Ninguém inaugura uma USP

Alan Barbiero*

Tomando como referência os anos de 1492 e 1500, quando Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral chegaram aos nossos trópicos, uma estrutura de pesquisa já funcionava nas universidades européias para dar sustentação àqueles ambiciosos projetos, somente comparados hoje às missões espaciais, conforme alguns historiadores. A Europa fervia, pois o rumo ao desconhecido fascinava toda uma geração de estudiosos.

As universidades, desde a sua origem, sempre deram importantes contribuições para o avanço da humanidade, muito antes, inclusive, das grandes navegações, principalmente nas áreas da filosofia, do direito e da medicina. Estamos falando, portanto, de instituições fruto de um processo histórico; não nasceram prontas e jamais alcançarão tal status.

Considerando esse contexto, vale perguntar se é possível, por exemplo, uma USP ser inaugurada? Muitas vezes deixamos de fazer o que precisa ser feito porque buscamos somente o ideal. Se este princípio fosse a tônica que movimentasse as universidades, certamente não estaríamos aqui, pois Colombo e Cabral não teriam condições de zarpar de seus portos.

Zeferino Vaz (Unicamp) foi muito feliz ao dizer que cinco coisas fazem uma boa universidade. A primeira, cérebro; a segunda, cérebro e, a terceira, cérebro; a quarta e a quinta, respectivamente, bibliotecas e prédios. Assim, as piscinas e as quadras, entre outras importantes obras justamente reclamadas – jamais suprirão o potencial humano em qualquer instituição que que tenha no ensino, na pesquisa e na extensão a sua atividade fim.

Em recente entrevista à Folha de São Paulo – e aqui respeitando os critérios editoriais da empresa -, sinto que ficou uma lacuna no momento em que o foco da matéria foi dado para a questão “planejamento”. Disse, na oportunidade, que o projeto de uma universidade se faz de médio para longo prazo, e que a expansão em curso foi a possível, carecendo, assim, de ajustes, que já estão sendo feitos.

Estamos falando, na realidade, de uma expansão que tem como eixo principal a interiorização da universidade. Uma experiência sobre a qual todos estamos aprendendo, inclusive o próprio governo. Trata-se de um desafio não apenas para nós, reitores, mas para a sociedade, haja vista o muito que precisa se avançar nessa questão.

Essa percepção talvez seja ainda mais difícil para quem vive a realidade dos grandes centros, sem a dimensão da importância de uma universidade no interior do Tocantins, do Pará, do Amazonas, no próprio norte de Minas Gerais, ou seja, em regiões que só terão condições de buscar desenvolvimento, com sustentabilidade, por meio da educação, da ciência e da tecnologia. E nesse aspecto em particular, as universidades públicas, hoje responsáveis pela maior parte das pesquisas realizadas no país, cumprem bem esse papel.

A Universidade Federal do Tocantins – com cerca de dez mil alunos estudando em uma estrutura multicampi, com distâncias entre campus que chegam a 1000 quilômetros – é exemplo disso, por ser fruto dessa expansão. Criada 2000, efetivamente só começou a funcionar em 2003, quando o governo autorizou a contratação dos primeiros professores efetivos, além de desencadear um processo democrático de escolha de seus dirigentes.

Uma realidade que se transforma com rapidez, pois, em quatro anos, implantamos 29 cursos de graduação, criamos cinco mestrados e estamos em fase de implantação de dois doutorados. Na pesquisa e na extensão estamos desenvolvendo projetos estratégicos nas áreas agroambiental, de energias renováveis e de inclusão social das populações indígenas, entre tantos outros. Alguém tem dúvida da importância dessa Instituição no processo do desenvolvimento do Tocantins e da Amazônia?

Ampliando os horizontes dessa expansão, podemos afirmar que as condições dos novos campus – se comparadas às de instituições mais antigas, quando de seus nascimentos – são semelhante ou superiores. Em todo país, estão sendo implantados 75 novos campi, 452 novos cursos de graduação, podendo totalizar o ingresso de 133,5 mil estudantes em instituições públicas e gratuitas.

É um projeto ambicioso e complexo, que tem proporcionado importante debate entre as universidades e o Ministério da Educação (MEC), com pontos naturais de convergências e divergências. Há tempos não existia essa relação de diálogo entre os referidos atores, além de ações práticas de recomposição do corpo docente das IFES, como também da ampliação dos recursos financeiros para custeio e investimento. É importante reconhecermos esses avanços!!!

