Ufla realiza Vestibular nesse final de semana

O curso de Medicina Veterinária, mais procurado, apresentou 51,80 candidatos por vaga

A Universidade Federal de Lavras (Ufla) realiza seu Vestibular (1º Processo Seletivo de 2008), nos dias 8 e 9 de dezembro. Para esse processo a Copese, recebeu 4.796 inscrições que concorrem a 240 vagas.

As obras literárias indicadas para o PAS 3ª Etapa e 1º Vestibular de 2008. Sagarana – Guimarães Rosa – adotados dois textos: “A hora e a vez deAugusto Matraga” e “Duelo” – Nova Fronteira. Nove Noites – Bernardo Carvalho – Companhia das Letras e Clara dos Anjos – Lima Barreto – Ediouro/Scipione.

As provas serão realizadas nas seguintes cidades: Estado de Minas Gerais: Lavras, Alfenas, Belo Horizonte, Divinópolis, Itajubá, Juiz de Fora, São João Evangelista, Uberlândia e Viçosa; Estado de São Paulo: São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto; Estado de Goiás: Goiânia.

Relação candidatos/vagas:

Administração – 18 vagas – 25,56 candidatos/vaga
Agronomia – 48 vagas – 17,25 candidatos/vaga
Ciência da Comutação – 15 vagas – 19,60 candidatos/vaga
Ciências Biológicas – 15 vagas – 32,33 candidatos/vaga
Educação Física (Licenciatura) – 15 vagas – 22,60 candidatos/vaga
Engenharia Agrícola – 15 vagas – 9,93 candidatos/vaga
Engenharia de Alimentos – 15 – 21,13 candidatos/vaga
Engenharia Florestal – 15 vagas – 25,67 candidatos/vagas
Matemática (Licenciatura) – 15 vagas – 7,40 candidatos/vaga
Medicina Veterinária – 15 vagas – 51,80 candidatos/vaga
Química (Licenciatura) – 15 vagas – 8,13 candidatos/vaga
Sistemas de Informação – 24 vagas – 12,04 candidatos/vaga
Zootecnia – 15 vagas – 16,00 candidatos/vaga

Mais informações:
www.copese.ufla.br
Tel: (35) 3829-1133/1120
E-mail: copese@ufla.br

Professor não está preparado para alunos deficientes

O Estado de São Paulo, 02/12/07

Maria Rehder e Naiana Oscar, Jornal da Tarde

Pesquisa do Ibope mostra que 96% deles se dizem sem condições e 87% afirmam nunca ter recebido treinamento

No caminho para promover a inclusão de alunos especiais na rede pública brasileira dentro das escolas regulares, como defende o Ministério da Educação (MEC) e grupos de especialistas da área, há uma barreira essencial a ser superada: o treinamento do professor para receber e ensinar esse estudante. Pesquisa Ibope encomendada pela Fundação Victor Civita, obtida com exclusividade pela reportagem, revela que 96% dos professores da rede pública se dizem despreparados para a inclusão de alunos especiais e 87% deles nunca receberam nenhum treinamento para isso. Foram ouvidos 500 docentes, em uma amostra de todas as capitais.

“Há experiências maravilhosas de docentes que promovem a inclusão. Só que ainda temos redes de ensino e até escolas que não oferecem capacitação”, afirma Regina Scarpa, pedagoga da Fundação Victor Civita. Ela explica que o mais importante é garantir que o aluno especial aprenda os conteúdos do ensino fundamental. “Para isso o professor tem de estar preparado.” Nesse quesito, o conceito de inclusão precisa ser bem definido, e inclui muito mais do que manter o aluno dentro da sala de aula.

O tema tem recebido maior atenção de entidades não-governamentais que trabalham com a questão, inclusive pela proximidade de uma data especial: amanhã se comemora o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população do mundo a respeito do problema.

Em São Paulo, dos 250 mil professores da rede estadual de ensino, apenas 13.992 receberam capacitação para isso. A técnica do Serviço de Educação Especial da Secretaria Estadual de Educação, Marlene Machado, diz que o número é pequeno porque a capacitação é mais focada nos professores-coordenadores. “Eles são multiplicadores nas escolas.”

Para a professora das redes municipal e estadual Maria Senna do Nascimento, os profissionais das escolas públicas não estão preparados. Tanto que ela matriculou a filha de 18 anos, portadora de síndrome de Down, numa escola especial privada. “As escolas públicas têm muitos alunos por sala e nem todos professores recebem capacitação.”

FALHAS

A dona de casa Cleuza Aparecida, de 39 anos, e sua filha Pâmela, de 13, são outro exemplo dessa realidade. Matriculada na 3ª série da Escola Municipal de Ensino Infantil Alexandre de Gusmão, em Guaianases (zona leste), a menina, que tem um leve retardo mental, só podia freqüentar as aulas se a mãe estivesse junto. Foi uma ordem da direção, segundo Cleuza. “Fiquei meses com a Pâmela na sala. A professora nunca chegou perto da carteira”, conta a mãe.

Sem ter concluído o ensino fundamental, Cleuza Aparecida decidiu ensinar o que sabe para a filha, na própria casa. Ela identifica cores, canta músicas em inglês, mas não sabe nem ler nem escrever. “Prova de que minha filha tem capacidade.”

A dona de casa Tereza Torres da Silva, de 39 anos, também não gostou do atendimento dado para filha Angélica, de 7 anos, na Escola Estadual Itiro Muto, no Grajaú. Decidiu tirar a menina da escola. Mesmo sem entender das discussões sobre inclusão, Tereza viu que alguma coisa estava errada. Angélica não estava na turma regular. “Ela ficava numa sala só com crianças deficientes, bem maiores do que ela. Fiquei com medo”, disse a mãe.

A nova política do Ministério da Educação propõe que os alunos portadores de deficiência estudem em salas comuns – o que tem gerado diversos protestos, manifestos e abaixo-assinados por todo o País, organizados por grupos de apoio aos portadores de deficientes.

A Secretaria Estadual da Educação informou que Angélica estava em uma sala especial provisoriamente, até que conseguisse se adaptar. Na escola, entretanto, a informação era de que crianças com necessidades especiais são matriculadas nessas turmas e a “inclusão” ocorre nos intervalos e em festas. Na Emef João de Lima Paiva, alunos com deficiência ficam em salas comuns. Mas isso não faz da escola um bom exemplo, pois os professores faltam muito. A Secretaria Municipal de Educação justifica que na falta de professores a aula é suprida por outros educadores.

