Ufla obtêm aprovação em edital para excelência em biotecnologia

Foi divulgado em 1º de outubro, o resultado do edital ‘Apoio ao desenvolvimento e implementação de boas práticas de laboratório visando à estruturação do pólo de excelência em biotecnologia’, lançado em junho deste ano pela Fapemig. O edital faz parte do programa Rede Mineira de Biotecnologia e Bioensaios e tem por objetivo financiar propostas de adequação de laboratórios para credenciamento e certificação, de acordo com as normas nacionais e internacionais de Boas Práticas de Laboratório (BPL).

A iniciativa visa à composição da rede de projetos estruturadores do Pólo Mineiro de Excelência em Biotecnologia. Minas Gerais é reconhecido pelo avançado desenvolvimento do setor. O Estado possui um parque de mais de 80 empresas, que se concentram principalmente em Belo Horizonte e cidades vizinhas, em um raio de 100 quilômetros. Diagnóstico elaborado em 2004 pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), em parceria com a Fundação Biominas, mostra que 69% do total das empresas estão nessa região, configurando um Arranjo Produtivo Local (APL). Esse mesmo diagnóstico estima um faturamento total do setor de R$ 550 milhões ao ano, além da geração de 3.300 empregos diretos.

Pela Universidade Federal de Lavras foi aprovado o projeto “Adequação do Laboratório de Análise de Sementes da Ufla visando à extensão de escopo de credenciamento, pelo Ministério da Agricultura, para detecção, identificação e quantificação de organismos vegetais modificados”, de autoria da professora Édila Vilela de Resende Von Pinho, no valor de R$ 157.228,00.

No referido edital foram destinados, ao todo, aproximadamente R$1,5 milhão aos 11 projetos aprovados. Entre as instituições contempladas estão o Cetec, Ufla, Embrapa, Funed, Fiocruz e UFMG, que captaram o maior volume de recursos em projetos voltados para a estruturação e certificação de laboratórios nas áreas de farmácia, alimentos, análise de sementes.

Ufla recebe Fórum de Avaliação e Direcionamento de Ações do Consórcio do Café

O Com o objetivo de analisar demandas tecnológicas do agronegócio café, em conformidade com as prioridades do Comitê Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento de Café – CDPD/Café e das Instituições participantes, o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café) realiza em outubro o Fórum 2007, integrado por três reuniões setoriais dos 12 Núcleos de Referência do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Café – PNP&D/Café. Os encontros servirão para avaliar a programação, demandas e identificar focos temáticos e linhas de pesquisa para a abertura da Chamada 01/2007 para financiamento de novos projetos do programa.

A primeira reunião acontece de 02 a 04 de outubro, no Centro de Pesquisa, Ensino e Extensão do Agronegócio Café (Cepe/Café), da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Estão reunidos para avaliação da programação e levantamento de demandas representantes dos Núcleos de Agroclimatologia e Fisiologia do Cafeeiro; Cafeicultura Irrigada; Colheita, Pós-colheita e Qualidade do Café; Manejo da Lavoura Cafeeira; Solos e Nutrição do Cafeeiro; Difusão e Transferência de Tecnologia.

A programação do Fórum conta com explanação sobre a gestão e administração do PNP&D/Café, com destaque para o orçamento 2008, convênios firmados em 2007, programas de bolsas e acompanhamento da programação de pesquisa desde da fundação do Consórcio. Outro tema abordado refere-se a abertura da chamada 01/2007 para novos projetos, com informações sobre os modelos de pré-propostas e propostas de projetos (SEG), com operacionalização pela WEB.

Os coordenadores de núcleo, também, apresentam as principais ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação em cada foco temático e organização da compatibilização das linhas de pesquisa prioritárias para a nova Chamada.

Para o gerente geral da Embrapa/Café Gabriel Ferreira Bartholo “o Fórum visa o intercâmbio entre as instituições participantes do Consórcio, para elaboração de propostas com caráter multidisciplinar e multiinstitucional. A integração entre os núcleos de referência, responsáveis pelas diretrizes estratégicas, sugere a congregação entre os pesquisadores, a consolidação das propostas, o acompanhamento dos trabalhos e uma melhor avaliação dos resultados”.

Participam do evento representantes de instituições e coordenadores dos CPNRs de Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Paraná, Acre e Rondônia.

O desânimo dos mestres

Correio Braziliense, 03/10/07

Paloma Oliveto e Mariana Flores

Professores sofrem com baixos salários, falta de uma política constante de qualificação e ausência de materiais de apoio. Nível de ensino cai e contribui para que alunos, sem conseguir aprender, desistam

A única sala de aula da escola Extrema Boa Sorte, no município de Brejo do Piauí, a 423km de Teresina, tem quatro alunos. A professora diz que eram 10, mas dois largaram os estudos e os outros há tempos não aparecem. “Quando cheguei aqui, no início do ano, nenhum deles sabia ler, mesmo estando na 3ª série”, conta Cleide dos Santos, 43 anos — professora há 19. Sem material didático de apoio, a docente, que não tem curso superior, tenta alfabetizar as crianças. Para isso, ganha R$ 420 mensais.

“Não é possível alcançar uma educação de qualidade sem a valorização do professor”, diz a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Maria Dutra Vieira. O pequeno investimento nos profissionais favorece a evasão escolar. Sem aprender, muitos alunos abandonam os estudos para trabalhar.

