A opção de estudar fora

Revista Época, Ed. 495 – 12/11/07

Luciana Vicária

Cada vez mais brasileiros buscam uma universidade no exterior. Pode ser até mais barato que estudar aqui

O brasileiro Sheide Chammas ficou impressionado quando viu, ao longe, o prédio gótico que abriga uma das bibliotecas da Universidade Yale, um dos maiores e mais antigos bancos de dados do mundo. É nessa bela construção erguida pelo arquiteto americano Richard Meyer que o jovem de 19 anos terá a chance de se perder. Seus corredores abrigam parte do acervo de 11 milhões de volumes, de papiros antigos a obras que só existem em acervo eletrônico. Localizada em New Haven, no Estado americano de Connecticut, a escola de Chammas é a que mais formou presidentes até hoje, entre eles George W. Bush e Bill Clinton. De lá saíram mais de uma dezena de prêmios Nobel, como James Tobin, assessor econômico do presidente John F. Kennedy. Até o grito de guerra de Yale é obra de um ex-aluno ilustre que não chegou a concluir a graduação por lá. As rimas foram criadas por Cole Porter, um dos maiores compositores americanos. Chammas é calouro na Universidade Yale. É um dos primeiros alunos aprovados em uma das instituições mais desejadas do mundo. Não teve o mesmo sucesso quando tentou cursar Direito na Universidade Federal da Bahia. “Eu não li todos os livros e não estava acostumado com testes tão longos”, diz. Para compensar, conta que se preparou melhor para Yale.

A experiência de Chammas é também a de pelo menos 5 mil brasileiros que experimentam a graduação fora do país neste ano. Até dois anos atrás, o mais comum era concluir o curso superior no Brasil e só depois investir em uma experiência internacional. A tendência se inverteu. De acordo com o Instituto Internacional de Educação, no ano passado 3.582 brasileiros passaram pelo menos um semestre fazendo graduação nos Estados Unidos, mais que os 2.599 matriculados em cursos de pós-graduação. Somem-se a eles os 1.300 brasileiros que foram para a Espanha, os 900 que foram para a Inglaterra, e por aí vai. Estima-se que o aumento de estudantes lá fora tenha sido de 40% em menos de cinco anos.

Uma das razões para essa tendência é o custo. Com o dólar mais baixo e mensalidades em torno de US$ 1.000, os estudantes brasileiros passaram a considerar a oportunidade de estudar fora já na graduação. Esse é o preço da Universidade Binghamton, uma das cem melhores de acordo com o anuário da U.S. News & World Report. Ela é mais barata que o Ibmec-SP (leia o quadro na página 103). No Brasil, apenas duas universidades aparecem na lista das 200 melhores do Suplemento Times de Educação Superior, publicação britânica que avalia instituições de todos os países. São a Universidade de São Paulo (175o lugar) e a Universidade de Campinas (177o lugar). Em compensação, há pelo menos 30 instituições americanas na lista das melhores do mundo com mensalidade de cerca de US$ 1.000.

A segunda razão para o aumento da procura das faculdades estrangeiras é a própria globalização do mercado de trabalho. A principal vantagem de estudar em uma boa universidade fora do país é conseguir o que os especialistas chamam de empregabilidade global. “O estudante fica mais solicitado e pode encontrar um emprego em qualquer lugar do mundo”, diz Ryon Braga, consultor educacional. O economista e matemático Rodrigo Ferreira, de 24 anos, formado na Universidade Lawrence, no Estado americano de Wisconsin, participou de um programa de trainee e foi convidado a trabalhar em um banco de investimentos na Inglaterra. Disputou com outros 5 mil candidatos e ficou com uma das 250 vagas. “Acho que levei vantagem pela bagagem cultural”, diz o carioca, que estudou nos Estados Unidos

Dá para arcar com o custo de vida em outro país? A resposta é sim, na maioria dos casos. As universidades americanas e inglesas estão preparadas para receber estudantes internacionais. Elas sabem que alunos latinos e asiáticos, em geral, não têm condições de se manter em outro país sem ajuda financeira. E oferecem algumas opções para isso. Os estudantes podem trabalhar no campus da universidade e trocar algumas horas diárias como monitor de laboratório ou ajudante de biblioteca por comida e hospedagem. Nos EUA vale uma regra básica para os bons alunos: a meritocracia. “Se for preciso, a gente faz um empréstimo, mas alunos excepcionais não ficam de fora”, diz Richard Levin, presidente de Yale. “Cérebros geniais não têm nacionalidade. E nós de Yale queremos todos os que forem possíveis.”

Para conquistar uma vaga lá fora é preciso conhecer o processo de avaliação (leia o quadro). Não há vestibular. A prova é uma espécie de Enem, o exame brasileiro que avalia o ensino médio. Mas não é tudo. A nota é somada ao histórico escolar, ao exame de proficiência em inglês e à avaliação de um questionário extenso que mede conceitos como empreendedorismo e poder de persuasão, com perguntas do tipo: “quem é você?” e “por que deseja ser nosso aluno”. “Uma boa nota nesse teste é decisiva para estudantes estrangeiros”, afirma a consultora Patrícia Cas Monteiro, que diz ter colocado 252 brasileiros nas cinco melhores universidades do mundo. Foi nessa etapa importante que Chammas se destacou. Ele mandou para os avaliadores seu teorema de matemática, o projeto feito para drenar o campo de futebol do colégio, que sempre alagava, e escreveu uma redação sobre sua experiência como presidente do grêmio na escola. “Nos EUA, o candidato que não tenha experiências fora da escola para contar está automaticamente excluído do processo”, afirma Thais Xavier, diretora da Fundação Estudar, entidade brasileira que concede bolsas de estudos para jovens no Brasil e no exterior.

