Programa Petrobras Cultural anuncia projetos selecionados

Na última semana, a Petrobras divulgou o resultado da seleção pública da quarta edição do Programa Petrobras Cultural. A novidade deste ano foi a nova área de literatura, que passou a fazer parte da categoria “Produção e Difusão”, uma das três categorias do programa. Entre 423 inscritos, foram selecionados 23 projetos, que receberão R$ 800 mil.

Os autores contemplados ganharão por um período de seis a 12 meses uma bolsa mensal de R$ 3 mil para escreverem seus livros (17 de ficção e seis de poesia).

Editoras também vão receber R$ 4 mil para publicação dos livros. Veja aqui o resultado da seleção na área de literatura.

AMOSTRAGEM COMPLEXA
Protocolo: 296
Proponente: Simone Silva Campos
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Livro de contos de uma autora que já tem dois romances publicados.

UM A MENOS
Protocolo: 704
Proponente: Heitor Ferraz Mello
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de poemas que versam sobre o ambiente urbano, focalizando com particular
interesse os elementos inquietantes da cidade.

HOTEL NOVO MUNDO
Protocolo: 1147
Proponente: Ivana De Arruda Leite
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Romance sobre a São Paulo contemporânea, enfatizando a vida cotidiana dos habitantes
humildes do centro.

A FILHA DO ESCRITOR
Protocolo: 1397
Proponente: Gustavo Bernardo Galvão Krause
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Romance metaficcional, tematizando o universo literário de Machado de Assis por meio
da história de uma protagonista que se vê filha do escritor e que está internada num manicômio.

UMA HISTÓRIA À MARGEM
Protocolo: 1542
Proponente: Ricardo De Carvalho Duarte – Chacal
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Narrativa ficcional de aspecto memorialístico que repassa a experiência da poesia
marginal, do teatro experimental e da poesia falada a partir dos anos 70.

CORPO-A-CORPO COM O CONCRETO – ROMANCE
Protocolo: 1815
Proponente: Bruno Zeni
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Proposta de romance articulada a partir de duas histórias narradas em primeira pessoa,
uma de um jornalista e outra de um morador de rua, ambas em São Paulo.

CASO OBLÍQUO
Protocolo: 1909
Proponente: Maria Beatriz de Almeida Magalhães
Estado do Proponente: MG
Apresentação: Romance que se dispõe a recriar o sentido e o horizonte histórico da fundação de Belo
Horizonte, explicitando a passagem do rural agrário para o urbano industrial.

PEIXE MORTO
Protocolo: 2024
Proponente: Marcus Vinicius de Freitas
Estado do Proponente: MG
Programa Petrobras Cultural – Edição 2006/2007 2
Apresentação: Híbrido de romance histórico com romance policial, o projeto recupera os debates sobre o
evolucionismo darwinista, na paisagem atual de Belo Horizonte.

ROÇA BARROCA
Protocolo: 2052
Proponente: Josely Vianna Baptista
Estado do Proponente: PR
Apresentação: Livro de poesias que tematiza elementos da cultura indígena do oeste do Paraná.

ONDE NÃO HÁ JARDIM
Protocolo: 2066
Proponente: Ana Paula Sá e Souza Pacheco
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de contos que tem como ambiente a cidade de São Paulo.

A FÁBRICA DO FEMININO
Protocolo: 2186
Proponente: Paula Glenadel
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Livro de poesia organizado em torno da noção do “feminno” na perspectiva do humano.

SOB O DUPLO INCÊNDIO
Protocolo: 2648
Proponente: Carlos Eduardo Barbosa de Azevedo (Carlito Azevedo)
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Livro de poemas no qual o poeta retorna aos grandes núcleos temáticos dos seus
trabalhos anteriores.

ALGUM LUGAR
Protocolo: 3373
Proponente: Paloma Vidal
Estado do Proponente: DF
Apresentação: Projeto de romance pautado no conflito entre esfera intima e convívio social.

MODELOS VIVOS
Protocolo: 3393
Proponente: Ricardo Aleixo
Estado do Proponente: MG
Apresentação: 60 poemas explorando aspectos plástico-visuais e sonoros da palavra.