“Escola é negócio chato. Eu chegava na aula e não conseguia ler nada, ficava gaguejando”, conta Jeferson Siqueira Cavalcante Filho, 17 anos, morador de Quipapá, no Ceará. Em maio, deixou a escola, quando estava na 5ª série. Hoje, trabalha limpando mato, serviço pelo qual ganha cerca de R$ 10 por dia. “Eles perdem as esperanças e vêem que não conseguirão muito da vida”, reconhece Cleocilene dos Santos Nunes, 35 anos, orientadora educacional no Colégio Estadual Joaquina Maria da Silva, em Esperantina, norte do Tocantins. Na cidade de 8.112 habitantes, 54,6% da população depende do Bolsa Família. Ainda assim, as taxas de abandono escolar aumentaram desde 2001.

Os sistemas públicos deveriam assumir a formação dos professores. O Ministério da Educação começou a discutir políticas de formação envolvendo universidades públicas. É importante que o governo federal comece a se preocupar com o assunto, mas precisaríamos de algo de grande porte, com previsão de recursos e de continuidade, pois as necessidades históricas da educação são muito grandes”, diz a presidente da CNTE.

De acordo com Juçara Maria Dutra Vieira, os baixos salários são um dos principais fatores que afetam a produtividade dos profissionais de educação. “Com salário baixo, é impossível atingir objetivos como dedicação exclusiva e cursos de atualização”, alega. No país, como não há isonomia salarial para professores, o piso varia conforme estados e municípios. Em Teresina (PI), por exemplo, um educador de ensino básico recebe R$ 535,54 para lecionar durante 40 horas semanais. Já em Florianópolis (SC), o valor passa para R$ 1.792,08.

Ponto de partida

Para o professor Célio da Cunha, assessor especial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aumentar o salário dos professores é o ponto de partida na busca pela qualidade do ensino. “É preciso tornar a profissão de docente atrativa, estimulando os jovens a seguirem a carreira”, diz. Caso contrário, alega, ninguém mais vai querer freqüentar os cursos superiores de licenciatura.

Aubetiza Pereira, 34 anos, só investe na profissão porque este sempre foi seu sonho. Desde criança, se esforçou para terminar os estudos e fugir do analfabetismo que rondava sua família. Conseguiu terminar o ensino médio e atualmente faz curso superior de pedagogia em Araguatins, próxima a Buriti do Tocantins, onde mora com o marido e a filha de 3 anos. No final do mês, recebe salário de R$ 400.

Hoje, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados deverá votar o projeto de lei do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que estabelece um piso salarial unificado para professores da rede pública. A proposta, que já saiu da pauta várias vezes, tramita em conjunto com um projeto do Poder Executivo, pelo qual todos os educadores devem receber, no mínimo, R$ 850 mensais. “Se houver o mínimo de boa vontade das bancadas, esperamos que seja realmente votado”, diz Juçara Maria Dutra Vieira. O presidente da comissão, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), garante que haverá votação: “É certeza absoluta”, diz.

Prêmios

O deputado, que já foi secretário de educação do Maranhão, diz que a questão salarial não deve ser a única a ser discutida. “Depois da aprovação do piso, defendo que as gratificações tenham como fundamento a produtividade, medida por sistemas de avaliações sérios e independentes. Se o professor se sair bem, ganha um prêmio. Se for mal, leva um puxão de orelhas.”

Aubetiza se esforça para tentar melhorar o currículo, mas as condições da escola não cooperam para estimular os alunos. Localizada às margens da rodovia que cruza a cidade, a Escola Municipal Amiguinhos de Jesus possui apenas duas salas, em péssimo estado de conservação, assim como as mesas e cadeiras. No banheiro, não há energia elétrica nem água encanada. As crianças não praticam esportes e as brincadeiras são feitas no pátio de terra vermelha. Na tentativa de barrar a evasão, Aubetiza vai à casa dos alunos para recuperar os faltantes. “Alguns têm dificuldade de acompanhar as aulas porque não vêm todos os dias, os pais não têm preocupação de mandar a criança para a escola, porque eles também não tiveram estudo. A gente acaba tendo que ir buscar na casa”, conta.

Ufla presente na Agriminas

A Universidade Federal de Lavras esteve presente na II Agriminas – maior feira de agricultura familiar de Minas Gerais, apresentando o seu projeto para produção de biodiesel. O evento é o mais importante do setor no estado de Minas Gerais, sendo voltado para promover e divulgar o trabalho e produtos da agricultura, além de ser um importante espaço para a troca de experiências e ampliação das redes de comercialização.

A II Agriminas, promovida pela Fetaemg, aconteceu no período de 27 a 30 de setembro, na Serraria Souza Pinto em Belo Horizonte, e contou com a presença de mais de 200 expositores de todas as regiões de Minas, que foram visitados por mais de 30.000 pessoas, sendo apresentados aos produtos típicos da agricultura familiar, como doces, queijos, derivados de carne, mandioca, cana, milho e cereais, além das plantas medicinais e artesanatos de fibras naturais.

A Ufla apresentou aos agricultores, técnicos, pesquisadores, empresários e autoridades o seu projeto de produção de oleaginosas e capacitação de agricultores e técnicos, visando a produção sustentada de oleaginosas, extração de óleo, produção e uso de biodiesel.