Seminário debate aumento de vagas nas universidades

O Estado de Minas, 26/06/07

Junia Oliveira

Dirigentes discutem expansão universitária e necessidade de aliar qualidade e custo. UFMG planeja oferta de novos cursos

A expansão universitária e suas diretrizes foram debatidas na segunda-feira, durante o Seminário Expansão do Ensino Superior, no auditório da reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no câmpus Pampulha, em Belo Horizonte. O assunto é polêmico, mas considerado de grande relevância pela comunidade acadêmica, desde que priorizada a qualidade, termo que deu tom ao encontro.

Um dos pontos abordados foi o investimento necessário ao aumento de vagas nas instituições públicas de ensino superior. ´Estamos discutindo as condições necessárias para essa ampliação e em que direção se deve caminhar. Precisamos fazer a expansão, mas garantindo a qualidade que as universidades têm hoje´, afirmou o secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduíno.

O reitor da universidade, Ronaldo Tadêu Pena, apresentou a proposta em discussão pela comunidade acadêmica da UFMG. Ela prevê aumento significativo de vagas, com a criação de novos cursos, ligados a profissões ainda não contempladas pelas universidades, como administração pública, logística, atenção ao idoso, mecânica de aeronaves e automóveis e estilismo.

Eles seriam ministrados com carga de aproximadamente 2,4 mil horas, a ser cumprida em três ou quatro anos. ´Quando tudo estiver funcionando, poderemos saltar de 4,5 mil para 10,5 mil vagas no vestibular. Estamos colocamos em discussão e a proposta precisa de fôlego forte e bem dosado. Não é um projeto instantâneo, não é para o ano que vem. Podemos levar até cinco anos ou mais para chegar a esse ponto´, afirma.

O novo modelo teria a participação de alunos da pós-graduação e de recém-doutores, como bolsistas no corpo docente. ´ O governo define metas e achamos que podemos atingi-las, recebendo os recursos que serão liberados para essa finalidade. A expansão virá com qualidade. Não queremos transformar a UFMG em um colégio. São cursos pensados e elaborados, com tempo para as pessoas aprenderem e os professores ensinarem´, ressalta Pena. Segundo o reitor, a proposta do projeto foi enviada a todos os professores. Depois de emendas, correções e sugestões, vai a julgamento do conselho universitário.

Plano

O secretário-executivo da Andifes informou que, a exemplo da UFMG, cada universidade vai apresentar uma proposta específica sobre o assunto, respeitando a autonomia de cada uma e observando a garantia de que a expansão terá uma contrapartida de recursos humanos e financeiros, ao longo dos anos.

O debate incluiu o decreto do Plano de Desenvolvimento da Educação (PED), do Ministério da Educação (MEC), que prevê o repasse de uma verba de 20% a mais no orçamento da universidade que atender alguns requisitos, como ampliação de vagas, mudança da relação aluno/professor de 18 para 1 (atualmente são 13 estudantes para um profissional) e evasão máxima de 10% dos universitários.

De acordo com o presidente da Associação Profissional dos Docentes da UFMG (Apubh), Robson Mendes Matos, o montante é pouco para garantir a expansão com qualidade. ´O orçamento da UFMG gira em torno de R$ 420 milhões por ano. Teria um acréscimo de R$ 84 milhões para gastar como quiser. É muito, mas não o suficiente para aumentar como o governo quer e com a qualidade necessária. Para uma instituição do porte da UFMG seriam necessários entre 50% a 100%´, disse. O reitor da UFMG discorda e afirma que os 20% são suficientes para os trabalhos.

As conclusões do seminário serão divulgadas entre professores, que querem cobrar do MEC mais mudanças, e encaminhadas ao conselho universitário da UFMG. O seminário foi promovido pela Apubh, em comemoração aos 30 anos da entidade, que vai organizar outros debates, como a influência das propostas do Plano de Aceleração (PAC) nas universidades e a previdência complementar dos servidores públicos.

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