Regina Martins, professora de 3ª série da Emef Coronel Tenório de Brito (zona sul), porém, afirma que é possível fazer a inclusão de alunos deficientes na classe regular. “Dou aulas por agrupamento, mapeio as necessidades de cada aluno, mas essa didática só adquiri após 20 anos e por meio de uma capacitação. O problema é que nem todo professor é capacitado.”

Eles ensinam sem terem aprendido

O Globo, 01/12/07

Demétrio Weber

Dos professores de ciências, 70% não são formados na área; em física, índice é de 90%

BRASÍLIA Sete em cada dez professores das disciplinas de ciências nas escolas brasileiras não têm formação específica para lecionar, isto é, fizeram faculdade em outra área ou, em menor escala, não têm sequer diploma universitário. A situação é mais dramática em física e química, em que 90% e 86% dos docentes, respectivamente, não concluíram o curso apropriado.

É o que revela estimativa do Ministério da Educação (MEC) realizada com base em dados de 2003 para as turmas de 5aa 8asérie do ensino fundamental (6º ao 9 º ano onde o ensino fundamental dura nove anos) e de ensino médio. A projeção será atualizada nas próximas semanas, tão logo o MEC consolide o novo Censo Escolar (Educacenso).

A má formação dos professores é apontada por especialistas como uma das principais causas do fraco desempenho dos estudantes brasileiros na última prova do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), que deixou o Brasil em 52º lugar entre 57 países e territórios.

Os resultados foram divulgados anteontem.

A nota média dos alunos brasileiros foi 390 pontos, numa escala que vai até 800. A nota média dos países que integram a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade que reúne as nações do mundo desenvolvido e é responsável pelo exame, foi 500.

Despreparo torna ensino chato e distante do aluno

Além da falta de infra-estrutura das escolas públicas — apenas 6% delas tinham laboratório de ciências em 2005 —, o despreparo dos professores é apontado como um dos fatores que tornam o ensino chato e desvinculado da realidade dos alunos no Brasil. O Pisa avalia justamente o uso que os estudantes fazem do conhecimento científico no seu dia-a-dia.

O especialista em ensino da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil, Célio da Cunha, diz que o país precisa investir simultaneamente na melhoria da carreira do magistério, aumentando salários, e na formação dos professores, oferecendo cursos universitários mais voltados para a atuação prática em sala de aula.

Segundo ele, o problema da formação inadequada de professores não mudou nos últimos quatro anos, isto é, no período posterior à data da estimativa do MEC.

— A situação permanece, porque, enquanto não melhorar a carreira e, simultaneamente, a formação dada nos cursos de licenciatura, fica difícil resolver o problema. Há um grande esforço do MEC e de algumas universidades, o que significa que poderemos ter uma situação melhor nos próximos anos — diz Cunha, lembrando que a Universidade de São Paulo (USP) está reformulando seus cursos, com ênfase na formação prática.

O estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) analisou a situação de todas as disciplinas. Na área de ciências, foram feitas projeções para matemática, química, física e biologia. De um lado, os técnicos consideraram o número de professores formados nos cursos de licenciatura nos últimos 25 anos. Do outro, estimaram a quantidade necessária de professores de cada área para atender os alunos matriculados.

Em física e química, não há professores suficientes

Em matemática, 72% dos docentes não tinham a licenciatura adequada. Em biologia, 42%. Em física e química, mesmo que todos os profissionais formados fossem lecionar, ainda assim faltariam professores.

— A situação não melhorou e, onde houve aumento de matrículas, seguramente piorou.

Não acho que o governo tenha impulsionado políticas para reverter o quadro — diz a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Dutra.

Segundo ela, a recém-lançada Universidade Aberta do Brasil, que se propõe a formar professores em cursos a distância, não é a melhor forma de resolver o problema.

— Curso a distância é adequado para a formação continuada, não para a inicial. Queremos que o governo nos convença, quando formar médicos e enfermeiros a distância. O ambiente universitário é fundamental para a formação dos professores — diz Juçara.

A estimativa do Inep foi feita a pedido do Conselho Nacional de Educação. A formação inadequada de professores será discutida no próximo dia 11, em seminário da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensinos Superior (Andifes). O Educacenso, novo censo escolar, registra o nome dos alunos e professores. Com isso, o governo saberá exatamente o tamanho do problema da falta de docentes.

Ufla em luto

Faleceu dia 03 de dezembro de 2007, o professor Eufêmio Steiner Gomes Juste Júnior, aposentado do Departamento de Ciência dos Alimentos, da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

O professor Eufêmio Steiner foi presidente da AdUfla (1980-1982) e em sua gestão foi adquirida uma área nas proximidades da então ESAL, para construção do Clube de Campo da Associação, que teve sua infra-estrutura ampliada ao longo das gestões posteriores, consolidando diferentes espaços para lazer e prática de esportes pelo sindicalizado e seus dependentes. Foi também chefe de gabinete de 1973 a 1975, chefe do Departamento de Ciência dos Alimentos de 1977 a 1978, além de presidente da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) de 1986 a 1987.

O corpo está sendo velado no Salão de Convenções da Ufla e o féretro será logo mais as 10h30 de hoje (terça-feira, 4/12) no Cemitério São Miguel.

Menos de 1% dos alunos buscam curso tecnológico

Folha de São Paulo, 03/12/07

Fábio Takahashi

Em países desenvolvidos, cerca de 29% dos estudantes de ensino superior se formam em cursos técnicos de curta duração

Modelo brasileiro, voltado para cursos tradicionais, é ruim para crescimento do país, diz pesquisador; tese é polêmica entre educadores

Menos de 1% dos estudantes brasileiros se formaram em cursos superiores de curta duração, mais voltados para o mercado de trabalho, nos últimos dez anos. Nos países desenvolvidos, o índice é de 29%.

A constatação será apresentada amanhã pelo pesquisador Renato Pedrosa, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em um seminário que debaterá acesso e financiamento do ensino superior.

A comparação utilizou dados do Censo da Educação Superior brasileiro e da OCDE (organização que reúne os países desenvolvidos). Pedrosa considerou os estudantes formados nos últimos dez anos.

Segundo o pesquisador, o atual modelo brasileiro, focado nos cursos tradicionais de graduação, traz prejuízos ao desenvolvimento do país.

‘Estamos formando chefes e temos mão-de-obra de base. Falta a parte do meio da cadeia’, afirma Pedrosa. ‘Em uma empresa automotiva, por exemplo, precisa-se de um volume muito maior de técnicos do que de engenheiros. E não estamos formando técnicos.’

