Andifes debate com o MEC e a dotação orçamentária de 2008 para as Ifes cresce 17%

O presidente da Andifes, reitor Arquimedes Diógenes Ciloni (UFU), e a Comissão de Orçamento e Financiamento da Associação estiveram reunidos, nos dias 31 de julho e 1º de agosto, com o secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim, e com o secretário da Educação Superior (SESu/MEC), Ronaldo Mota. O encontro debateu a liberação orçamentária de 2008 para as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes).

O presidente da Comissão de Orçamento da Andifes, reitor Rômulo Polari (UFPB), apontou a necessidade de liberação de recursos de Outros Custeios e Capitais (OCC) das Ifes para 2008, considerando que ´não se pode apenas repor a inflação do ano anterior. Precisamos levar em consideração o aumento nas terceirizações, a manutenção da infra-estrutura das instituições. Esses valores são fundamentais para que consigamos manter o padrão de qualidade oferecido pelas Ifes´.

O reitor Arquimedes Ciloni informou que a Andifes lançará um Plano de Assistência Estudantil no qual propõe a criação de um fundo para essa finalidade. Para isso, solicitou ao MEC o valor equivalente a 10% do orçamento anual de OCC das Ifes. Os recursos serão adicionados aos aplicados atualmente pelas instituições. ´A intenção é que já tenhamos alguma sinalização para o segundo semestre de 2007, com um valor equivalente a 5% do orçamento anual de OCC das Ifes´, ressaltou.

O secretário José Henrique Paim salientou a intenção do MEC em alocar recursos novos para a assistência estudantil. Ele sinalizou afirmativamente quanto ao valor equivalente a 10% do orçamento anual de OCC das Ifes para a criação do fundo, sendo adicionados, nessa primeira fase, 5% para 2008 que, somado aos recursos já aplicados pelas Ifes, alcançaria 10%. Na próxima semana, a Associação entrega ao ministro da Educação, Fernando Haddad, o Plano Nacional de Assistência Estudantil.

Com relação à dotação orçamentária das Ifes para 2008, ficou acordado o valor de R$ 1.305 bilhões para OCC, incluídos novos R$ 59 milhões para assistência estudantil, o que representa um acréscimo de 17% em relação à 2007. As novas Ifes têm orçamento próprio, assim como os recursos das expansões em andamento, portanto não são computados nesse valor de R$ 1.305 bilhões.

Estiveram presentes, também, o subsecretário de Planejamento e Orçamento (SPO/MEC), Paulo Eduardo Nunes de Moura Rocha, a diretora do Departamento de Desenvolvimento da Educação Superior (Dedes/SESu), Maria Ieda Costa Diniz, a coordenadora nacional do Fórum de Pró-Reitores de Planejamento (Forplad), Adriana Rigon Weska, e o secretário executivo da Andifes, Gustavo Balduino.

Emenda Andifes 2007

O secretário José Henrique Paim comprometeu-se a solicitar à área econômica a liberação da emenda, que tem o valor de R$ 60 milhões.

Instituto quer estimular iniciação cientifica em jovens da rede pública de ensino

Agência Brasil, 31/07/07

Gláucia Gomes

Brasília – Brincar de ser cientista e aprender se divertindo é a proposta do projeto de iniciação científica desenvolvido pela Escola de Educação Científica do Instituto Internacional de Neurociências de Natal. A idéia é estimular crianças de 11 a 15 anos de idade a utilizar a ciência como um agente de transformação social em regiões carentes do país.

Interessado em levar a iniciativa a outros municípios brasileiros, o presidente do instituto, Miguel Nicolelis, se reuniu no dia 31 de julho com o ministro da Educação, Fernando Haddad. Além de expandir o projeto de educação científica para crianças da rede pública, a intenção é promover a capacitação de professores.

Segundo Nicolelis, é possível realizar uma ação “ousada e ambiciosa” fora do Sul do país, onde concentram-se os centros tradicionais de pesquisa.

“Depois do horário escolar, a criança vem para a nossa escola e passa a ter contato com conceitos de geometria, matemática, física e química criando robôs, trabalhando com informática, trabalhando em laboratórios de química, biologia e astronomia’, explica. ‘Com isso, ela aprende matemática sem perceber e passa a entender a razão pela qual isso é importante”.

Segundo ele, a Escola de Educação Científica do instituto atende 600 alunos de escolas públicas, devendo chegar a mil estudantes até dezembro. Nos próximos anos, a meta é atender a um milhão de crianças em todo o Nordeste, o que exigirá um investimento de R$ 140 por aluno.

O Instituto Internacional de Neurociências de Natal teve investimentos de cerca de R$ 25 milhões, entre recursos do governo federal e de instituições privadas do Brasil e do exterior. A unidade tem laboratórios de física, química, biologia, informática e oficinas de ciência e tecnologia, história e robótica.

Cota ajuda a levar índios à universidade

O Estado de São Paulo, 27/07/07

Roldão Arruda

Criado há 3 anos, programa se espalha por 20 instituições estaduais e federais, apesar das dificuldades da língua

Criado há três anos, o programa de cotas para estudantes indígenas da Universidade Federal do Tocantins já atende 68 índios. Eles aprendem bem as matérias, mas enfrentam uma dificuldade extra com a língua portuguesa. Depois de passar a maior parte da vida em aldeias onde não se fala português, alguns se sentem como estrangeiros na universidade.

O tropeço na língua oficial brasileira é apenas um dos vários desafios enfrentados pelas instituições públicas de ensino superior do País que, em meio ao debate nacional sobre cotas para negros, estão cada vez mais abertas a receber índios. Segundo levantamento do Ministério da Educação, 20 escolas estaduais e federais da rede de ensino superior dispõem de cotas para esse grupo populacional. O número de índios universitários aproxima-se de 5 mil: quase 1% no conjunto de 580 mil estudantes.

A maior parte faz cursos de licenciatura – para retornarem como professores às comunidades. Mas, segundo informações das universidades, os índios têm cobrado mais vagas nas áreas de saúde, proteção ambiental e direito, nessa ordem.

Para atender aos pedidos, a Universidade de Brasília (UnB) criou um vestibular especial para índios, com vagas em medicina, enfermagem, odontologia e farmácia. Atualmente a escola abriga 15 estudantes desse grupo populacional.

Na maioria dos casos, as escolas não dão o mesmo tratamento a negros e índios. Na Federal do Paraná, enquanto os negros enfrentam o vestibular comum, lado a lado com outros candidatos, os índios fazem uma prova à parte. Aos negros cabe uma fatia de 20% do total das vagas oferecidas; e aos índios, poucas vagas extras.

Desde 2005, quando a UFPR iniciou o programa, 17 índios foram aceitos. Segundo explicações da pró-reitora de graduação da escola, professora Rosana Brito, ´´´´não existem cotas para índios, mas, sim, vagas suplementares´´´´.

Na Universidade do Tocantins a história é outra. Depois de constatar que 69% dos estudantes matriculados já são afrodescendentes, a escola optou por um sistema de cotas só para pessoas provenientes das seis etnias indígenas presentes no Estado. Elas têm direito a 5% das vagas do vestibular.

Naquela escola, no entanto, os índios enfrentam o vestibular ao lado dos outros candidatos. Para superar os problemas que os já matriculados enfrentam com o português, a escola estuda a possibilidade de oferecer-lhes cursos especiais dessa língua. ´´A presença deles na universidade faz parte de uma política de reparações e devemos fazer todos os esforços para ajudá-los´´, diz a pró-reitora de assuntos comunitários da escola, Ana Lúcia Pereira.