TODOS OS CACHORROS SÃO AZUIS
Protocolo: 3472
Proponente: Rodrigo Antonio de Souza Leão
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Apresentado como uma espécie de delírio, mesclando nomes de remédios, visões
literárias fantasmais e registros do cotidiano, o texto é um estudo de caso em forma de ficção.

‘RUMINAÇÃO À BEIRA DO RIO PINHEIROS’
Protocolo: 3496
Proponente: Alberto Alexandre Martins
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Projeto de dialogo poético com Mario de Andrade com outras meditações.

PROJETO LITERÁRIO PRIMAVERA NOS OSSOS – ROMANCE
Protocolo: 3533
Proponente: Alessandra Leila Borges Gomes
Estado do Proponente: BA
Programa Petrobras Cultural – Edição 2006/2007 3
Apresentação: Romance com linguagem experimental focada na representação da experiência de uma mulher estuprada.

RELÓGIO SEM SOL
Protocolo: 3676
Proponente: Carlos Adão Volpato (Cadão Volpato)
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de ficção reunindo escritos sobre a passagem do tempo.

ALEIJÃO (LIVRO DE POEMAS)
Protocolo: 3714
Proponente: Eduardo Sterzi
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de poemas voltados para a reflexão sobre os lugares de irrupção da violência.

‘ESSA COISA BRILHANTE QUE É A CHUVA’
Protocolo: 3798
Proponente: Cintia Moscovich
Estado do Proponente: RS
Apresentação: livro de contos com temática voltada para a contingência do individuo no mundo.

A EXTINÇÃO DA INFÂNCIA
Protocolo: 3826
Proponente: João Carlos (Joca) Reiners Terron
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Romance que tematiza a perda do universo infantil, numa estrutura e numa linguagem impactante.

“PIER, TRÓPICO”, UM LIVRO DE POEMAS
Protocolo: 4196
Proponente: Sérgio Alcides
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro que reúne poemas em série e outros avulsos em torno de três imagens: “ossada”,
“píer” e “trópico”.

‘EU QUERO SER EU’
Protocolo: 4630
Proponente: Clara Averbuck
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Proposta de romance juvenil, tematizando a história de uma adolescente em choques com os valores conservadores.

Vencedores do Prêmio Afrânio Coutinho

O advogado e escritor mineiro Márcio da Rocha Galdino e a professora paranaense Bernadete Michelato são os vencedores do Prêmio Afrânio Coutinho 2007, realizado pela Academia Brasileira de Letras (ABL) e integrante do Eixo 2 (Fomento à leitura e à formação de mediadores) do PNLL.

A entrega dos prêmios será no dia 19 de julho, às 16h30, no Petit Trianon. Galdino receberá R$ 8 mil e Bernadete, R$ 5 mil.

O prêmio contempla desde 2005 pesquisas realizadas na Biblioteca Rodolfo Garcia utilizando o acervo da Coleção Franklin de Oliveira.

Biblioteca Digital Rio

No próximo dia 19 de julho, será lançada a Biblioteca Digital Rio, uma realização da Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro.

Parte do acervo de obras raras da Biblioteca foi digitalizado e pode ser conferido em dois catálogos: Obras Raras, Séculos XV a XVII e Obras Raras, Século XVIII. Antigos periódicos como a Revista Illustrada e O Besouro, ambos do século XIX, estarão acessíveis pela internet. Também vão constar no acervo digital postais, como o da Exposição Internacional de 1922, da comemoração em 1958 ao cinqüentenário de Machado de Assis e uma série sobre Rui Barbosa; e fotografias de praças, casarios, praias, fortalezas, prédios públicos, vistas panorâmicas, personalidades e costumes da cidade do Rio de Janeiro, do final do século XIX até meados do século XX, além de fotos da trajetória do esporte no Rio de Janeiro do século XIX até 1935.

Professor Ângelo Constâncio é o novo chefe do Museu Bi Moreira

O professor Ângelo Constâncio Rodrigues, do Departamento de Educação (DED) é o novo Chefe do Museu Bi Moreira. Sua nomeação se deu através de Portaria, editada em 1 de junho de 2007.