A maior parte dos estudantes brasileiros interessados em estudar fora se associa a pessoas como Patrícia, que ganha a vida treinando estudantes, ou a entidades como a Fundação Estudar, que conhece o caminho até lá. Algumas oferecem bolsas de estudos. A Fundação Estudar ajudou 37 universitários de graduação neste ano, entre eles Chammas. A Fulbright, um programa de intercâmbio educacional e cultural do governo dos EUA, ofereceu ajuda a outros 50 brasileiros interessados em escolas técnicas de nível superior nos EUA. A British Council deu 30 bolsas para instituições inglesas, e a Fundação Carolina outras 20 para a Espanha.

Para quem não tem grande desempenho acadêmico, o caminho mais fácil é apostar na habilidade esportiva. Grande parte das universidades americanas reserva vagas para atletas. A demanda é tamanha que hoje há empresas especializadas na área. “O esporte é o passaporte para que muitos jovens possam estudar”, diz o empresário Felipe Fonseca, do Daquiprafora, uma espécie de loja de atletas universitários. Ele já encaminhou 500 jovens esportistas brasileiros para universidades americanas. Entre eles Idalina França, que conclui neste ano o curso de Comércio Exterior na Universidade de North Texas.

A jovem de 25 anos diz que não teria dinheiro para pagar uma universidade privada no Brasil nem formação para ser aprovada em uma instituição pública. Mas Idalina tem habilidade esportiva. Ela aprendeu a jogar tênis na academia em que o irmão dava aula. No início,trabalhava como pegadora de bola. “Eu treinava sempre que a quadra estava vazia”, diz. “Sei que vou deixar o esporte em alguns anos, mas a formação acadêmica que estou tendo aqui já mudou minha vida.” Neste ano, Idalina foi eleita a melhor jogadora da universidade. Ela tem bolsa para estudar e para morar. Mas tem de apresentar bom desempenho na quadra e no boletim no fim de cada semestre.

Além disso, as universidades americanas são tolerantes à indecisão dos vestibulandos. Essa foi uma das razões que levaram o baiano Chammas a escolher os EUA. Elas permitem que os alunos decidam a profissão apenas no final do 2o ano. “Enquanto isso, a gente vai experimentando as disciplinas e amadurecendo a idéia”, diz Chammas. Ao se inscrever no vestibular, ele pretendia ser engenheiro. Hoje, após dois meses de aula, diz que pode se formar economista. Se fosse no Brasil, o estudante teria feito sua opção ao preencher o manual do candidato. E, se voltasse atrás, teria de prestar o vestibular novamente.

Algumas áreas do conhecimento são bem mais desenvolvidas na Europa e nos Estados Unidos. Essa é outra razão que arrasta centenas de estudantes para esses lugares. A proliferação das universidades no Brasil é recente. Em 1995, eram 894 instituições de ensino superior. Em 2005, o número mais que dobrou, para 2.165, segundo o Ministério da Educação. Não houve tempo, portanto, para que cursos de vanguarda como Moda, Tecnologia e Design alcançassem o nível de excelência que existe em outras partes do mundo. Foi o que levou a carioca Elisa Gouveia a optar por um curso de Teatro em Nova York. Ela se formou no ano passado na Universidade Hofstra, na cidade de Long Island. De lá para cá, já se apresentou em duas peças de teatro na Time Square e participou da filmagem de um clipe e de um curta-metragem. Pretende continuar nos Estados Unidos para fazer pós-graduação. “No Brasil, eu não encontraria laboratórios de pesquisa tão focados em interpretação como aqui”, diz.

As universidades brasileiras estão reagindo à tendência de globalização dos alunos. Mais de 200 instituições brasileiras de nível superior já assinaram convênios com universidades estrangeiras. A idéia é oferecer essa vantagem aos alunos que estudam aqui. A prática se tornou tão comum que ganhou até um nome: graduação-sanduíche. É o curso de graduação no Brasil com a experiência internacional no meio. O curso de Gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, unificou o currículo com o Instituto de Educação Superior Glion, na Suíça, de modo que o aluno de lá sai com dupla titulação.

Alguns especialistas dizem que o sanduíche é ainda melhor que fazer toda a graduação fora. Afirmam que a perda de contato com o mercado de trabalho durante a formação superior pode colocar o estudante em desvantagem. “Afinal, boa parte dos profissionais contratados passa por um programa de estágio ou trainee durante os últimos anos do curso”, diz Fátima Rosseto, consultora da DBM Brasil, uma empresa de gestão de recursos humanos. “Há também uma idéia falsa de supervalorização do currículo.” Ela explica que a experiência internacional é um diferencial na carreira, mas não é tudo. Em algumas áreas a graduação fora é quase inviável, como Direito e Medicina, em que é praticamente impossível revalidar o currículo aqui sem ter de estudar tudo de novo. “Estudar fora do país envolve planejamento de carreira – e a manutenção da rede de contatos no Brasil”, diz o especialista em carreiras Max Gehringer, colunista de ÉPOCA. Isso porque boa parte dos estudantes que se formam volta para começar a carreira no Brasil.