Os cursos de curta duração, também conhecidos como tecnológicos, duram de dois a três anos e focam numa área do conhecimento. Já as graduações convencionais, que procuram dar uma formação mais ampla ao aluno, duram pelo menos quatro anos. Exemplo: na área que pode ser entendida como engenharia, existe o curso tecnológico de obras hidráulicas.

Enquanto o primeiro tem uma duração de cinco anos, o segundo fica entre dois e três.
Para sustentar a avaliação de que é necessário criar maciçamente vagas em cursos tecnológicos, Pedrosa lembra um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado no mês passado.

No trabalho, o instituto afirma que a indústria nacional não encontrou trabalhador qualificado para uma em cada quatro vagas abertas neste ano, principalmente entre pessoas com até 13,1 anos de estudo.

É nesse perfil que se encaixam aqueles que cursam o ensino superior de curta duração (11 anos de educação básica e mais dois ou três de superior).

Outra vantagem dos cursos tecnológicos, segundo Pedrosa, é o custo por aluno, que chega a ser oito vezes menor do que em universidades tradicionais como a Unicamp ou a USP.
Conta para isso, além da duração dos cursos, o fato de as instituições convencionais se dedicarem também à realização de pesquisas e à prestação de serviços, como hospitais universitários.

Segundo o último Censo da Educação Superior, com dados de 2005, os centros tecnológicos e as faculdades de tecnologia possuíam apenas 83,2 mil dos 4,4 milhões de matrículas nas graduações presenciais no país (1,9% do total).

Críticas

Professor da Faculdade de Educação da USP, Cesar Minto é contrário ao modelo de curta duração. ‘Sem formação geral, com forte teor humanístico, você não cria cidadãos críticos. Forma apenas pessoas para seguirem ordens.’

Minto afirma ainda que, ‘nos países ricos, as pessoas formadas em cursos tecnológicos têm salários razoáveis, o que pode não ocorrer aqui’.

Presidente do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), Simon Schwartzman diz que ‘uma das limitações fortes de qualquer sistema de educação profissional, seja público ou privado, é o baixo prestígio junto à população’, o que pode ter má repercussão no mercado de trabalho.

Para o membro do Conselho Estadual da Educação e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), João Cardoso Palma Filho, o ensino superior precisa expandir tanto pelos cursos tradicionais quanto pelos de curta duração.

‘Hoje, por exemplo, faltam engenheiros civis, um curso tradicional. Mas os tecnológicos também são importantes. Um dos fatores é que, com os mesmos recursos, consegue-se incluir muito mais alunos nesse modelo, que é mais barato.’

O seminário onde será apresentada a pesquisa de Pedrosa ocorrerá hoje e amanhã, na sede da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), na zona oeste de São Paulo. A iniciativa é da Presidência da Assembléia Legislativa, que pretende colher informações para possíveis novas leis sobre o assunto.

União e Estado pretendem ampliar ensino

Tanto o governo federal quanto o estadual paulista afirmam que pretendem expandir o número de escolas de ensino tecnológico.

Segundo o MEC (Ministério da Educação), a rede federal de educação profissional e tecnológica, que possuía 140 instituições em 2002, passará a contar com 354 até 2010 (aumento de 152,9% em oito anos).

O estudo a ser apresentado mostra a fotografia deste momento, não capta a tendência de crescimento na rede no país’, afirmou o secretário de Ensino Superior do governo Lula, Ronaldo Mota.

A gestão José Serra (PSDB-SP), em artigo publicado na última terça-feira na Folha, afirma que aumentará em 109% o número de matrículas deste ano até 2010. O texto foi assinado pelo vice-governador e secretário de Desenvolvimento, Alberto Goldman, e pela diretora do Centro Paula Souza, Laura Laganá -a instituição é responsável pelas Fatecs (Faculdades de Tecnologia). (FT)

TCU promove fórum para debater questões de gerenciamento das IFES

Durante os dois dias de evento, cerca de 400 pessoas buscaram soluções para problemas como a falta de recursos humanos e financeiros das Instituições Federais de Ensino Superior

O presidente da Andifes, reitor Arquimedes Diógenes Ciloni (UFU), e os dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior participaram, nos dias 27 e 28 de novembro, do 1º Fórum sobre as IFES, promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e com o apoio da Andifes. O evento buscou soluções para os principais problemas enfrentados pelas instituições. Entre as dificuldades do setor está a necessidade de assegurar recursos para financiamentos de longo prazo.

O presidente do TCU, ministro Walton Alencar Rodrigues, afirmou que existem problemas estruturais recorrentes relativos às IFES. “Mas as soluções para serem perenes e concretas devem ser construídas a partir da participação ativa de todos os atores, comprometidos com a criação de políticas públicas para a educação brasileira”, ressaltou.

O ministro do TCU, Aroldo Cedraz, concorda com este ponto de vista. Para ele, o maior objetivo de todas as sociedades é criar condições para o desenvolvimento do ser humano e isso só será possível com a educação. Nesse sentido, ele afirmou ser necessária a busca de soluções para as questões mais urgentes das IFES, como a carência crônica de profissionais e de professores, a má remuneração dos trabalhadores e a crescente terceirização.

O 1º Fórum sobre as IFES contou com a participação dos diversos atores ligados à educação e à saúde brasileira, como ministros, parlamentares, procuradores, educadores, diretores de hospitais, pró-reitores e membros do governo federal. Este foi apenas o primeiro encontro para debater a problemática das instituições. Para os próximos anos, o TCU promoverá novos encontros com a finalidade de encontrar soluções para as demandas apontadas.

Repasses de Recursos e Fundações de Apoio

O reitor Arquimedes Ciloni fez questão de ressaltar o grave problema que as IFES enfrentam com o repasse de recursos provenientes do governo federal recebidos tardiamente. A inflexibilidade das leis permite que este repasse aconteça muitas vezes apenas na última quinzena do ano.

Sem tempo hábil para utilizar os recursos, os gestores se vêm diante de um impasse: a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) determina que o recurso deve ser utilizado no ano em andamento ou devolvido. Para não perderem a verba recebida, as IFES repassam o dinheiro às fundações de apoio para elas gerirem esses recursos que serão imediatamente utilizados no início do próximo ano. A prática não é autorizada pelo TCU, que audita as gestões das IFES e autua os dirigentes por irregularidade.