Ângelo Constâncio assumiu a chefia do Museu Bi Moreira em substituição a servidora Maria Terezinha da Silva Moreira, que ocupou a função com a aposentadoria do servidor Ângelo de Moura Delphin, que o dirigiu durante vários anos. Com formação na área de história, Ângelo está propondo, juntamente com a comunidade já lotada naquele espaço, a trazer o museu também para o cotidiano das atividades de ensino e pesquisa de nossa Universidade, uma vez que a extensão já vem sendo exercida através do constante contato com as escolas, tanto pelas visitas feitas, quanto pelas pesquisas escolares desenvolvidas no espaço do arquivo/biblioteca do Museu Bi Moreira. Trata-se portanto de potencializar o que já vem sendo feito em termos de extensão e inovar nas demais áreas, trazendo o museu para o universo de professores e alunos enquanto um espaço da construção da cultura.

Plano Nacional de Assistência Estudantil deve entrar em vigor ainda este ano

Agência Brasil, 12/07/07

Ana Luiza Zenker

Brasília – Cerca de 30% dos alunos das universidades federais saem de suas cidades para estudar. Desses, aproximadamente 12% são das classes C, D e E, não moram com os pais nem têm condições de manter uma casa, por isso precisariam de moradia estudantil oferecida pela universidade. No entanto, as moradias universitárias conseguem atender apenas 2,4% desses estudantes.

Esses são apenas alguns dados sócio-econômicos dos estudantes de universidades federais que motivaram a aprovação, nesta semana, do Plano Nacional de Assistência Estudantil. pelo Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

‘Com isso, a gente espera contribuir para o combate à evasão a para o auxílio à permanência e conclusão dos estudantes carentes das instituições federais de ensino superior’, afirmou o reitor da Universidade Federal de Uberlândia e presidente da Associação, Arquimedes Diógenes Ciloni.

Ampliar o alcance da assistência aos estudantes é um objetivo do plano. ‘Grosso modo, poderíamos dizer que uma universidade federal que tenha 10 mil estudantes precisa ter, no mínimo, assistência estudantil digna do nome para mais mil alunos, está fazendo isso para apenas 250, teria que fazer para 1250 em cada 10 mil alunos’, explica o reitor.

O plano deve ser implantado ainda este ano, junto com a criação de um fundo de assistência estudantil específico. Neste segundo semestre, o fundo será no valor de 5% do orçamento anual para outras atividades desenvolvidas pelas universidades federais, que não a sua manutenção. Em 2008, o valor deve chegar a 10% desse orçamento.

Entre as medidas previstas, estão a construção, ampliação e reforma de moradias estudantis, fornecimento de bolsas para auxílio permanência e contratação de pessoal, como assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras. Arquimedes Ciloni diz que a carência não é o único problema que leva à evasão nas universidades e que deve ser resolvido com o plano.

‘Muitos alunos deixam as instituições onde estão realizando seus estudos em nível superior por dificuldades no início do curso, ou para a conclusão do curso, por isso, o plano prevê uma abordagem muito mais ampla do que penas o tratamento da carência, a gente pretende dar sustentação aos estudantes’, afirma Arquimedes. Essa sustentação inclui, por exemplo, assistência psicológica para estudantes que encontrem dificuldade de adaptação nas instituições de ensino.

Na semana passada, o plano foi apresentado à União Nacional dos Estudantes (UNE), durante seu congresso, em Brasília. Na próxima semana, as diretorias da Andifes e da UNE, vão levar o plano para o ministro da Educação, Fernando Haddad.

MEC anuncia cidades com baixos Idebs que serão avaliadas

Portal G1, 16/07/07

A medida faz parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Os municípios escolhidos ficam em estados do Nordeste.

O Ministério da Educação (MEC ) anunciou nesta sexta-feira (13) a lista dos primeiros 21 municípios que vão receber a visita de consultores do órgão entre os dias 17 e 20 deste mês. As cidades são todas no Nordeste: Branquinha e Atalaia (Alagoas); Itaparica, Rafael Jambeiro, Iaçu e Vera Cruz (Bahia); Mulungu (Ceará); Presidente Juscelino e Caxias (Maranhão); Rio Tinto, Bayeux e Cabedelo (Paraíba); Bom Jardim e Araçoiaba (Pernambuco); Curralinhos, José de Freitas e Altos (Piauí); Maxaranguape, São Miguel de Touros e Macaíba (Rio Grande do Norte); e Aquidabã (Sergipe).

A medida faz parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado neste ano pelo Governo federal. No total, serão avaliados 1.242 municípios com os mais baixos índices de desenvolvimento da educação básica (Idebs) do país, até abril de 2008.