Outra dificuldade é a própria adaptação à vida lá fora. Mesmo jovens com experiência prévia de viagens ao exterior podem se surpreender com os rigores da vida cotidiana em uma universidade estrangeira. “Quando um aluno chega até mim com a idéia de estudar fora, eu logo pergunto se já experimentou o frio e como se sente em relação a ele”, diz a consultora Patrícia. “Há quem volte por motivos que parecem banais, mas que no dia-a-dia pesam.” A consultora Fátima, da DBM Brasil, diz que já entrevistou recém-formados que tinham desistido da universidade estrangeira e terminado o curso no Brasil

Independentemente das dificuldades, a tendência de globalização do ensino superior é boa para o Brasil. A experiência que os estudantes adquirem fora contribui para criar uma cultura empreendedora aqui. “A diferença é que fora do Brasil os alunos aprendem a transformar conhecimento em produtividade. Eles são estimulados a ser empreendedores”, diz Luciano Salamacha, consultor de empresas e professor da FGV-Rio. “Isso é bom para o país. Há inúmeros casos de jovens que voltam, abrem o próprio negócio aqui e geram riqueza para o país.”

Foi o caso de Ricardo Alves, que abriu uma empresa de software para celulares no Brasil, depois de se formar engenheiro de computação na Universidade Stanford, na Califórnia. Sua empresa é uma das maiores do mercado brasileiro e já exporta soluções para os Estados Unidos e alguns países da Europa.

A Capes, o Sinaes e o futuro das Universidades

Revista Gestão Universitária – Edição 145

Samuel José Casarin

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) divulgou o resultado de sua avaliação trienal (2004-2006) dos programas de mestrado e doutorado do país. Dos 2.266 programas avaliados, 219 (9,7%) foram conceituados com notas 6 ou 7 (em uma escala de 1 a 7) e 81 (3,6%) programas foram conceituados com notas 1 ou 2, fazendo com que estes corram o risco de serem fechados (descredenciados).

Os 219 cursos com melhores avaliações são aqueles programas comparáveis a equivalentes internacionais. Os demais 1.966 (86.7%) programas são considerados de qualidade intermediária, pois receberam conceitos entre 3 e 5.

De acordo com os critérios da Capes, a maior nota de um mestrado é 5 e a de um doutorado é 7. Assim, para que um programa de mestrado possa alcançar o status de doutorado ele precisa alcançar o conceito máximo na sua avaliação, ou seja, 5. Como todo mestrado é credenciado com conceito inicial 3, para que o mesmo alcance o conceito máximo (5) decorre um tempo mínimo de seis anos, visto que a avaliação da Capes é trienal.

Assim, um programa de mestrado credenciado este ano (2007), caso apresente um desempenho excelente, terá conceito 4 na sua próxima avaliação (em 2010) e conseguirá o conceito 5 em 2013. Somente a partir de 2014 este programa de mestrado poderá se transformar em um programa de doutorado, que, por sua vez só será avaliado em 2016. Transcorre aí um tempo mínimo de nove anos.

A realidade, no entanto, mostra que para um programa de mestrado passar de um conceito 3 para um conceito 4 exige da IES um grande esforço. Em outras palavras, exige a comprovação de uma grande produção científica – não só em quantidade, mas, principalmente, em qualidade.

Os programas de mestrado e doutorado que receberam as melhores avaliações estão concentrados em instituições de ensino público (Unicamp, Inpe, USP, UFRGS, UFRJ, UFMG), sendo que somente duas instituições privadas estão neste seleto ranking (FGV-SP e RJ e PUC-RJ).

Segundo o diretor de avaliação da Capes, o professor Renato Janine Ribeiro, nesta última avaliação trienal houve um aumento das exigências dos avaliadores. O que foi relatado acima mostra que o futuro de muitas instituições universitárias está seriamente comprometido, caso o Ministério da Educação – MEC leve ‘a ferro e a fogo’ os objetivos e metas do programa do Sinaes – Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior, em vigor desde a publicação da Lei 10.861/2004 e posto em prática a partir deste ano (2007) de acordo com a Portaria Normativa MEC 01/2007.

Pela legislação em vigor, uma universidade só pode ser considerada como tal se oferecer, no mínimo, três programas de mestrado e um programa de doutorado com avaliação positiva pela Capes. Dados, ainda de 2005, mostravam que apenas 38% das universidades brasileiras (entre públicas e privadas) atendiam este requisito. Passados mais de dois anos esse percentual pouco se alterou – se é que se alterou. Assim, a pergunta que fica no ar é: o que o MEC vai fazer quando os resultados das avaliações institucionais externas em curso revelarem o que todos já sabemos? Vai descredenciar várias universidades? Vai rebaixá-las para o status de Centros Universitários limitando suas autonomias?

O grande dilema a ser superado, caso os resultados das avaliações institucionais das universidades sejam desfavoráveis à elas, reside em um termo: reconhecimento. A maioria das universidades brasileiras, quando criadas não foram credenciadas, mas sim reconhecidas como universidades. Assim, como o MEC pretende recredenciar ou descredenciar uma universidade que não foi, legalmente, credenciada?

Credenciamento e Reconhecimento são dois termos juridicamente distintos. Daí o problema. Do MEC, é claro. A realidade das universidades particulares é que sejam oito, doze ou quinze anos, o prazo para atender ao exigido pelo MEC para se manterem com o status de universidade (três mestrados e um doutorado) pouquíssimas conseguirão essa proeza. O quadro é muito complexo para elas que se sustentam quase que exclusivamente das mensalidades cobradas pelos cursos de graduação e de pós-graduação lato sensu.