De acordo com o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), Nival Nunes de Almeida, a falta de autonomia para que os gestores possam utilizar de forma mais flexível os recursos recebidos leva as instituições ao risco de ficar impossibilitadas de participar de editais. Ele afirmou ser importante um regime de colaboração entre União, Estados, Municípios e DF para solucionar a questão.

Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, esta é uma grave questão a ser equacionada. Ele defendeu que uma nova formulação jurídica de financiamento para as IFES seja apresentada ao Congresso Nacional, em abril de 2008, com a LDO. “Precisamos pensar soluções que permitam uma gestão mais autônoma de um ano para o outro. O financiamento precisa ser encarado como política pública de Estado e que ultrapasse os governos”, afirmou.

Mas Haddad entende que o repasse estável de recursos para as IFES deve trazer também compromissos das instituições, como, por exemplo, o aumento da oferta de cursos de magistério para a formação de professores da educação básica. O maior aporte de recursos também deve vir acompanhado, segundo Haddad, de mais qualidade e acesso aos cursos superiores.

Fontes de Financiamento

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) de 2006, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 24 milhões de jovens entre 18 e 24 anos. Destes, cerca de 3 milhões estão matriculados no ensino superior. Outra pesquisa do Instituto demonstra que, no ano passado, cerca de 6 milhões de alunos estavam matriculados na educação superior, sendo cerca de 1,5 milhões em instituições públicas e cerca de 4,5 milhões em instituições privadas.

Para o professor do Instituto de Física e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nelson Cardoso Amaral, esses dados são suficientes para demonstrar um esgotamento do setor privado. Nesse sentido, as IFES devem se colocar metas para atingir o crescimento com qualidade necessário para suprir a demanda da sociedade.

De acordo com o subsecretário de Planejamento e Orçamento do Ministério da Educação, Paulo Rocha, os problemas de financiamento existentes nas IFES são resultado da falta de autonomia universitária, limitada pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Para ele, esse é o grande entrave, que faz com que as instituições repassem os recursos às fundações de apoio por estas terem mais flexibilidade de autonomia e gerenciamento.

O deputado federal e ex-ministro da Educação, Paulo Renato Souza, concorda com esse ponto de vista. Para ele, ainda não se conseguiu alcançar a autonomia universitária. “Precisamos fixar critérios para que essa meta seja alcançada. Mas é preciso que as IFES cobrem internamente a execução dessas metas”, afirmou.

Hospitais Universitários

Para o presidente da Associação Brasileira dos Hospitais Universitários e de Ensino (Abrahue), José Roberto Ferrado, a situação alarmante dos Hospitais Universitários é resultado de uma série de fatores, que vêm se somando ao longo dos anos, como a ausência de políticas de investimento, de melhoria tecnológica, de autonomia na gestão de pessoal e de reposição de recursos humanos.

Já para o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, José Carvalho de Noronha, o problema de recursos não está apenas relacionado aos Hospitais Universitários, mas a todo o setor de saúde do País. “É preciso aumentar o financiamento global do setor”, avalia.

Com relação à crise dos HUs, o diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, é enfático ao afirmar que ela é mais profunda e multifatorial. Existem muitos problemas de gestão, de falta de pessoal e de planejamento.

Nesse sentido, a solução seria reavaliar a forma de financiamento desses hospitais, criando um modelo de contrato de metas. “Com esse molde, podemos pagar pela qualidade do atendimento e não pela quantidade, como é feito hoje”, avalia o diretor Alberto Beltrame.

Mas o presidente da Abrahue vê com ressalvas a utilização deste novo modelo. Segundo ele, faltam muitos ajustes para adequar os hospitais ao contrato de metas, como o ajuste financeiro anual, o incremento nas metas acadêmicas, o financiamento adequado ao custo global gasto pelos hospitais e a flexibilização do modelo jurídico adotado nas instituições.

Fundações Estatais de Direito Privado

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, defendeu a criação das fundações estatais de direito privado como novo modelo de gestão para os Hospitais Universitários (HUs). “Este dispositivo já consta na Constituição Federal. Estamos propondo a sua regulamentação e prevendo a transformação de algumas áreas da Administração Pública”, ressaltou.

De acordo com o ministro Paulo Bernardo, a criação das fundações estatais de direito privado não irá resolver todos os problemas da Administração Pública, mas é o caminho ideal para livrar as instituições da crise financeira de forma rápida. Ele acredita que a mudança possibilitará solucionar a difícil crise enfrentada pelos 45 Hospitais Universitários ligados às IFES.

O diretor-geral do Hospital do Coração, Adib Jatene, discorda. Para ele, a solução para a crise dos Hospitais Universitários talvez não esteja na criação das fundações estatais de direito privado. “Sou a favor da fundação de apoio. Acredito que ela é mais adequada para resolver os problemas encontrados pelos hospitais. Mas não essa fundação que busca contratar pessoas, mas aquela que visa basicamente suplementar o salário dos servidores para que estes não abandonem o serviço público em virtude da má remuneração”, enfatizou.

Recursos Humanos

O presidente da Comissão de Recursos Humanos da Andifes, reitor Timothy Mulholland (UnB), falta de mão-de-obra, terceirização de serviços e a baixa remuneração são os principais problemas encontrados pelas IFES em sua gestão. Para ele, os baixos salários afastam os profissionais das instituições, provocando a terceirização de diversos serviços e uma piora no serviço prestados pelos trabalhadores.

Para o reitor Timothy Mulholland, uma alternativa para solucionar essa demanda é reestruturar o plano de carreira dos servidores das IFES. “Atualmente, um servidor de nível superior recebe R$ 1.424,00. Fica difícil reter um profissional qualificado com essa remuneração”, enfatiza.

De acordo com o diretor do Departamento de Relações e Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Nelson Luiz de Oliveira Freitas, a forma de pensar a gestão dos recursos humanos mudou nos últimos cinco anos. Agora, a tentativa do governo é criar um modelo que favoreça o diálogo e a negociação com os servidores para chegar às soluções.

O diretor Nelson Freitas explica que a reestruturação dos planos de carreiras, tanto dos docentes, quanto dos técnico-administrativos, tem sido trabalhada da mesma maneira. O governo busca uma maior paridade entre ativos e inativos e já definiu o aumento anual para os anos de 2008, 2009 e 2010.