Nas visitas, os consultores vão levantar informações do contexto educacional local e também sobre as metas a serem atingidas para melhorar o Ideb nessas cidades. Segundo o MEC, depois da visita, gestores e consultores do ministério vão elaborar um plano de ações articuladas para cada município.

Assim que assinarem o termo de adesão ao Compromisso Todos pela Educação, esses municípios terão prioridade no repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A adesão, que é voluntária, prevê o compromisso com 28 diretrizes que devem ser implementadas até 2011. Entre elas estão alfabetizar crianças até oito anos de idade, combater a evasão e a repetência, promover a educação infantil, manter programa de alfabetização de adultos e implantar planos de carreira para os profissionais da educação.

Ufla realiza Semana Acadêmica

De 16 a 21 de julho, a Universidade Federal de Lavras (Ufla) realiza a I Semana Acadêmica.

Com abertura solene no Ginásio Poliesportivo, a I Semana Acadêmica da Ufla pretende resgatar a antiga Semana de Ciências Agrárias de Lavras – SECAL, quando todos os cursos de graduação da Ufla realizavam suas semanas acadêmicas em conjunto. Essa realização favorecia a interação entre os estudantes dos diversos cursos da instituição e a qualidade dos eventos contava com a participação de estudantes de todas as regiões do país.

Estiveram presentes à solenidade de abertura, o reitor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, o pró-Reitor de Graduação, professor Gabriel José de Carvalho, a chefe de Gabinete, professora. Valéria da Glória Pereira Brito, a professora Lisete Chamma Davide, presidente da Comissão Organizadora da I Semana Acadêmica o palestrante Prof. Magno Antônio Patto Ramalho, e os representantes discentes de cada curso de graduação da Ufla; Mário Jefferson Pereira da Silva (Agronomia) Miguel Veloso (Administração), Nestor Vicente Soares Neto (Ciência da Computação e Sistemas de Informação) Felipe Fernandes (Ciências Biológicas) Anelise Costa Guida (Licenciatura em Educação Física) Rafael Souza Ribeiro Cruvinel (Engenharia de Alimentos) Douglas Lourenço de Souza Castro (Engenharia Agrícola) Yllian Banchieri Ribeiro (Engenharia Florestal) Michele Luiza do Amaral (Licenciatura em Matemática) Fernando Lacombe Hartmann (Medicina Veterinária) Paulo Fabrício Queiroz Martins (Licenciatura em Química) e Caio Gomez Rodrigues (Zootecnia).

Na solenidade de abertura, o público assistiu a palestra proferida pelo professor Magno Antônio Patto Ramalho, intitulada: ‘Desempenho Acadêmico versus sucesso profissional’. Durante a semana acontecerão mini-cursos, palestras, filmes, viagens técnicas, oficinas e mesas redondas.

A organização contou com a participação de: PRG, PETAdm, PETAgro, PETEAgri, PETZoo, CAAgro, CAComp, CABio, CAEAL, CAAgri, CAEF, CAVet, Cazoo, Cursos de Licenciatura em Matemática e Educação Física e Sistemas de Informação, Incubacoop/Ufla e CIM.

Mais informações:
www.prg.ufla.br/SemAcademica/FOLHETO-CINUFLA.pdf

Federais ampliam vagas, mas alunos ficam sem estrutura

Folha de São Paulo, 15/07/07

Rogério Pagnan

Das 59 unidades criadas pelo governo desde 2005, apenas 14 delas têm sede

Governo reconhece problemas nas universidades, mas diz que eles fazem parte do crescimento ‘ousado’

Alunos de educação física de Santos, no litoral paulista, não têm quadra nem piscina, os de farmácia, em Vitória da Conquista (Bahia), usam vidros vazios de maionese para realizar experimentos e os estudantes de ciência da computação em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, não têm sequer computadores e podem até ter o curso encerrado na cidade.

Essa é a realidade da expansão universitária do governo Lula que teve seu boom a partir do final de 2005, quando foram criadas cerca de 18 mil vagas, elevando em quase 15% o número de cadeiras oferecidas em 2004 (123.959 vagas) nas federais. Atualmente, são aproximadamente 140 mil vagas oferecidas por ano.