O distanciamento entre as universidades particulares e os órgãos de fomento (Capes, CNPq e Fapesp – aqui no estado de São Paulo) contribui ainda mais para dificultar a superação do obstáculo em discussão. Só para se ter uma idéia do tamanho do problema, a Universidade Estácio de Sá que conta com aproximadamente 150.000 alunos não tem ainda um programa de doutorado. Antes de perguntar qual o futuro da Universidade Estácio de Sá, há de se perguntar: interessa a Estácio de Sá um programa de doutorado?

Desinteresse pela inovação

O Estado de São Paulo, 12/11/07

Enquanto nos países desenvolvidos as atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico são cada vez mais impulsionadas pela iniciativa privada, no Brasil elas continuam se circunscrevendo predominantemente ao setor público. Na França, por exemplo, 53% dos cientistas trabalham para empresas particulares. Nos Estados Unidos e na Coréia do Sul, esse porcentual já está próximo dos 80%. Entre nós, porém, apenas 16% dos pesquisadores atuam na iniciativa privada. Os 84% restantes trabalham em universidades públicas ou em órgãos governamentais, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica e o Centro de Energia Nuclear na Agricultura.

O resultado acaba sendo paradoxal: apesar do aumento dos investimentos do País em pesquisa e desenvolvimento, que pode ser constatado pela ampliação do número de doutores formados por universidades de ponta e pela elevação do número de artigos publicados por cientistas brasileiros em conceituadas revistas especializadas internacionais, as empresas nacionais continuam enfrentando dificuldades para incorporar as inovações científicas aos seus negócios e, com isso, ganhar produtividade, lançar novos produtos e conquistar novos mercados.

Trocando em miúdos, embora a ciência avance, “ela não vira Produto Interno Bruto”, como afirma o físico Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), uma das mais importantes agências de fomento ao desenvolvimento tecnológico do País. Isso acontece, diz ele em importante estudo recentemente divulgado pelo Estado, por causa da incapacidade de governos e empresários de construírem “pontes” entre o mundo da ciência e a realidade dos mercados.

Os cientistas fazem pesquisa de ponta, mas as empresas não sabem utilizar o potencial de inovação propiciado pelos institutos do setor público. E, como são elas que geram riquezas, o avanço da ciência não tem os efeitos que poderia ter no aumento da produção e na criação de novos postos de trabalho.

Segundo Brito Cruz, só quando o setor produtivo passar a registrar aproveitamentos significativos da inovação científica é que a economia brasileira reunirá condições para crescer num ritmo mais acelerado do que o atual. Para isso é indispensável a contratação de maior número de cientistas e pesquisadores e a presença de empresários nos principais órgãos deliberativos das universidades de ponta, assim como a modernização da legislação. Sancionada há dois anos com o objetivo de incentivar as empresas particulares a investirem em ciência e tecnologia, a Lei da Inovação Tecnológica foi o primeiro passo nesse sentido.

Mas, como lembra o diretor-científico da Fapesp, ainda há muitos desafios pela frente e a expansão da ciência e da tecnologia não pode ficar na dependência de financiamento direto do poder público. Para vencer esses desafios, uma saída seria adotar medidas inspiradas na bem-sucedida política posta em prática pela Finlândia e pela Suécia. Nas últimas décadas, indústrias desses países se tornaram líderes mundiais nas áreas em que as inovações são quase diárias, tais como a informática e a telefonia.

Graças a um engenhoso sistema de estímulos fiscais, à criação de comitês científicos, constituídos por professores universitários, pesquisadores e executivos de grandes empresas, e ao compromisso dos governantes de manter intocadas as “regras do jogo”, nos dois países a iniciativa privada pôde aumentar significativamente os investimentos em tecnologia. E, à medida que se converteram nos principais empregadores de cientistas e pesquisadores, as empresas finlandesas e suecas em pouco tempo se tornaram grandes conglomerados mundiais.

No Brasil, conforme reportagem recentemente publicada no Estado, muitas empresas têm interesse em firmar acordos com universidades públicas, mas esbarram em problemas que vão da falta de comunicação ao anacronismo da legislação. Nas agências públicas de fomento à pesquisa já não predomina o preconceito ideológico que condena parcerias com a iniciativa privada, mas elas reivindicam leis mais modernas para poderem formalizar acordos. E falta, enfim, um marco regulatório que encoraje o setor produtivo nacional a aumentar seu peso relativo em matéria de inovação tecnológica.

Ufla recebeu a visita do Ministro Luiz Dulci

O ministro Luiz Dulci, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República esteve presente no evento “Diálogo de Concertação para Revitalização do Lago de Furnas”, que aconteceu na sexta-feira (9/11).

O evento promovido pela Universidade Federal de Lavras, Fórum das Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão para Revitalização do Lago de Furnas, Associação dos Municípios do Lago de Furnas, contou com a presença de prefeitos da região, deputados e dirigentes de diversas instituições e entidades.

Foram convidados para compor a mesa de honra o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República Luiz Soares Dulci, reitor em exercício Ricardo Pereira Reis, deputado federal Odair Cunha, deputado estadual Antônio Carlos Arantes, prefeita municipal de Lavras Jussara Menicucci de Oliveira, presidente da Associação dos Municípios do Lago de Furnas, prefeito de Alfenas Pompilio de Lourdes Canavez e o presidente do Fórum-Lago Fabio Moreira da Silva.

