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Gedim: pesquisas e eventos promovem reflexões sobre os desafios da mulher na sociedade atual

image043No contexto das reflexões sobre o Dia Internacional da Mulher (8 de março), o Grupo de Pesquisa e Extensão Gênero e Diversidade em Movimento (Gedim) promoveu nesta terça-feira (10/3) um vídeo debate para discutir o aborto e suas implicações na vida das mulheres. O evento foi realizado no anfiteatro do bloco III do Departamento de Administração (DAE), com início às 14h.

Inicialmente, a coordenadora do Gedim e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável e Extensão, professora Maria de Lourdes Souza Oliveira, falou sobre os objetivos, a organização do evento e a escolha do tema. “É uma temática difícil e delicada, mas precisamos enfrentar o debate”, disse.

Na sequência, a professora do Departamento de Ciências Humanas (DCH) Vera Schaefer Kalsing definiu o dia 8 de março como data para reflexão, questionamentos e luta, fazendo sua contextualização histórica. “Nesse dia, em 1859, mulheres foram queimadas em Nova York em decorrência de manifestação ocorrida em uma indústria têxtil. Elas buscavam conquistas, como a redução da jornada de trabalho de 14 horas para 10 horas”, explicou.

A mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável e Extensão Natércia Bambirra fez ao grupo presente o convite à reflexão sobre o aborto – tema do documentário Clandestinas, que foi exibido em seguida. Ela citou um dado constante na Pesquisa Nacional do Aborto, divulgada pela Universidade de Brasília (UNB) em 2010: um quinto das mulheres com idade entre 35 e 39 anos assumem já ter feito aborto.

Depois de exibido o vídeo, teve início a roda de conversa entre os participantes, para debate do tema. Entre outros pontos, foi citada a responsabilidade que recai sobre a mulher para que haja prevenção à gravidez indesejada e às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s). “O namorado, muitas vezes, não quer usar camisinha”, comentou a professora.

Durante o vídeo debate, os participantes puderam apreciar um mural de poesias (que tinham como tema a mulher). Colaborou na organização do evento a representante do Conselho Municipal de Políticas de Igualdade Racional, Rosemary Aparecida de Oliveira.

Um histórico de trabalho com Gênero e Diversidade

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Professora Maria de Lourdes na mediação da conversa sobre o aborto (9/3).

O Gedim desenvolve atividades de pesquisa e extensão desde 2007, tendo sido certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 2008. Seus projetos têm foco sobre mulheres com pelo menos uma das seguintes características: negras, assentadas de reforma agrária e participantes de economia solidária. Nesse último caso, os trabalhos são feitos em parceria com a Universidade Federal de São João Del Rei.

O objetivo do Grupo é compreender melhor os desafios para esses grupos de mulheres na sociedade contemporânea, apoiando iniciativas de geração de valor e renda que as beneficiem. Professora Maria de Lourdes explica que uma das pesquisas em desenvolvimento busca avaliar a relação entre trabalho doméstico e trabalho produtivo para esses três grupos de mulheres. “O que temos encontrado são dados que reforçam a literatura existente: homens, mesmo sozinhos, dedicam cerca de 15 horas semanais a atividades domésticas, enquanto mulheres o fazem em tempo superior a 35 horas por semana”, comenta.

Essa maior dedicação às atividades domésticas faz com que, na avaliação da professora, o trabalho das mulheres seja menos visível socialmente, além de tomar um tempo que poderiam dedicar à vida pública.

Desde 1998, a professora Maria de Lourdes trabalha na UFLA com projetos envolvendo a temática Gênero, Classe e Etnia. Ela conta que em 1995 já havia realizado pesquisa na área, na Universidade Federal do Tocantins (UFT). O que motiva sua dedicação ao tema são os desafios que ele impõe. “Os resultados das pesquisas ajudam a compreender a posição ocupada pela mulher no espaço público, mostrando que ainda no século 21 permanece ativa uma divisão sexual do trabalho”, explica. Maria de Lourdes cita também outra característica instigante dessa área de estudos: a interface que pode ser estabelecida com outros campos do conhecimento.

Se você conhece histórias interessantes de atuação das mulheres na UFLA, sejam elas servidoras ou estudantes, entre em contato com Ascom ainda neste mês de março pelo e-mail ascom@ascom.ufla.br. Queremos contar a toda a comunidade acadêmica a forma como as mulheres vêm dando sua contribuição à instituição e ao país.

II Encontro Intermunicipal – Fios Trançados com Terra e a Cor Negra – é realizado na UFLA

Grupos envolvidos no tema se encontram na UFLA
Grupos envolvidos no tema se encontram na UFLA

O Grupo de Pesquisa e Extensão: Gênero e Diversidade em Movimento – Gedim, o Mestrado Profissional em Desenvolvimento Sustentável e Extensão/PPGDE, do Departamento de Administração e Economia (DAE/UFLA), e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de São João de Rei (ITCP/UFSJ) realizaram, nos dias 6 e 7, o “II Encontro Intermunicipal Fios Trançados com Terra e a cor Negra: Prados, Lavras e Guapé”.

O evento contou com o apoio dos grupos de pesquisa e extensão da UFLA: Yebá – Ervas e Matos e Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Agroecologia do DAE e Núcleo de Estudos em Agricultura Orgânica do Departamento de Agricultura (DAG). O principal objetivo do evento foi apresentar e discutir os resultados do projeto “Relações de Gênero: Configurações e Reconfigurações da Divisão Sexual do Trabalho entre mulheres assentadas, mulheres negras e da economia solidária”.

Participaram do encontro, além dos grupos de mulheres envolvidos inicialmente no Projeto: Olhos D’água Produzindo e Preservando, do Assentamento Santo Dias de Guapé, coordenado pelo MST; Grupos de mulheres da Economia Solidária da cidade de Prados e representantes do Conselho Municipal de Políticas de Igualdade Racial de Lavras (CMPIR) e outros grupos de mulheres do Sul de Minas e Campos das Vertentes.

Agricultoras familiares apresentaram a produção de café e rosas orgânicas, da cidade de Poço Fundo
Agricultoras familiares apresentaram a produção de café e rosas orgânicas, da cidade de Poço Fundo

O encontro simbolizou a diversidade de grupos presentes. Entre eles, o grupo “Mulheres Organizadas Buscando Independência – Mobi”, agricultoras familiares apoiadas pelo Instituto Federal (IF Sul de Minas) e Emater, que apresentaram a produção de café e rosas orgânicas, da cidade de Poço Fundo. Também participaram representantes do Conselho Municipal de Consciência Negra de Coronel Xavier Chaves (Consnec) e do poder público de Prados e Coronel Xavier Chaves.

A diretora de Políticas para Mulheres Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (DPMR/MDA) e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Karla Emmanuela Ribeiro Hora, participou de uma mesa redonda com a palestra intitulada “Políticas Públicas para Mulheres Rurais”. Ela enfatizou que o desenvolvimento dos trabalhos tem indicado que o fortalecimento organizativo desses grupos, tem se traduzido, de forma inovadora, em avanços nos diálogos com a sociedade em geral e com o poder público.

Os resultados da pesquisa sobre Divisão Sexual do Trabalho estão sendo organizados também em uma cartilha que será distribuída aos grupos.