Das 59 novas unidades previstas para serem implantadas desde 2005, entre construção e ampliação de novas universidades e campi, apenas 14 estão prontas. As outras ainda estão em obras, em fase de licitação ou não saíram do papel.

Este é o caso, por exemplo, de campus da Unifesp em São José dos Campos, onde o curso de ciência de computação implantado em fevereiro deste ano pode fechar as portas na cidade, de acordo com o reitor Ulysses Fagundes Neto.

O motivo: ainda não há terreno definido para o campus. ‘Demos um prazo até o dia 27 de julho’, disse o reitor.

Sem sede

Essa falta de sedes próprias deixa cerca de 13 mil alunos em unidades provisórias, alugadas ou emprestadas, onde, muitas vezes, não cabem os laboratórios ou não há espaço para todos os estudantes.

Segundo a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), um dos motivos para essa falta de estrutura foi o pouco tempo gasto no planejamento para a criação de cursos e unidades. Muitos projetos foram desenvolvidos, no final de 2005, em um período de 30 ou 60 dias.

‘Essa expansão não foi planejada. Não houve um planejamento de médio e longo prazos. Elas [as instituições federais] não tiveram, assim como o Ministério da Educação, tempo para criar todas as condições necessárias’, disse Alan Barbiero, reitor da Universidade Federal do Tocantins e coordenador de um grupo da Andifes que acompanha a expansão da rede de ensino.

A vice-pró-reitora de graduação da Unifesp, Lucia de Oliveira Sampaio, disse temer que a falta de estrutura possa provocar a evasão de alunos e professores. ‘Certas coisas têm um tempo. Dizer: ‘Vamos mudar do dia para a noite’, não existe.

Faz a coisa, pega, não tem lugar, o cara tem equipamento e não tem onde pôr. O planejamento foi muito rápido para a gente. Nós estamos num esforço astronômico para que a coisa dê certo’, afirmou.

O secretário de Educação Superior, Ronaldo Mota, reconhece existir problemas, mas diz que eles não são mais importantes que as conquistas do ‘projeto ousado’ do governo.

(Colaboraram ALESSANDRA BALLES , da Redação, e SIMONE IGLESIAS , da Agência Folha, em Porto Alegre)

Falta de estrutura prejudica alunos em novas federais

Universidades recém-inauguradas no projeto de expansão do governo não têm equipamentos nem prédio próprio

Estudantes dependem de instrumentos alugados e chegam a comprar até vidros de maionese vazios para fazer experimentos

O estudante de educação física Eric Blasques Dassouki, 18, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) de Santos, teve apenas três aulas práticas no primeiro semestre deste ano. A grade curricular previa uma por semana. No segundo semestre, porém, ele não tem certeza se terá uma aula sequer.

A incerteza de Dassouki ocorre porque o campus santista, criado em fevereiro de 2006, ainda não possui prédio próprio. A universidade funciona em dois prédios alugados. A piscina e a quadra, indispensáveis para o curso, são emprestadas por clubes, mas nem sempre. ‘Já chegamos a entrar na quadra para ter aula de basquete, mas fomos tirados de lá porque haveria um campeonato de handebol feminino. A piscina ficou um tempão interditada porque havia quebrado uma bomba’, disse ele.

A primeira etapa do campus de Santos, em obras, deve ser concluída no início de 2008. Nessa etapa não está prevista, porém, a construção de quadra nem piscina -inclusa na segunda etapa. Quando ficará pronta? ‘Não tem data. Temos que acabar o outro [prédio] primeiro’, afirmou o reitor Ulysses Fagundes Neto.

Os prédios em Santos ficam distantes cerca de cinco quilômetros um do outro. Num deles ficam os computadores, noutro a biblioteca. Nenhum deles têm um laboratório experimental que os alunos de psicologia precisam. ‘As aulas práticas foram transferidas para o segundo semestre por falta do laboratório’, disse a estudante Maria Luiza Gonçalves, 21.

No ano passado, segundo a estudante, as aulas sobre o sistema respiratório não foram ministradas por falta de peças, não havia pulmão para estudo, e uma das poucas aulas de anatomia que sua turma teve foram realizadas no campus de São Paulo, a 85 quilômetros.