Estiveram presentes os prefeitos ou representantes dos municípios de: Fama, Carmo do Rio Claro, Perdões, Bom Sucesso, Itutinga, Itumirim, Carmo da Cachoeira, São Bento Abade, Conceição de Aparecida, Candeias, Lavras, Luminárias, Carrancas, Varginha, Guapé, Alfenas, Aguanil, Ingaí, Nepomuceno, Boa Esperança, Ilicínea, Machado e Três Pontas.

Pela manhã, aconteceu o Seminário Técnico-administrativo e de Saneamento, no Anfiteatro do Departamento de Ciência da Computação – prédio novo – com as palestras ‘Diretrizes do Plano Diretor Participativo’, por Roger Menale e “Cenário do Diagnóstico de Saneamento dos municípios do entorno do Lago de Furnas”, pelo engenheiro Adauto Santos, do Ministério das Cidades. A partir das 14 horas, o evento foi transferido para o Espaço Santa Felicidade (Rua Altamiro Pinto, 131 – Lavras-MG).

Na programação pronunciamentos sobre a “Síntese dos Projetos Desenvolvidos na Região do Lago de Furnas”, pelo presidente do Fórum-Lago, professor Fábio Moreira da Silva; “Síntese dos Planos Diretores Participativos dos 50 municípios da região”, pelo presidente da Alago, prefeito Pompílio de Lourdes Canavez. Em seguida, foi anunciado o encaminhamento de novos projetos para o desenvolvimento sustentável do entorno do Lago de Furnas, como a Emenda Parlamentar do deputado Odair Cunha ‘ Implantação e melhorai de sistemas públicos de esgotamento sanitário em municípios de até 50 mil habitantes, com investimentos de mais de 2 milhões de reais. O projeto aguarda aprovação na Câmara dos Deputados.

Também, os projetos: Elaboração de planos diretores dos municípios do GD2, pelo professor Elias Rodrigues de Oliveira (Ufla); Plano de plantio direto para os municípios da região do Lago de Furnas, engenheiro agrônomo Lamartine martins (Monsanto); Projeto Recicla Óleo, professor Pedro de Castro Neto (Ufla); Inventário de recursos hídricos da bacia do Lago de Frunas, professor Alexandre Moreira dos Santos (Unifei) e Inventário Turístico, professora Maria Cristina Mendonça (Ufla).

Homenagem ao Ministro Luiz Dulci

Fundada em 1908, sob o lema do Instituto Gammon: “Dedicado a glória de Deus e ao Progresso Humano”, a Escola Agrícola de Lavras, depois Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal) e, hoje, Universidade Federal de Lavras (Ufla), é um exemplo vivo da concretização dos ideais de seu fundador, Dr. Samuel Rhea Gammon, e de seu primeiro diretor, Dr. Benjamim Harris Hunnicutt.

Neste século de existência, a Ufla consolidou-se pelo seu pioneirismo na extensão, pela extraordinária geração de conhecimentos científicos e tecnológicos, mas acima de tudo pela qualidade do ensino na formação de mais de 30.000 profissionais graduados, especialistas e pós-graduados em áreas estratégicas para o desenvolvimento do País, particularmente nas ciências agrárias.

Como marco do seu centenário a Ufla instituiu sua maior honraria através da Medalha Centenário e o certificado de Honra ao Mérito, agraciando assim, instituições e personalidades que se destacaram nas parcerias que ajudaram a elevar a Ufla ao estatus de instituição de excelência que a qualifica dentre as melhores universidades do País.

Dentre as parcerias podemos citar a Alago, instituição já homenageada, a partir da qual iniciamos em 2001 os trabalhos de formação do Comitê da Bacia do Lago de Furnas, trabalhos que levaram a região a ser incluída no programa do governo federal denominado: “Dialogo de Concertação”, coordenado pela Secretaria Geral da Presidência da República.

A primeira reunião do Dialogo de Concertação para o Desenvolvimento Sustentável no Entorno do Lago de Furnas ocorreu em dezembro de 2003, através da mobilização sociedade e atores locais com das diversas esferas do governo. Decorrente do Dialogo de Concertação foi criado em julho de 2004 o Fórum das Instituições de Ensino Pesquisa e Extensão para Revitalização do lago de Furnas (FORUM – Lago), agregando inicialmente a Ufla, Unfei, Unifenas, Efoa, Unis, Alago, Ibama, Emater.

O Fórum-Lago, cuja presidência está sediada na Ufla, conta atualmente com 14 instituições afiliadas e vem se destacando como grande ganho para região, tendo sido considerado modelo de destaque e sucesso de mobilização social no País, apresentado no I Salão Nacional dos Territórios promovido pelo MDA em novembro de 2006.

São inquestionáveis e praticamente incontáveis os benefícios já alcançados para a revitalização do Lago de Furnas decorrentes do Dialogo de Concertação e em especial a atenção que toda equipe da Secretaria Geral, atualmente presidida pelo Ministro Dulci, tem dado à nossa região e instituições.

Mediante tão profícuo programa social a Ufla, representando as demais instituições através do Fórum-Lago e Alago, prestou homenagem a Secretaria Geral da Presidência da República na pessoa do Exmº. Sr. Ministro Luiz Dulci, por ocasião da Reunião do Dialogo de Concertação para Revitalização do Lago de Furnas, que aconteceu dia 9 de novembro de 2007, integrando a semana comemorativa das atividades de extensão da universidade.

Ufla recebe Diretoria e Conselho Curador da Fapemig

A Universidade Federal de Lavras (Ufla), recebe o evento “Fapemig no Interior”, com participação da Diretoria e do Conselho Curador da Fapemig, nos dias 12 e 13 de novembro, no Salão de Convenções.