Confira algumas opiniões

“Este primeiro fórum foi extremamente gratificante e nos faz vislumbrar os próximos. Nesses dois dias, pudemos colocar questões que vem sendo objeto de autuações sobre a prestação de contas das IFES para o TCU. Tratamos, neste primeiro momento, de questões como os Hospitais Universitários, as fundações de apoio e o repasse tardio de recursos. Como resultado, esperamos que os apontamentos feitos pelos palestrantes e mediadores possam auxiliar os dirigentes e o TCU a buscarem juntos caminhos para a superação dos problemas. No segundo fórum, pretendemos incluir outros agentes do processo de acompanhamento, como a CGU, a AGU, entre outros. Quero agradecer ao ministro Aroldo Cedraz por essa iniciativa, ao ministro Walton Alencar Rodrigues por sua liderança e a toda sua equipe pela viabilização deste fórum” – reitor Arquimedes Diógenes Ciloni (UFU), presidente da Andifes.

“O evento foi extremamente importante e oportuno porque permitiu a quebra da barreira entre os órgãos de controle externo e as Instituições Federais de Ensino Superior. Este é um momento inédito e oportuno” – reitor Thompson Mariz (UFCG).

“O fórum foi muito produtivo e representou um avanço na relação do TCU com as instituições. Pudemos explicitar ao Tribunal muitos dos problemas enfrentados pelas universidades no seu dia a dia, muitas vezes auditados pelo controle interno e pelo próprio TCU. A amistosidade desse encontro nos permitiu uma maior proximidade com o Tribunal e permitiu, também, que este se aproximasse mais dos problemas vividos pelas instituições. Sabemos que muitos desses problemas precisam ser resolvidos por meio de legislação e devemos, agora, continuar a dialogar com o TCU, com os Ministérios da Educação, da Saúde e do Planejamento e com os parlamentares para encaminhar as soluções que entendemos fundamentais para essas questões”– reitor Helvécio Luiz Reis (UFSJ).

“Essa foi uma grande iniciativa que abriu uma nova possibilidade de diálogo com o TCU e de conhecimento mútuo. Este não foi um ponto de chegada, mas de partida para que as IFES possam conversar mais com o TCU buscando o melhor funcionamento das instituições. A partir de agora, o Tribunal entende mais de perto o trabalho desenvolvido nas IFES e as dificuldades existentes na sua gestão e o relacionamento será alimentado para a busca de soluções” – reitor Amaro Henrique Pessoa Lins.

“Foi dado um passo importante na relação institucional com o envolvimento do executivo, do legislativo, do TCU e das Instituições Federais de Ensino Superior. Os principais temas foram abordados e agora precisamos criar uma agenda de discussão desses pontos para acompanhar concretamente os avanços. É importante que as instituições busquem a autonomia plena para que possam melhor administrar, sem entraves e controles que as deixam muito vulneráveis” – reitor João Carlos Cousin (FURG).

“Essa foi a primeira oportunidade de realmente buscar soluções para as gestões públicas federais. Esse fórum permitiu que todos conhecessem a problemática enfrentada pelas Instituições Federais de Ensino Superior, demonstrando com clareza a intenção do TCU em encontrar soluções para essas demandas.”, reitora Ana Dayse Dórea (UFAL).

“Este foi um evento muito rico, onde se discutiram demandas importantes das IFES. É fundamental esse relacionamento institucional com o TCU porque o Tribunal passa a entender melhor o funcionamento das instituições. Estamos do mesmo lado, o da expansão e do crescimento do serviço público e este é um momento inédito, que quebra a barreira entre as instituições e os órgãos de controle e fiscalização” – reitor Timothy Mulholland (UnB).

(Lilian Saldanha – Assessoria de Comunicação da Andifes)

Qualquer coisa é melhor que a escola formal de hoje; pior não fica

Folha de São Paulo, 30/11/07

Cláudia Collucci

Para psicóloga, o atual modelo de ensino está falido ; escola se preocupa que alunos aprendam conteúdo em vez de priorizar o conhecimento

O ATUAL MODELO de ensino está falido e parte dessa situação deve-se ao fato de a escola ter se aproximado tanto do estilo de vida familiar que acabou adotando um modo administrativo leigo em detrimento de condutas educacionais profissionais, baseada em teorias e metodologias.

A afirmação é da psicóloga e consultora em educação Rosely Sayão, durante sabatina realizada ontem pela Folha. Para ela, ‘qualquer coisa’ é melhor do que a escola formal de hoje. ‘Pior que está não fica. É preciso encontrar alternativas ao ensino falido existente em 98% das escolas privadas e públicas.’

Para a psicóloga, a aproximação entre escolas e famílias está fazendo com que as crianças tenham um tipo de educação muito parecida. ‘Hoje, professores e pais pensam e agem de maneira muito semelhante. E os pais estão desnorteados porque as referências educacionais se multiplicaram.’

ESCOLA
A escola hoje não serve para educar. Nem para educar para vida pública e muito menos para educar para a relação de conhecimento. A escola está mais preocupada que seus alunos aprendam conteúdo do que com a postura que deve ter para se relacionar com o conhecimento. Até o quinto ano do ensino fundamental, a gente deveria ensinar o que é ser aluno, o que é ter colegas, o que é agir coletivamente, quais as posturas físicas e mentais para se relacionar com o conhecimento. Hoje a gente tem uma grande dificuldade de trabalhar isso. Espera-se que o aluno chegue sabendo o que é ser aluno. Eles chegam filhos e a escola continua a tratá-los como filhos.

A escola se identificou muito com a família e perdeu seu caráter profissional. Ela se molda aos seus alunos e aos pais de seus alunos. Tem dificuldade de estabelecer uma conduta profissional baseada em teorias e metodologias e vai muito no agir educativo dos pais, que são leigos, e a escola não deveria ser leiga. Hoje, professores e pais pensam e agem de maneira muito semelhante.

VIDA FAMILIAR
É uma grande bobagem tentar adequar a escola ao estilo de vida familiar. Isso restringe muito os contatos, as relações, o tipo de visão que a criança tem do mundo. Restringe muito a ponto de impedir uma vida democrática, no ponto de vista das relações. Cada vez mais as crianças ficam submetidas a um tipo de educação muito parecida. A partir dos anos 90, a escola começou a anunciar que ela era a segunda casa, a segunda família dos alunos. Se uma família já dá trabalho, imagine duas. A grande questão é: nós vamos dar chance para as crianças aprenderem a conviver com as diferenças ou vamos cada vez mais colocá-las em clubes privados onde todos são semelhantes? Na busca de uma vida mais democrática, colocar a criança em uma escola onde há diversidade é o primeiro ponto. A função da escola é fazer a passagem da vida privada para a vida pública.