A excelência não surge do nada; ninguém nasce excelente. Mas, as condições para que alcancemos patamares melhores estão sendo construídas.

* Reitor da Universidade Federal do Tocantins, segundo vice-presidente da Andifes e coordenador do Grupo de Trabalho das Expansões em Andamento.

Reinvenção universitária

Agência Fapesp, 18/07/2007

Por Thiago Romero

“A reinvenção da Amazônia como sociedade e como civilização, mais do que um desafio político, é um desafio acadêmico. Um projeto que requer o resgate do passado como memória e a construção do futuro como utopia. Exige, portanto, uma nova concepção paradigmática para seu progresso humano e material, o que supõe um choque de educação, ciência e tecnologia. Daí a razão de ser da universidade.”

As palavras de Alex Bolonha Fiúza de Mello, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), foram ditas no último dia da 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na semana passada, em Belém, durante um longo discurso sobre o modelo ideal de educação superior para as universidades da região amazônica.

Essa reinvenção universitária se justificaria pelo fato de a Amazônia estar entre as regiões do planeta com mais recursos naturais acumulados em sua riqueza de potencialidades. Segundo Fiúza de Mello, somente com aplicação do conhecimento para a geração de riqueza, essa “civilização florestal formada por mais de 20 milhões de habitantes” conseguirá galgar patamares sustentáveis de progresso humano.

“Mas, se o Brasil, historicamente, é uma nação incompleta, periférica e tem capacidade de gerar conhecimento diminuta, pontual e localizada, a Amazônia, em termos nacionais, é a periferia da consciência nacional. Esse é o maior desafio quando pensamos em reformular ou construir uma nova universidade na região”, disse o reitor, que, na ocasião, lançou o livro Para construir uma universidade na Amazônia – Realidade e utopia (Editora da UFPA).

Fiúza de Mello propõe alguns desafios para as universidades atuais e para as que, espera, ainda serão construídas na região. Um deles é a defesa da qualidade do conhecimento produzido por meio da formação de mais doutores qualificados a transformar a natureza em bionegócios.

“Uma região que representa 60% do território brasileiro, 12% da população e 8% do PIB nacional não pode formar apenas 2% dos doutores e abrigar apenas 2% das universidades do país”, lamentou.

Para ele, as instituições de ensino na Amazônia precisam ter vocação internacional. “Uma região que faz fronteira com sete países não pode ter universidades domésticas. Precisa também ter um plano de desenvolvimento e um projeto institucional de longo prazo, e não ficar ao sabor do cotidiano, do individualismo e do espontaneísmo”, disse.

Outro desafio se dá pela impossibilidade de atingir todos os municípios da região com educação presencial. As universidades na Amazônia necessitariam, mais do que em qualquer outra região do país, de um programa eficiente de educação a distância.

“A educação a distância não deve ser vista como uma modalidade de ensino na região, e sim como uma revolução do ensino. A distância obriga que o aluno, ao receber a informação e não tendo o amparo do professor, tenha que se desenvolver sozinho. Em uma região continental com espaços de difícil acesso dentro da floresta, a educação a distância se torna prioritária”, destacou.

Fiúza de Mello defende ainda a Amazônia como um “centro cosmopolita de debates públicos”. “Se a floresta é de interesse mundial, não podemos deixar de ser globais. Precisamos trazer os debates mundiais para a região e fazer circular aqui as maiores cabeças do mundo. A Amazônia depende fundamentalmente de conhecimento e deve atrair grandes cientistas e pensadores mundiais.”

“Precisamos remodelar o conceito de universidade na Amazônia com base em uma perspectiva moderna, progressista e atual. Esses conceitos servem para todas as instituições de ensino na região, que devem gerar conhecimento para produzir riqueza”, disse Fiúza de Mello à Agência FAPESP.

Programa Professor Visitante Estrangeiro está com inscrições abertas

Portal MEC, 17/07/07

Estão abertas, até 27 de julho, as inscrições para o Programa Professor Visitante Estrangeiro (PVE). O programa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC) possibilita que professores estrangeiros ministrem cursos ou participem de atividades de pesquisa em instituições brasileiras. As candidaturas devem ser encaminhadas pelas pró-reitorias de pesquisa e pós-graduação das instituições.

O programa é aberto à participação de cursos de doutorado avaliados pela Capes com notas 5, 6 e 7, preferencialmente. Os professores convidados devem ter título de doutor e produção acadêmica relevante, além de não possuírem visto permanente no Brasil. A duração das visitas é de quatro a 12 meses, com possibilidade de renovação. As atividades terão início em 2008.