A Solenidade de abertura com participação da comunidade da Ufla e autoridades da região acontece hoje – segunda-feira, a partir das 19 horas, com a apresentação da Fapemig: Conselho Curador e Diretoria.

Amanhã (13/11) a partir das 8h30 Reunião aberta Fapemig x Comunidade Ufla com participação do fórum das IPES Mineiras.

A partir das 14 horas serão visitados os Laboratórios de Biologia Molecular; Laboratório de Microscopia Eletrônica; Departamento de Ciência da Computação e Laboratório de Computação Científica; Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal; Laboratório Central de Química; Laboratório Central de Sementes e Laboratório Central de Química Ambiental.

Confira os lançamentos das editoras universitárias

“Estudantes Noturnos – Um olhar de quem observa e vivencia”, Adriana Carvalho, Claudete Lima, Maria Melo, Roberto Oliveira e Sidney Costa – a pesquisa resulta ta do diálogo e reflexões embasadas , acerca de alguns aspectos que permeiam esse universo, como: o homem a pedagogia; a situação sócio-econômica dos estudantes; a mulher pedagoga e suas ambigüidades. (UFPE)

“Estâncias – a palavra e o fantasma na cultura ocidental”, Giorgio Agamben – A partir da questão do lugar próprio dos produtos do fazer humano, este livro propõe a reconstrução de quatro momentos fundamentais da cultura européia: a teoria do fantasma na poesia de amor do século 13; o conceito de melancolia, desde os pais da Igreja até Freud; a obra de arte frente ao domínio da mercadoria; a forma emblemática, desde o século 16 até o nascimento da semiologia. (UFMG)

“Computação, cognição, semiose”, João Queiroz, Ângelo Loula e Ricardo R. Gudwin (Orgs.) – são abordados neste livro problemas teóricos, empíricos e metodológicos, e são apresentados novos modelos computacionais. Cientistas cognitivos, atuando em novos frameworks (por exemplo, nouvelle AI), tomam seriamente em consideração autores como Jakob von Uexkull e Charles S. Peirce. Alguns dos trabalhos do livro discutem a idéia de ´semiose genuína´, e de Umwelt, em sistemas artificiais, outros, as idéias de emergência de semiose e de ´mundo fenomenal´ nestes sistemas. Os capítulos definem e relacionam as noções de semiose, aprendizagem, símbolo, máquina semiótica, inteligência estendida e computacional. (UFBA)

“Cristal dos Verões – poemas escolhidos”, Sérgio de Castro Pinto – o livro é uma antologia que celebra os 60 anos de idade do autor e 40 de poesia. Entre os trabalhos da antologia está o poema “Zôo imaginário”, de 2005, que recebeu o Prêmio de Poesia Guilherme de Almeida, da União Brasileira de Escritores (UBE) no Rio de Janeiro. (UFPB)

“O Cotidiano dos Trabalhadores de Buenos Aires”, Norberto Osvaldo Ferreras – fruto da tese de doutorado em História Social pela Unicamp do professor Norberto Ferreras, a obra descreve a ascensão de Buenos Aires ao status de metrópole no período de transição do século XIX para o XX, cujo ar cosmopolita contrasta com as precárias condições de vida de muitos de seus habitantes. (UFF)

“Tráfico de Pessoas e Violência Sexual”, Maria Lucia Pinto Leal (Org.) – tem o intuito de divulgar intervenções, pesquisas e experiências na área, possibilitando reflexão a respeito dos conceitos, metodologias e estratégias para o enfrentamento desses fenômenos. A idéia é que a publicação possa subsidiar as ações dos profissionais que atuam na área. (UnB)

‘Cultura e Instituições Sociais’, Gilberto Barbosa Salgado (Org.) – A obra consiste numa coletânea de artigos, ensaios e pesquisas de professores do mestrado em Ciências Sociais da UFJF. Entre os diversos assuntos tratados no livro transdisciplinar estão: trajetória da política social brasileira; democracia; comunismo; instituição militar; medicina de família; samba, corpo e cultura; e terapias alternativas. Por isso, a publicação contribui nos estudos de áreas diversas como Antropologia, Sociologia, Ciência Política e Ciências Humanas em geral. (UFJF)

“A Arte da Cantaria”, Carlos Alberto Pereira (Org.) – aborda a história e a arte desta técnica milenar de entalhar a pedra. O livro ilustra, através de registros históricos e fotográficos, a trajetória da cantaria no mundo e no Brasil, com destaque para as obras que integram as paisagens de Ouro Preto. (UFOP)

“Diálogos com a Literatura Brasileira”, 2º volume, Marco Vasques – traz entrevistas com 14 escritores do Sul do Brasil – Adolfo Boos Jr., Edla van Steen, Godofredo de Oliveira Neto, Luiz Antonio de Assis Brasil, Miguel Sanches Neto, Miro Morais, Péricles Prade, Ricardo Hoffmann, Rodrigo de Haro, Rodrigo Garcia Lopes, Ronald Augusto, Sergio Faraco, Silveira de Souza e Wilson Bueno. (UFSC)

“O Sono na sala de aula- tempo escolar e tempo biológico”, Fernando Louzada e Luiz Menna-Barreto – o objetivo do livro é chamar a atenção dos professores, para que comecem a pensar no assunto e passem a tratar o sono de uma maneira mais aberta e adotem práticas que despertem a atenção dos alunos, principalmente nos primeiros horários. Outro fator que os autores querem chamar a atenção é quanto às diferenças individuais, que precisam ser respeitadas. Cada aluno tem uma necessidade diferente em relação às horas de sono. Os autores também sugerem que as escolas passem a desenvolver programas de educação sobre o sono. (UFPR)