SELEÇÃO DE ALUNOS
Seleção de alunos é um absurdo. Na verdade, é selecionar o perfil de aluno que cabe dentro da minha escola, é preconceituoso. O aluno diferente, não importa a diferença que seja, ele não cabe dentro desse clube. Por lei, essa seleção não é permitida, mas as escolas continuam fazendo e os pais se submetem. Acho uma loucura. A gente já vê no presente algumas conseqüências disso. A vida pública é cada vez mais privada, jovens adultos evitando o contato das pessoas nas ruas.

SUPERPROTEÇÃO
Nas últimas décadas, os pais se incumbiram de uma missão impossível, que é proteger os filhos da vida. Nesta busca de proteção, têm cometido equívocos sérios, que comprometem o objetivo fundamental da educação, que é viver com autonomia. Os pais ensinam os filhos que eles têm muitos direitos e poucos deveres.

Traçar um equilíbrio entre o cuidar e proteger é a questão. Não adianta a gente tentar proteger, proteger, porque na hora que eles saem, e eles saem queira a gente ou não, esse é o mundo em que eles vão viver. O mundo está perigoso, mas sempre esteve perigoso para os pais. É claro que o mundo mudou muito. Mas devo ensinar a saber reconhecer os riscos, a saber se proteger sem revidar etc.

SEXUALIDADE
Quando chega na adolescência, o grande acontecimento da vida é a descoberta da sexualidade. O jovem tem corpo de adulto e, portanto, pode desfrutar desse mundo da sexualidade. A idéia que fica é que eu desfruto, mas, se eu tiver um problema antes ou depois, alguém resolve para mim. É fundamental que cada um de nós tenha uma vida sexual saudável. Mas há o limite entre o privado e o público, o que diz respeito à intimidade e o que diz respeito ao convívio social. Por isso, é preciso demarcar bem essa fronteira. A função dos pais não é entrar nos segredos dos filhos. Aliás, tem coisas que é melhor não saber mesmo.

A questão não é falta de informação [sobre sexo, gravidez ou doenças sexualmente transmissíveis]. O problema é que eles não têm maturidade para usar essas informações. Isso revela que estão chegando na vida sexual de modo absolutamente inconseqüente porque são imaturos e porque há adultos respondendo por eles.

O jovem vê a sexualidade como performance corporal, têm dificuldade de encarar uma relação sem tomar um comprimido tipo Viagra ou Cialis. Achei que fosse insegurança, mas descobri que era garantia de diversão por horas, sem perder a ereção. É um parque de diversão, não é mais o contato de proximidade de intimidade com uma pessoa.

CONSUMO
O ideal de consumo hoje é maior do que qualquer coisa, provoca angústia, provoca tédio também. O ideal de consumo faz com que a pessoa queira consumir e não necessariamente desfrutar daquilo que conquistou. Ele quer, quer e depois que consome não sabe o que fazer com aquilo. Cresce assustadoramente o número de jovens que querem entrar na faculdade e depois não sabem o fazer com a faculdade, trocam de curso, abandonam. É mais difícil viver hoje porque não há adultos que estimulem essa visão crítica do jovem. Eles não pensam criticamente e também adoecem facilmente. Temos muitos jovens com depressão, o índice de suicídios tem aumentado muito entre os jovens adultos. O grau de insatisfação com a vida é muito grande. Eu devo isso ao ideal de individualismo.

MEDICAMENTOS
É um outro ideal. Nossa sociedade está absolutamente submetida à medicalização. É mais um elemento que leva a essa passividade na vida, como se as coisas se resolvessem por mim. Hoje, por incrível que pareça, há escolas que chamam os pais e os orientam dar ritalina [medicação usada para déficit de atenção com hiperatividade] aos seus filhos. É como se falassem: ‘Acalma o seu filho para eu poder trabalhar bem enquanto ele for meu aluno.’
Acho que a medicina ainda vai se redimir dessa medicalização. Hoje há muito estímulo à hiperatividade. Já que o mundo estimula, vamos conviver com isso e ensinar nossas crianças a controlar isso.

PAIS
Os livros de auto-ajuda subestimam a capacidade dos pais. Não acho que os pais estejam perdidos, as escolas sim estão perdidas. Os pais estão desnorteados. Quando eu fui educada, todos os pais compartilhavam do mesmo norte. Hoje as referências se multiplicaram. Cada pai olha como vai educar seu filho e vê múltiplas referências. Eles ainda acreditam que há norte fora deles, mas o norte está neles. Não considero os pais perdidos. Eles se dedicam mais à educação dos filhos do que as escolas que os recebem.

LIMITE
Eu usei muito essa palavra e hoje sou contra o uso dela na educação. Todo mundo usava essa palavra e não falava-se em desobediência. Recebi um dia uma mãe desesperada porque a filha, de três anos, não tem limite algum, não aceita a autoridade dela. Se a gente aceita que o problema é deles, a gente ficará livre de qualquer responsabilidade. Criança não precisa de limite, precisa é de adulto. Eles não aprendem os limites porque, nós adultos, não exercemos bem nosso papel.

CASTIGO
Castigo em crianças com menos de cinco anos eu não entendo. Quando a criança com menos de cinco anos faz ou não faz o que deveria fazer é porque o adulto falhou. Nessa idade, a criança não compreende o castigo como fruto do comportamento que ela teve. A partir dos seis, sete anos, é possível colocá-lo de castigo mas não como mera punição com sofrimento. Mas como demonstração de que tudo o que você faz, traz conseqüências, às vezes boas, às vezes não. Em geral, hoje o castigo é dado muito no momento em que os pais perdem o controle das emoções e depois o sofrimento dos filhos faz com que os pais afrouxem o castigo. A gente erra do começo ao fim.

Entre os piores na educação

O Globo, 30/11/07

Demétrio Weber

Brasil é o 52º de 57 países no ensino de ciências, mostra teste mundial com alunos de 15 anos

O Brasil foi reprovado no maior exame mundial de ciências para estudantes de 15 anos, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2006, divulgado parcialmente ontem. Os jovens brasileiros de escolas públicas e particulares ficaram na 52ª posição entre 57 países e territórios, com nota média de 390 pontos, na escala até 800. Dito de outra forma: o país teve o sexto pior resultado.

A Finlândia lidera o ranking. Dos outros cinco países latino-americanos incluídos — Chile, Uruguai, México, Argentina e Colômbia —, apenas a Colômbia ficou atrás do Brasil.