Distância é algo que a aluna ciência e tecnologia Fernanda Toscano, 21, da UFABC (Universidade Federal do ABC), diz conhecer bem para assistir aulas. Assim como em Santos, as aulas são ministradas em duas unidades distantes porque os 1.500 alunos não cabem num campus só. ‘Quando não consigo carona, eu venho a pé. Dá uma hora e 20 minutos.’

O prédio da universidade deve ficar pronto em outubro.

O estudante de ciência da computação da Unifesp de São José dos Campos Victor Coelho, 19, também se diz infeliz com seu curso. ‘A situação está desanimadora. Tem muita gente pensando em desistir do curso. Eu mesmo sou um deles.’

Coelho explica seus motivos. Para a turma de 50 alunos, a universidade conseguiu 25 máquinas emprestadas pela prefeitura, mesmo assim inadequadas para o curso. As aulas são assistidas em duplas. Durante as provas, metade da turma faz, a outra espera.
‘Também não tem biblioteca, não tem lanchonete, não tem nada. A universidade está jogando o nome dela no lixo.’

Os alunos devem receber computadores no segundo semestre, segundo a reitoria, mas o curso pode ser fechado na cidade por falta de terreno para construir seu campus.

O aluno de farmácia João Carlos Menezes, 22, da federal da Bahia em Vitória da Conquista, disse ter levado um susto no início do ano letivo, em outubro do ano passado. ‘Só tinha cadeira, professor e quadro’, afirmou ele.

Menezes diz que o material para os experimentos, como batata e iodo, são adquiridos pelo próprios alunos, até os vidros de maionese vazios. (ROGÉRIO PAGNAN E ALESSANDRA BALLES)

Para governo, problemas são normais

Secretário de Educação Superior do MEC nega ter havido falta de planejamento ou de recursos na expansão universitária

O secretário de Educação Superior, Ronaldo Mota, 52, nega ter havido falta de planejamento ou de recursos na expansão universitária e diz que os problemas surgidos são naturais num projeto dessa dimensão.

‘Quando você tira uma fotografia, você não vê o filme. Em uma fotografia de uma obra, por mais importante que ela seja, aparecem as coisas boas e as ruins. A seqüência da fotografia nós temos certeza que será muito positiva. Não somos ingênuos. Sabemos que fazer envolve enfrentar dificuldades, mas vale a pena’, afirmou ele.

Para Mota, o principal motivo de problemas é a característica do projeto, que visa a interiorização. ‘Para quem não quer dificuldade bastaria não crescer. Se quisesse menos dificuldades, era só crescer onde já tem. Não foi essa a opção do governo Lula. Foi exatamente a de procurar as regiões mais remotas, realizar um grande programa de interiorização.’

Para demostrar não haver falta de recursos, ele diz que há quatro anos as verbas de custeio para manutenção básica das universidades giravam em torno de R$ 550 milhões, passando hoje para R$ 1,2 bilhão.

Ao comentar as críticas dos reitores, de ter havido falta de planejamento de médio e longo prazos, ele disse que tudo foi feito ‘com conhecimento e consentimento’ dos reitores e dos conselhos, mas admite que uma próxima etapa deve ser mais bem planejada.

‘O Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais], a nova etapa de expansão, deve estabelecer um crescimento muito mais coerente. As universidades não precisarão fazer nenhum tipo de definição precipitada, poderão se planejar e se organizar a partir de uma disposição expressa e de forma muita clara.’

Ao ser questionado se houve precipitação, então, na primeira etapa, ele voltou a dizer que não. ‘O Reuni será um modelo mais harmônico, mas o anterior não teve problema de planejamento. Tínhamos consciência de que alguns problemas seriam enfrentados, mas não houve nenhum prejuízo essencial à qualidade, e serão resolvidos gradativamente.’

Sobre as críticas de que a expansão teria sido feita no afogadilho com o objetivo eleitoreiro de munir os discursos de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mota também usou o Reuni. ‘É tão equivocada essa visão. O suposto candidato já ganhou. Por que, agora, vem um programa mais forte ainda e ninguém o acusa de eleitoreiro?’, afirmou ele.

De acordo com o secretário, um dos principais problemas, a falta de pessoal, deve ser solucionado ainda neste ano, com a incorporação de 2.880 novos docentes e 5.000 técnicos administrativos, dos quais cerca de 2.000 professores e metade dos técnicos destinados à expansão. ‘Isso consolida, de forma definitiva, a expansão.’