“Caio Prado Jr. – Dissertações sobre a Revolução Brasileira”, Raimundo Santos (org.) – Oriundos dos seus principais livros e da sua ensaística política, os textos caiopradianos foram agrupados nas seções: ‘A Formação Social’, ‘A Revolução na Periferia’, ‘A Política Contemporânea’ e ‘A Reforma do Mundo Rural’. (UFRRJ)

‘Hierba Buena / Erva Boa -Trinta Poemas para Cuba’, em edição bilíngüe Português/Espanhol, Roberto Pontes – Pontes produziu os poemas após participar do 12° Festival de Poesia de Havana, realizado no final de maio. Na ocasião, ele integrou a mesa diretiva da Junta Mundial de Poesia em Defesa da Humanidade. (UFC)

“Um mar de identidades: A imigração brasileira em Portugal”, Igor José de Renó Machado (Org.) – Brasil, um país de imigrantes historicamente, tornou-se também exportador de emigrantes mundo afora. No contexto dessa transformação, esta coletânea de textos, de autoria de jovens pesquisadores do Brasil e de Portugal, apresenta, por meio de múltiplos ângulos, temas e perspectivas analíticas, um amplo panorama da imigração brasileira no Portugal pós-colonial. Para além de discernir as variedades e especificidades dessas experiências brasileiras em Portugal, esta coletânea fornece subsídios comparativos para um retrato das migrações internacionais na atualidade. (UFSCar)

‘Álvaro Lins: Ensaios de Crítica Literária e Cultural’, Lourival Holanda e Humberto França (Orgs.) – o livro é prefaciado pelo reitor Amaro Lins, que destaca a figura do caruaruense, que atuou como secretário de Governo em Pernambuco, chefe da Casa Civil do presidente Juscelino Kubitschek, crítico literário, embaixador e professor da professor da cadeira de Estudos Brasileiros na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Lisboa, em missão oficial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (1952 a 1954), além de ter sido professor catedrático de literatura do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. (UFPE)

“Poetas do atlântico – Fernando Pessoa e o modernismo anglo-americano”, Irene Ramalho Santos – Fernando Pessoa (1888-1935) é, neste livro, posicionado num contexto literário transatlântico, apontando as ricas interconexões entre sua obra e as dos modernistas anglo-americanos, de Walt Whitman a Hart Crane e Adrienne Rich. (UFMG)

“O eterno e o provisório”, Antônio Marcus Alves de Souza – o livro reúne poemas escritos pelo autor no decorrer de quase 20 anos. São trabalhos inéditos que compõem a trajetória do escritor e pesquisador de cultura que viveu entre João Pessoa, Minas Gerais e Brasília. (UFPB)

“Poéticas da transgressão – vanguarda e cultura popular nos anos 20 na América Latina”, Viviana Gelado – Terceiro lugar na categoria Teoria/Crítica literária do 49º Prêmio Jabuti, a obra estabelece uma série de analogias, contrastes e impasses ao relacionar os movimentos vanguardistas latinos com as diversas manifestações da cultura popular. (UFF)

“Políticas de Comunicação: buscas teóricas e práticas”, Murilo César Ramos e Suzy dos Santos (Orgs.) – a publicação reúne, em artigos de 18 especialistas, análises que contemplam especificidades empíricas das políticas de comunicação no cenário brasileiro. (UnB)

“Digerindo a bipolaridade”, Alexandre Fiúza – Ao ser diagnosticado como portador do Transtorno Afetivo Bipolar, embora sentisse um alívio por saber que não se tratava de uma falha de personalidade ou de caráter e sim de sintomas de uma doença, Alexandre Fiúza fez então uma pesquisa cujo resultado foi o livro. Nele, relata suas experiências e as de outros bipolares para facilitar o entendimento dessas questões. (UFSC)

“Velhos trabalhos, novos dias: modos atuais de inserções de antigas atividades laboriais”, Izabel Cristina Ferreira Borsoi e Rosemeire Aparecida Scopinho – A diversidade encontra-se presente em vários aspectos: o dos problemas apresentados; o das visadas adotadas, o dos atalhos e articulações construídas; o dos recortes de gênero e etário; o dos setores estudados (industrial, serviços, extrativista e agrícola); o das mudanças e permanências, dentre outros. Tal diversidade é potencializada por ter como autores dos capítulos que compõem essa coletânea, pesquisadores com as mais diversas formações e estarem eles comprometidos com suas realidades locais e regionais. (UFSCar)

(Lilian Saldanha – Assessoria de Comunicação da Andifes)

Profissão professor

Correio Braziliense, 12/11/07

Priscilla Borges

Pesquisas mostram a insatisfação dos docentes da rede pública. Mas eles não querem abandonar a carreira

Os professores da rede pública de ensino estão insatisfeitos, mas não pensam em deixar a carreira. Duas pesquisas divulgadas recentemente mostram o desconforto dos educadores brasileiros com as condições de trabalho. O estudo As emoções e os valores dos professores brasileiros, elaborado pela Fundação SM e a Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI) no primeiro semestre deste ano, mostra que 42,2% dos docentes da rede pública não estão contentes com seu trabalho. Na rede particular, o índice de satisfação é de 71,1%. A maioria dos docentes (65,9%) garante que não deixaria a carreira e 53% dizem que permanecem na profissão porque gostam de ensinar.

