Núcleo de Estudos em Fisiologia Vegetal realiza ciclo de palestras sobre desastre em Mariana/MG

Professores Luiz Roberto Guimarães Guilherme, Soraya Alvarenga Botelho e Marco Aurélio Carbone Carneiro
Professores Marco Aurélio Carbone Carneiro, Soraya Alvarenga Botelho e Luiz Roberto Guimarães Guilherme

O Núcleo de Estudos em Fisiologia Vegetal (NEF), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal, promoveu o “I Ciclo de Palestras em Fisiologia Vegetal: Interação solo-planta no desastre de Mariana-MG”, no dia 23 de novembro, na Universidade Federal de Lavras (UFLA).

O evento contou com a participação dos professores da UFLA Luiz Roberto Guimarães Guilherme e Marco Aurélio Carbone Carneiro, do Departamento de Ciência do Solo (DCS), e da professora Soraya Alvarenga Botelho, do Departamento de Ciências Florestais (DCF).

O evento iniciou com a palestra “Elementos-traço em ambientes de solo e sua relação com o acidente de Mariana”, proferida pelo professor Luiz Roberto, que fez uma retrospectiva sobre relatos divulgados sobre o desastre. O professor explicou alguns conceitos e processos relacionados às propriedades químicas de solos, com enfoque para as características de elementos-traço, conhecidos por metais pesados, dentre os quais, segundo alguns laudos noticiados, estariam presentes na lama da barragem. Também realizou uma conexão entre o que ele já conhece, como resultado de sua experiência com estudos em áreas de mineração, com o que ocorreu e que ainda possa acontecer nas áreas impactadas pela lama.

O professor Marco Aurélio Carbone Carneiro ministrou a palestra “Organismos do solo e a recuperação de áreas degradadas”. Inicialmente, ele abordou alguns aspectos relacionados à sustentabilidade do solo, enfocando os processos que garantem a funcionalidade dos ecossistemas, com destaque para a atuação dos organismos do solo. Segundo o professor, esses organismos são essenciais para garantir o funcionamento do solo, bem como para recuperar áreas degradadas. Ele apresentou vários resultados de suas pesquisas, que envolveram plantas inoculadas com rizóbios e fungos micorrízicos arbusculares, nos quais as associações estimularam o crescimento de plantas em solos degradados.

Marco Aurélio destacou que estes conhecimentos serão muito úteis para os trabalhos de recuperação em Mariana, finalizando sua palestra com a apresentação de sua proposta de recuperação, aprovada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG): “Fungos micorrízicos arbusculares, bactérias fixadoras de N2 e outras promotoras de crescimento vegetal de áreas da Bacia do Rio Doce: identificação, caracterização, informatização e avaliação do potencial biotecnológico”.

O ciclo de palestras foi finalizado com a palestra “Os desafios da restauração florestal nas áreas afetadas pela lama da Barragem de Fundão em Mariana”, proferida pela professora Soraya, que também teve proposta aprovada pela Fapemig. A professora iniciou sua palestra definindo alguns termos importantes, dentre os quais restauração, reabilitação e recuperação.

Soraya explicou que, embora estes termos sejam genericamente considerados recuperação, cada um deles tem uma definição específica. Assim, restauração é a reparação dos danos causados a uma área, de modo a restabelecer de forma integral as propriedades físicas, químicas e biológicas, e retornar ao estado primitivo da área antes da degradação; reabilitação é retornar a área a um estado “biológico” estável, normalmente alternativo ao estado original, e recuperação é a reparação dos danos causados a uma área, de modo a restabelecer as propriedades físicas, químicas e biológicas, e atingir uma condição estável da vegetação e do solo, recuperando as principais funções originais do ambiente.

A partir de então, a professora abordou sobre importantes etapas necessárias para a restauração/recuperação de uma área degradada, o que inclui um completo diagnóstico ambiental (caracterização do problema), detalhando os meios físicos e bióticos locais. Ela ressaltou que, em Mariana, muitos são os desafios para a caracterização local, visto que ainda pouco se conhece sobre as condições após a passagem e deposição da lama.

Para os coordenadores do NEF, o ciclo de palestras foi uma grande oportunidade para os participantes terem uma nova visão sobre o desastre. O fato dos professores apresentaram, além da experiência prática com áreas degradadas, resultados de suas pesquisas e propostas para a revegetação das áreas em Mariana, colaborou muito para a formação complementar, ultrapassando os limites entre áreas de conhecimento.

Camila Caetano: jornalista/ bolsista UFLA. Colaboração direta: Jéssica Cristina Teodoro, doutoranda na UFLA, integrante da coordenação do Núcleo de Estudos em Fisiologia Vegetal.