Sobre a assistência estudantil, Mota afirmou que ela cresceu de R$ 32 milhões para R$ 53 milhões, de 2006 para 2007, mas é insuficiente. ‘Não tem a promessa que vai ter restaurante nem moradia para todos, mas certamente devemos ter uma atenção especial aos talentosos e carentes’, disse.

Para os alunos, o secretário deu um recado. ‘Mesmo com todas as dificuldades, eu tenho certeza de que a sua formação acadêmica final será muito positiva. Esses momentos que as primeiras turmas passam não são diferentes das experiências que as primeiras turmas das melhores universidades do país e do mundo tiveram.’ (RP)

Para reitores, burocracia afeta expansão

Um dos problemas enfrentados na expansão universitária, segundo diretores e reitores, são os trâmites burocráticos que distanciam o tempo da vontade e o da concretização de projetos.

‘Não é como numa universidade particular, em que você precisa de uma cadeira, vai lá e compra’, diz a vice-pró-reitora de graduação da Unifesp, Lucia de Oliveira Sampaio.

Isso impede, disse, que os cursos em locais improvisados recebam investimentos porque os prédios não são da universidade.

A diretora do departamento de extensão e interiorização da Universidade do Amazonas, Mangela Ranciaro, também atribui à burocracia o fato de que ainda não terem começado as obras de dois dos novos três campi previstos.

O diretor do campus de Sobral da Universidade do Ceará, João Arruda, disse que pedidos de mudança no projeto de construção do campus fizeram com que, dos R$ 4 milhões necessários, apenas R$ 380 mil fossem liberados.

O reitor da Universidade do Piauí, Luiz Santos Júnior, não vê problemas. Dois dos três campi estão prontos -um aguarda Lula para a inauguração.

Processo foi apressado, dizem especialistas

A expansão do número de vagas nas federais era necessária, mas foi feita de maneira apressada, afirmam especialistas da área de educação.

‘A política para a rede federal é uma das que, em linhas gerais, é acertada no governo Lula, mas não pode crescer sem estrutura’, diz José Marcelino Rezende, professor da USP de Ribeirão Preto e ex-diretor do Inep (instituto de pesquisas educacionais, ligado ao MEC).

O calendário de implantação tem de ser minimamente consensual, e não ‘oscilar ao sabor eleitoral’, diz ele, em referência ao grande número de vagas abertas antes do primeiro turno, no ano passado. ‘Mas é importante ressaltar que, mesmo de um jeito atropelado, a expansão era necessária.’

Tem opinião semelhante o reitor da Universidade Federal do Tocantins, Alan Barbiero, coordenador de um grupo da Andifes que acompanha a expansão. Para ele, os problemas serão ajustados. ‘Claro que a situação não é a ideal. Quando a Unicamp começou, os laboratórios funcionavam nas garagens dos professores. Hoje, ela é uma instituição de excelência. Poderia ser mais bem planejada, mas o importante é que foi feita [a expansão]’, afirmou.

Nelson Cardoso Amaral, professor da federal de Goiás que fez trabalho sobre o tema, também concorda. ‘Foi tudo muito rápido, algumas decisões nem chegaram a passar pelos conselhos universitários, mas os problemas serão corrigidos nos próximos anos.’

Já para Ryon Braga, da Hoper Educacional, o mais adequado é promover a inclusão social, mas por meio do ProUni [Programa Universidade para Todos] ou de projetos similares. ‘Um aluno de instituição pública custa cinco vezes o de uma universidade privada. O governo conseguiria colocar muito mais alunos no ensino superior’, afirmou ele.

O ProUni é um programa que também faz parte do projeto de expansão do número de vagas oferecidas pelo governo federal e que concede bolsas parciais e integrais em instituições privadas a alunos de baixa renda.

Para Amaral, a expansão das federais e das vagas oferecidas no ProUni precisa ser feita de modo paralelo. ‘O correto teria sido expandir as federais antes das bolsas do ProUni, mas o governo optou pelo contrário.’

Neste ano, foram ofertadas 108.642 bolsas no primeiro semestre e 54.816 no segundo, e o valor estimado da renúncia fiscal foi de R$ 126.050.707. Em 2006, foram 138.668 bolsas -renúncia de R$ 114.721.465.