Em outra pesquisa, feita pelo Ibope, só 21% dos que atuam na rede pública se dizem totalmente satisfeitos com a profissão. Ao todo, foram entrevistados 500 educadores de rede pública. A instabilidade financeira é a maior causa de descontentamento com a carreira. Os educadores reclamam também da falta de motivação dos estudantes. Segundo 70% dos entrevistados, esse é o principal problema que eles enfrentam em sala de aula. Quase a metade dos professores (49%) admite que a formação obtida na faculdade não foi suficiente para atuar em sala de aula.

De acordo com a pesquisa da Fundação SM, coordenada por Tereza Perez, a grande reclamação dos docentes, de colégios públicos e particulares, é mesmo a falta de reconhecimento (veja quadro). Esse é o aspecto que mais contribui para a insatisfação com o trabalho, na opinião de 51,4% dos professores. A sensação de desvalorização é a mesma entre professores das redes pública ou particular. Ao todo, foram ouvidos 3.584 docentes. “Somos muito cobrados e pouco reconhecidos”, lamenta Glacione Maria de Lima, 38. Ela e os colegas de escola pública, Sebastião Brabo, 49, e Orlando Leite, 50, são apaixonados pela sala de aula, mas têm muitas críticas ao sistema escolar.

Orlando acredita que as escolas deveriam trocar mais experiências e ser mais integradas. “O sistema não permite a articulação entre as escolas e vivemos em ilhas. A nossa maior dificuldade é nos sentirmos sós”, analisa. Sebastião defende mais investimentos em capacitação. Para ele, os governantes dão pouco apoio às tentativas dos educadores de se atualizarem. “Não podemos acompanhar as mudanças da sociedade sem preparo”, protesta.

Desrespeito

Assim como na pesquisa do Ibope, os professores entrevistados pela Fundação SM reclamam do comportamento dos alunos em sala de aula. Segundo os entrevistados, eles não estão empenhados em estudar e desrespeitam o professor. Na opinião de 39,4% dos educadores, os estudantes se esforçam pouco em sala de aula. Outros 32,5% lamentam a falta de responsabilidade dos jovens com os estudos. De acordo com a pesquisadora, outro dado impressionante é a pouca importância que os estudantes demonstram ter pelos conhecimentos dos professores. Apenas 13% dos entrevistados afirmam que seus alunos os valorizam por isso.

“Eles não se sentem desafiados a aprender e a indisciplina aumenta”, diz Glacione. Para o professor de português da rede privada Giovanni Toscano Neto, o maior desafio é estimular os estudantes a prestarem atenção ao conhecimento transmitido pelo professor. “Eles têm tudo ao alcance das mãos e, muitas vezes, não enxergam a importância do estudo”, pondera.

A pesquisa mostra ainda que, para 54,2% dos professores, a educação piorou. Porém, outros 41,1% acreditam que melhorou. Para Tereza, quem defende a melhora entende que a universalização da educação foi positiva e quem crê que houve queda analisa as dificuldades geradas por conta disso. De acordo com Tereza, o mérito da pesquisa é dar voz aos professores e fornecer subsídios para futuras políticas públicas. “Em vez de atribuir prerrogativas aos docentes, queríamos ouvir deles o que sentem”, propõe. “Eles escutam que não são bons o tempo inteiro. Não há profissão que resista a isso”, comenta.

O que pensam os mestres

54,2%
acreditam que a educação piorou nos últimos anos

71,1%
dos que atuam em escolas particulares se consideram satisfeitos com seu trabalho

42,4%
dos que estão na rede pública têm a mesma satisfação

65,9%
dos educadores garantem que não largariam a profissão, mesmo que pudessem

79,5%
acreditam que a sociedade não valoriza o professor

11%
dos professores, apenas, se sentem apoiados por quem se responsabiliza pela educação

51%
não se sentem valorizados pelos pais dos alunos

64,6%
admitem que seu principal defeito como professor é não compreender os alunos mais difíceis

Fonte: As emoções e os valores dos professores brasileiros, elaborado pela Fundação SM e pela Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI)

Universidades vão contratar 8.400 pessoas, entre professores e funcionários

Portal MEC, 08/11/07

As universidades federais poderão contratar 2,8 mil professores, cinco mil técnicos administrativos e preencher 600 cargos comissionados para atender o programa de expansão da educação pública superior. Também serão repostos cargos vagos em função de aposentadorias e demissões. O Projeto de Lei nº 3, que altera a Lei Orçamentária de 2007, foi aprovado pelo Congresso Nacional nesta quinta-feira, 8.

A alteração aprovada por senadores e deputados prevê 7,8 mil contratações por meio de concursos públicos. Depois da assinatura do presidente da República, o Ministério da Educação fará a distribuição das vagas entre as universidades, de acordo com os projetos apresentados pelos reitores. A partir daí, cada universidade lançará seu próprio edital. Nos processos mais rápidos, as novas vagas devem ser preenchidas em cerca de três meses.

Uma boa parte das vagas corresponde à reposição de professores e funcionários que se aposentaram ou pediram demissão para trabalhar na iniciativa privada. O restante atende a primeira fase do processo de expansão das universidades federais, mais precisamente a interiorização. Serão beneficiados os municípios com significativo potencial econômico e que ainda não ofereciam educação superior pública e gratuita. Cerca de um terço dos cargos em comissão deve ser direcionado para esses novos campi.

Assessoria de Comunicação Social