A prova é feita por amostragem. No Brasil, foram avaliados 9.345 alunos de 390 municípios, em todos os estados. O critério para participar é ter 15 anos e cursar pelo menos a 7asérie do ensino fundamental (8º ano, onde o ensino fundamental dura nove anos). Por causa de diferenças na amostragem, a margem de erro varia em cada país. A brasileira é de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos. Assim, o Pisa classifica o Brasil entre a 50ae a 54aposição.

Mesmo nações com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) aparecem à frente do Brasil no Pisa 2006. É o caso da Indonésia, que ocupa a 107aposição no ranking anunciado esta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O IDH mede a qualidade de vida da população e, pelo primeira vez, deu ao Brasil o status de país de alto desenvolvimento humano, na 70ap os ição, entre 177 países e territórios. A Indonésia está no grupo de médio desenvolvimento.

— Não estamos bem, temos que melhorar.

Há muitos alunos atrasados no Brasil, mas isso não é desculpa. Ter alunos atrasados é um problema, e o Pisa capta isso — disse o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação, Reynaldo Fernandes.

Aos 15 anos, um estudante brasileiro deveria cursar a primeira série do ensino médio.

Mas, por causa da repetência e do abandono escolar, 32,7% dos alunos de ensino fundamental apresentavam atraso de duas séries ou mais em 2005, segundo o Inep.

— O problema é a formação de professores.

Temos uma deficiência grande em matemática, química, física e biologia. E a maioria das escolas não tem ou não usa laboratórios. O ensino se torna muito livresco e chato — disse o diretor de Popularização da Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ildeu de Castro.

Prova foi aplicada a 400 mil estudantes

De 149 mil escolas públicas de ensino fundamental no Brasil, apenas 6% tinham laboratório de ciências e 14% contavam com salas de informática em 2005.

— Se queremos entrar no mundo desenvolvido, não podemos ignorar a importância do aprendizado de ciências desde o ensino fundamental — diz o diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), Jorge Werthein, ex-representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Mais de 400 mil estudantes dos 57 países fizeram o Pisa no ano passado, com foco em ciências. O teste avalia também a capacidade de leitura e os conhecimentos de matemática — a cada ano, dois terços do tempo são dedicados a uma dessas disciplinas. Os resultados das outras provas serão divulgados na terçafeira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O Pisa foi realizado pela primeira vez em 2000, com foco em leitura. A segunda edição, em 2003, teve ênfase em matemática. Apenas 42 países participaram, embora nem todos tenham sido incluídos no ranking. Em 2000, o Brasil ficou em último lugar nas três disciplinas, entre 31 nações. Em 2003, foi o penúltimo em ciências, à frente da Tunísia, entre 40 países.

No Pisa 2006, a Tunísia continuou atrás do Brasil. Os demais países que tiveram desempenho inferior eram estreantes: Colômbia, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão. Apenas oito dos 57 participantes tiraram nota abaixo de 400 pontos. Na Finlândia, os estudantes atingiram média de 563 pontos, seguidos pelos de Hong Kong (542) e Canadá (534). As 57 nações participantes respondem por cerca de 90% da riqueza mundial.

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Arquimedes Diógenes Ciloni, defende a valorização da carreira de professor do ensino básico. Reitor da Universidade Federal de Uberlândia, ele diz que é preciso tornar o magistério nas escolas públicas mais atraente.

— Para recuperar a escola pública, temos que formar bem os professores. E pagar salários decentes — afirmou Arquimedes.

O Plano de Desenvolvimento da Educação lançado em abril pelo presidente Lula fixou metas até 2021. O objetivo é que os alunos brasileiros atinjam, às vésperas do bicentenário da Independência, o rendimento médio dos alunos da OCDE no Pisa de 2003.

Confira os lançamentos das editoras universitárias

“O Eu nos Ensaios de Montaigne”, Telma de Souza Birchal – Michel de Montaigne apresenta seus Ensaios como sendo uma pintura de seu autor “inteiro e nu”. A originalidade desse propósito assim como a do estilo de sua escrita fazem com que a obra possa ser objeto de diferentes olhares. Aqui, pretende-se ressaltar o Montaigne filósofo e, mais especificamente, situar seu pensamento no que podemos chamar de uma “história da subjetividade”. Distinto tanto da “alma” ou da “razão” dos antigos, tão próximas da divindade quanto do “eu penso” de Descartes, tão certo de si, o “eu” dos Ensaios traz uma figura da subjetividade marcada pela dúvida, pela cor. (UFMG)

“Literalmente falando: sentido literal e metáfora na metalinguagem”, Solange Coelho Vereza – A discussão sobre os conceitos de sentido literal e de metáfora remonta ao início do interesse pelos estudos da linguagem na Grécia antiga. No pensamento contemporâneo, na filosofia da linguagem, na lingüística, nos estudos literários e na teoria da comunicação esta tem sido uma das questões mais polêmicas. Quais as fronteiras entre sentido literal e metafórico? A metáfora é derivada do sentido literal e o pressupõe? O sentido literal é simplesmente a fixação dos múltiplos usos e significados das palavras? Essas questões vêm sendo discutidas em perspectivas as mais diversas e permanecem em aberto. Encontramos desde defesas convictas da necessidade de se manter uma concepção estrita de sentido literal até posturas radicais advogando a eliminação de qualquer distinção entre o literal e o metafórico. (UFF)

“Recôncavo da Bahia: Educação, Cultura e Sociedade”, Luís Flávio Reis Godinho e Fábio Josué Souza dos Santos (Orgs.) – o livro é resultado do Congresso de Pesquisadores do Recôncavo Sul: Educação, Cultura e Sociedade, promovido pelo Centro de Formação de Professores da UFRB, entre 08 e11 de maio de 2007, em Amargosa. O Prefácio, da Drª Maria D. de Azevedo Brandão, da UFBa presta uma homenagem à UFRB, sobretudo ao CFP, pela realização do encontro e pelos méritos próprios em temática, participantes e organização. Para ela, o CFP aponta, apropriadamente, como missão das universidades interioranas, a valorização das comunidades de suas regiões, no intercâmbio entre suas diferentes associações e com outros centros culturais, em favor de um pensamento sério e transformador. (UFRB)

“Aplicación Judicial del Derecho en Perspectiva Hermenęutica”, Lúcia Alvarenga – trata-se de parte da tese desenvolvida no doutorado na Espanha pela docente. No livro, a autora apresenta um novo olhar da hermenęutica (interpretaçăo dos textos) em Gadamer – onde compreender e interpretar significa aplicar o texto ŕ situaçăo presente. Essa obra pretende investigar o conteúdo e a importância da hermenęutica jurídica e indagar em que medida ele pode, efetivamente, abrir as portas para um novo horizonte da aplicaçăo do Direito. (UnB)