Categorias — O programa estabelece quatro categorias de professor visitante: jovem doutor, para quem obteve o título de doutor há menos de cinco anos; doutor júnior, para quem tem título de doutor há mais de cinco e menos de dez anos; doutor pleno, para quem tem título de doutor há mais de dez anos; e doutor sênior, que inclui quem obteve título de doutor há mais de dez anos, tem produção acadêmica relevante, e possui vínculo com instituição de ensino superior ou de pesquisa estrangeira compatível com a de professores titulares de universidades federais brasileiras.

Os professores visitantes selecionados recebem passagens aéreas e bolsas, com valores entre R$ 3.300,00 e R$ 7.100,00, de acordo com as categorias em que se enquadram. Mais informações no edital do PVE.

Fátima Schenini

Escolas serão equipadas para ampliar a inclusão de alunos

Portal MEC, 16/07/07

Escolas de educação básica da rede pública de todas as unidades da Federação terão salas de recursos multifuncionais para apoiar o atendimento educacional especializado. Ao todo, 500 escolas contarão com salas multifuncionais, onde serão instalados computadores, impressoras, móveis, jogos pedagógicos e outros equipamentos.

Desse total, 100 escolas terão salas com recursos para deficiência visual, como impressora e máquina de escrever em braille, calculadora sonora, conjunto de lupas e globo terrestre adaptado. A sala de recursos para deficiência visual é composta de 28 itens. A outra tem 14 itens.

O edital do programa de implantação das salas de recursos multifuncionais foi publicado em abril deste ano. O objetivo do edital foi selecionar projetos de municípios, estados, Distrito Federal e instituições federais com escolas de educação básica, para expandir a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos incluídos nas classes comuns do ensino regular. As escolas que já receberam salas de recursos multifuncionais no período de 2005 e 2006 não foram contempladas novamente.

As propostas passaram por análise pedagógica, sob a responsabilidade de equipe de técnicos da área da educação especial, que fizeram parte da comissão de seleção e avaliação, nomeada pela Secretaria de Educação Especial (Seesp/MEC). O resultado dos projetos selecionados foi divulgado no início de julho.

O programa de implantação das salas de recursos multifuncionais visa apoiar os sistemas de ensino na organização e oferta do atendimento educacional especializado, fortalecendo assim o processo de inclusão nas classes comuns de ensino regular, que tem crescido ano a ano.

Professor Ivo Andrade recebe prêmio ASBRAM 2007

O professor Ivo Francisco de Andrade, receberá o Prêmio ASBRAM 2007, durante a 44ª Reunião Anual da SBZ – Sociedade Brasileira de Zootecnia, que acontecerá no período de 24 a 27 de julho, em Jaboticabal/SP.

O Premio ASBRAM tem por objetivo prestigiar trabalhos de pesquisadores brasileiros relacionados com a área de suplementação alimentar e premiar o trabalho de maior destaque. É aberto aos trabalhos aceitos na reunião anual da SBZ em curso, na área de Suplementação Alimentar de Ruminantes. O professor Ivo Andrade, autor principal do trabalho escolhido como vencedor pela comissão julgadora, receberá por ocasião do Jantar de Confraternização da Reunião Anual da SBZ um computador portátil.

O Professor Ivo é aposentado do quadro permanente da Universidade Federal de Lavras, onde atuava no Departamento de Zootecnia.
Mais informações: www.reuniaosbz.com.br

Fapemig lança edital na área de biotecnologia e bioensaios

A Rede Metrológica de Minas Gerais-RMMG, com objetivo de fortalecer os laboratórios do estado, vem divulgar uma oportunidade para captação de recursos para o setor de biotecnologia e bioensaios, através do edital Fapemig 13/2007, com recursos alocados da ordem de dois milhões de reais.

O objetivo principal do edital é apoiar laboratórios que desejam credenciamento ou certificação nos termos de boas práticas de laboratórios (nacionais e internacionais) abrangendo documentação, manuais eletrônicos de qualidade, capacitação profissional, estruturação dos laboratórios, validação de processos de fabricação e sistemas de confiabilidade e rastreabilidade.

O prazo máximo para apresentação de propostas é 27 de agosto de 2007

O edital pode ser acessado pela página principal da Fapemig/ editais: www.fapemig.br/admin/editais/upload/Edital132007%20Biotecnologia.pdf

Considerando a importância desta oportunidade, a Rede Metrológica Minas Gerais coloca-se à disposição para orientação dos laboratórios que se interessem em apresentar propostas para o referido edital.