Diretoria Executiva solicita liberação da Emenda Andifes à Secretaria de Relações Institucionais

A Diretoria Executiva da Andifes reuniu-se, na tarde desta terça-feira (10/07), com a assessora chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI), Maria Luiza Machado Leal, para tratar da liberação da Emenda Andifes. Esteve presente, também, o secretário-executivo da Associação, Gustavo Balduíno.

Durante a reunião, o presidente da Andifes, reitor Arquimedes Diógenes Ciloni (UFU), solicitou a liberação da Emenda Andifes, no valor de R$ 60 milhões, ainda em agosto deste ano. A assessora chefe da SRI informou que vai tratar da questão e se mostrou favorável à liberação, uma vez que o pedido envolve todo o conjunto das Instituições Federais de Ensino Superior.

Cefet-RJ investe no desenvolvimento da criatividade dos alunos

Portal MEC, 10/07/07

A partir deste mês, o projeto Foto-Vivência, executado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Rio de Janeiro, fará capacitação de multiplicadores da criatividade. São 41 participantes — 20 do Rio de Janeiro, 20 da Bahia e um do Ceará —, que vão aprofundar os conhecimentos para se tornarem facilitadores e geradores de projetos sociais nas suas escolas e comunidades.

O projeto surgiu no Cefet-RJ para aprimorar a criatividade dos seus alunos. Na década de 80, empresas do Rio de Janeiro que empregavam técnicos formados pela escola mostraram que faltava alguma coisa naqueles profissionais. Com um alto nível de capacidade técnica e de produção, eles apresentavam pouca criatividade, fator determinante na solução de problemas e tomada de decisões em qualquer empresa ou instituição.

Foi quando o professor Paulo Bocchetti, mestre em educação e sociedade, decidiu iniciar, em 1991, uma pesquisa sobre o tema, intitulado projeto Foto-Vivência, baseado num conjunto de estudos, pesquisas e atividades vivenciais relacionados ao comportamento do ser humano na comunidade, no trabalho e na escola. “Para pôr em prática, formulamos um curso de 96 horas, dividido em três módulos de 32 horas. Os módulos abordam atividades relacionadas a 45 temas, que vão desde técnicas de respiração e relaxamento até o desenvolvimento da confiança e da tolerância”, conta o professor. Segundo Paulo, as atividades são realizadas em turmas de até 30 pessoas, com palestras, dinâmicas em grupo e outras atividades socializadoras.

Desde a primeira turma em 1991, que foi com alunos do Cefet, até hoje, 1.800 pessoas já fizeram o curso. Com os bons resultados no Rio de Janeiro, a escola decidiu expandir o projeto para outros estados. “Após a análise de alguns dados, verificamos que a tensão foi reduzida em 70% dos alunos que tinham feito o curso e a depressão chegou a cair cerca de 64% no ambiente de trabalho e nas relações pessoais”, explica Paulo.

Multiplicadora — A psicóloga e coordenadora do Núcleo de Projetos do Cefet-RJ, Jaqueline Salgado Andrade, é uma das 41 multiplicadoras do projeto. Ela observou nas turmas que fizeram o curso, por meio de estatística e depoimentos, que muitos alunos adquiriram uma nova visão de mundo. “Muitos não tinham conhecimento das questões relacionadas à qualidade de vida, relações interpessoais e criatividade”, conta Jaqueline. Depois da qualificação dos multiplicadores, o Cefet deve oferecer cursos em três escolas da região Nordeste, no segundo semestre.

A idéia de levar o Projeto Foto-Vivência a todas as escolas da Rede Federal de Educação Tecnológica foi aprovada pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC). Segundo o professor Paulo, a intenção é implantar em todas as escolas da Rede Federal de Educação Tecnológica um Núcleo de Comportamento e Desenvolvimento Humano. A Setec repassará os recursos de apoio ao projeto e a RedeNet — consórcio de escolas técnicas das regiões Norte e Nordeste —fará a articulação. Inicialmente, o projeto será implantado nas escolas das regiões Norte e Nordeste.

Informações sobre cursos, oficinas e o Projeto Foto-Vivência pelo correio eletrônico pbocbr@yahoo.com.brEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email ou no telefone (21) 2566-3022.

Universidade Federal de Lavras