“Introdução ao Estudo de Minerais Comuns e de Importância Econômica”, Sebastião de Oliveira Menezes – A publicação, além de se basear no estudo dos minerais e fornecer uma tabela para reconhecimento de minerais comuns, aborda a utilização de minerais como recursos naturais e comenta sobre jazidas e reservas destes recursos no Brasil. (UFJF)

“Revista Poité”, 10ª edição – Criada por estudantes do curso de Letras, em 1986, como sucessora da Revista Discente, veículo de expressão cultural e artística dos alunos da UFSC durante as décadas de 70 e 80, a Poité registra a cada edição a
produção em artes no campus. Hoje, fazem parte do corpo editorial da revista alunos de diversos cursos, de estudantes de Artes a acadêmicos de Medicina e Matemática. A edição nº 10 foi obtida a partir da reunião de 54 colaboradores. A Poité é apoiada pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PREG), Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE). (UFSC)

“Notas de História e Cultura Afro-Brasileiras’, Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal do Paraná (Org.) – o intuito do livro é disponibilizar para as escolas públicas mais uma fonte dirigida aos professores para o trabalho com conteúdos relacionados à História e à Cultura Afro-Brasileiras, visando cumprir a Lei 10.639, que modificou artigo da Lei de Diretrizes de Bases da Educação brasileira, tornando obrigatório o ensino destes conteúdos. (UFPR)

“O amor a duas línguas”, Roberto Mendoza e Leôncio Caminho – o livro traduz o amor em dois estilos, duas nacionalidades, duas culturas e dois sentires. O erotismo que celebram suas páginas é contemplação, capricho e gratuidade. Desordem, desejo e intensidade. Sabor, risco e transgressão. É rebeldia contra a solidão, a abstinência e a virgindade. Contra o rancor e o tédio. Contra a brutalidade, a iniqüidade e o desamor. É vida, utopia que nega o utilitarismo cotidiano. (UFCG)

“Caminhos e Memórias: narrativas e cotidiano de itinerantes rumo a Poxoréo”, Nileide Souza Dourado – é o resultado da sua pesquisa de mestrado sobre a história de vida de homens e mulheres das cidades de Poxoréu e Cuiabá. A obra tem foco na história dos deslocamentos, das trajetórias, do cotidiano, da cultura material de pessoas, famílias e grupos, na primeira metade do século XX, rumo a Mato Grosso, tendo Poxoréu como ponto de atração. O estudo é inédito, tem uma abordagem científica e reúne um conjunto de questões direcionadas para o estudo da história dos movimentos populacionais brasileiros. (UFMT)

“Entendendo e Dominando o Hardware: técnicas avançadas para montagem e manutenção de PCs”, Ivan Max Freire de Lacerda – o livro aborda recursos mais avançados e é destinado aos estudiosos ou profissionais do assunto. (UFRN)

“Revista Chronos”, nº 4 – nesta edição, aborda a obra do jurista e professor Nilo Batista. A Chronos, de periodicidade trimestral, sempre destaca personalidade expressiva das áreas de conhecimento contempladas nos diversos cursos de graduação e pós-graduação da UNIRIO. O objetivo da publicação é criar um elo entre fontes primárias de pesquisa (entrevistas com realizadores, material iconográfico, ensaios e artigos inéditos etc.) e pesquisadores e estudantes. Nesta edição, foi contemplado o curso de Direito. A versão impressa é distribuída para bibliotecas e instituições culturais no Brasil e no exterior. (UNIRIO)

(Lilian Saldanha – Assessoria de Comunicação da Andifes)

Renda agrícola é influenciada pela queda do preço do leite

O ritmo de variação média dos preços agropecuários continua em queda para o produtor rural. Em novembro, o Índice de Preços Recebidos (IPR) pela venda dos produtos agrícolas ficou negativo em 0,83%. Este resultado acontece principalmente pela queda do leite fluído pago ao pecuarista, cuja baixa foi de 20,0% para o leite tipo B e 13,68% para o tipo C. Em outubro, a renda agropecuária já havia caído 1,83%, também puxada pelas quedas dos preços do leite pagos aos produtores. O leite tipo B havia caído 9,41% e o tipo C, redução de 6,92%.

São levantados os preços de 42 produtos na pesquisa feita pelo Departamento de Administração e Economia (DAE) da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

Apesar de o setor leiteiro ter puxado para baixo esse Índice de Preços, os grãos ainda mantiveram em alta, a exemplo do mês anterior. Em novembro, a preço recebido pelo feijão teve variação positiva de 65,96% e o milho, com alta de 20,91%. Já a cotação do café teve uma baixa de 0,35%.

De acordo com o professor Ricardo Reis, do Departamento de Administração e Economia da Ufla, e coordenador dos Índices Agrícolas e do Índice de Preços ao Consumidor, essa alta do feijão já influenciou a inflação de novembro, cujo aumento para o consumidor foi de 20,85%. A matéria-prima para a venda de carnes também teve influência na renda do produtor, com alta de 19,3% no preço da arroba do boi gordo, 16,49% na arroba da vaca para abate e aumento de 20,0% no preço da arroba do novilho para abate.

Entre os hortifrutigranjeiros, que teve uma queda média de 8,28%, as maiores baixas para os produtores ficaram localizadas na laranja (-40,0%), batata (-11,31%), beterraba (-12,94%), cenoura, (-15,38%) e mandioca (-16,25%). As maiores altas entre os hortifruti foram: banana (34,43%), alface (33,33%), couve-flor (66,67%) e quiabo (19,44%).

No caso dos preços pagos pelos insumos agrícolas, medido pelo Índice de Preços Pagos (IPP), a variação em novembro foi de 9,42%. Para estes insumos, são pesquisados 187 produtos, e entre estes, as principais altas ocorreram nos setores de sementes e mudas (7,98%), carrapaticidas (7,4%), vermífugos (4,84%), máquinas e equipamentos (6,53%), animais de rebanho (10,08%) e serviços de terceiros (dia/homem, hora/trator, assistência técnica), com alta de 14,27%.

O Índice de Preços Recebidos (IPR) estima a renda do setor rural e o Índice de Preços Pagos (IPP) reflete a variação dos custos de produção desse segmento.

Universidade Federal de Lavras