ou para o mal, os sistemas escolares.

A clareza das conclusões, a qualidade técnica das análises, a forma como se questionam os diferentes modos de análises fazem do breve estudo um documento que deveria ocupar um lugar central na formação dos professores e não somente na América Latina. Os países mais ricos, que são também os mais orgulhosos de seu sistema educacional, também têm tanto que aprender com Juan Casassus como os países pobres ou aqueles que estão em uma situação intermediária.

Uma descoberta mais importante ainda é identificar hoje o papel predominante que representam os fatores internos nos resultados escolares e, portanto, na desigualdade de oportunidades contra a inserção na vida profissional. Meu desejo é que a Unesco e os editores tomem o mais rápido possível as medidas necessárias para que um texto desta envergadura e desta importância transcenda o público receptor dos relatórios — não raro excelentes — que são produzidos pelas organizações internacionais e os centros de estudo. O livro é tão revelador que deveria chegar ao mais amplo público possível e, em particular, ao círculo dos que decidem, sejam professores ou membros da elite política.