UFLA lança campanha pela utilização consciente da água

campanha-aguaA Universidade Federal de Lavras (UFLA) lançou nessa terça-feira (7/10), por meio da Diretoria de Meio Ambiente (DMA), a campanha “Água: não deixe acabar”. O objetivo é mobilizar a comunidade acadêmica para a economia de água, de forma a garantir que o abastecimento no câmpus esteja assegurado até o final do período letivo. Busca-se a colaboração de todos para que – mesmo que a estiagem se prolongue – fique afastada qualquer necessidade de alteração no calendário de aulas em decorrência de possíveis períodos de falta de água.

Toda a água utilizada na Universidade vem de suas próprias reservas. Existem 15 nascentes no câmpus, mas, com a estiagem por que passa o sul de Minas e outras regiões do país, a reposição do lençol freático ficou aquém do necessário. O volume de água proveniente das nascentes vem diminuindo, o que provoca um desbalanceamento entre o que é consumido na UFLA e a reposição gerada por essas nascentes. De acordo com o prefeito do câmpus, professor Jackson Antônio Barbosa, elas conseguem atualmente repor os reservatórios em um volume de 50 mil litros ao dia, fluxo insuficiente diante da demanda.

Todos os dias, são gastos no câmpus 800 mil litros de água tratada, 120 mil litros de água não tratada nas estufas e casas de vegetação, 80 mil litros no atendimento aos cuidados com animais dos departamentos de Medicina Veterinária (DMV) e Zootecnia (DZO), além de 50 mil litros com as obras em andamento. Das quatro represas utilizadas pela UFLA, a da Epamig já não oferece possibilidade de captação, pelo nível em que a água se encontra. Estão em atividade as represas do DZO, do DMV e do Pomar, sendo essa última mantida como reserva.

A utilização, pela UFLA, da água de reservas próprias possibilita uma economia financeira de R$ 4 milhões ao ano, recursos que são aplicados na melhoria da qualidade do ensino. O tratamento da água e do esgoto pela instituição contribui para o desempenho positivo na área ambiental, é fonte de pesquisa para iniciação científica e pós-graduação, além de constituir espaço de ensino em que os estudantes podem ter acesso a laboratórios reais de tratamento de água e de esgoto.

Diante dessa realidade, é necessário que toda a comunidade acadêmica esteja sensibilizada para a importância de preservar esse recurso natural, fato que levou a administração da instituição a organizar um plano emergencial para enfrentar a escassez. As ações são preventivas e buscarão evitar o desabastecimento pelos próximos três meses. “Antecipadamente, agradecemos o engajamento de todos os membros da instituição neste projeto”, diz o reitor da UFLA, professor José Roberto Soares Scolforo.

 

Chuvas em 2014

Em reportagem publicada pelo Estado de Minas, o meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto Climatempo, aponta o período atual como uma das maiores estiagens dos últimos cem anos e diz que a previsão é de que Minas Gerais tenha chuva forte somente em dezembro de 2014.

Os dados oficiais do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Impe), para o último trimestre de 2014 na região Centro-Sul do Brasil confirmam que há a probabilidade de as chuvas ocorrerem em volume abaixo da média, embora também possa haver precipitações dentro e acima da média.  As iniciativas adotadas no câmpus devem ser preventivas e permitir o enfrentamento de qualquer um dos cenários – chuvas suficientes ou insuficientes.

 

As ações em curso na UFLA

Ativação de dois poços artesianos

Dois poços, com capacidade para 400 mil litros de água, foram abertos no início de 2014 já como uma ação planejada para o caso de alguma nova seca vir a afetar a região. Essa reserva será utilizada se a estiagem se prolongar. Existem dois outros poços em atividade que servem ao alojamento estudantil e à parte da experimentação implantada na UFLA. Eles também auxiliarão no suprimento de água do Restaurante Universitário (RU).

Escalonamento no fornecimento

O planejamento que busca garantir disponibilidade de água à comunidade acadêmica até o final do semestre letivo envolve escalonamento no fornecimento, ou seja, em alguns períodos, haverá interrupção no fornecimento a setores da Universidade, como forma de prevenção do desabastecimento. Pavilhões de aula, Restaurante Universitário e Cantina Central serão preservados dessa ação e não serão prejudicados. Nas demais áreas, a contenção da utilização será feita conforme a necessidade.

A previsão é de que os departamentos localizados no eixo da Cantina Central tenham fornecimento normal no período da manhã, e de que os departamentos do eixo da Biblioteca Universitária sejam normalmente abastecidos à tarde. Como parte desse escalonamento, o Centro de Integração Universitária (Ciune) ficará sem o atendimento nos fins de semana.

Revegetação de nascentes

A revegetação de nascentes é outra medida em andamento, mas que deve resultar em retorno mais efetivo em médio e longo prazo. Há quatro anos, o procedimento foi iniciado, já tendo sido plantadas na UFLA 60 mil mudas de 53 diferentes espécies. Embora essa ação já apresente resultados positivos, ela será mais efetiva quanto maior for o tempo para que o ambiente de mata seja alcançado. A projeção é de que em 2014 outras 20 mil mudas sejam plantadas, dependendo apenas das condições de temperatura e pluviosidade.

Articulações para proteção da nascente principal da UFLA

A nascente principal está localizada fora da área da Universidade. Ao longo do tempo, ações vêm sendo desenvolvidas, envolvendo diferentes atores sociais, para que ela possa ser preservada e revitalizada.

Substituição dos destiladores dos laboratórios

Os 73 destiladores que havia em todos os laboratórios da UFLA foram substituídos em 2012 por purificadores que operam por osmose reversa. O sistema possibilita a economia de 90% no consumo de água. Esses 73 destiladores consumiam 100.000 litros de água em 8 horas de funcionamento; os purificadores reduziram o gasto para 10.000 litros de água.

Reuso da água

Está sendo finalizado um projeto detalhado para estabelecer uso racional da água na Universidade, com iniciativas para os próximos dois anos. O tema é considerado de alta complexidade, por incluir o retorno da água resultante do processo de tratamento do esgoto para a represa, para, em seguida, ser novamente tratada, como é feito nos países do hemisfério norte. A expectativa é construir soluções para que o reuso de água seja feito de maneira segura e correta, tornando-se uma realidade na UFLA nos próximos 2 anos.

Nova estação de tratamento de água

Está em fase de licitação uma nova estação de tratamento de água, com capacidade para processar 1,6 milhão de litros de água por dia, o que permitirá atender com folga à demanda da nova Universidade que vem surgindo no câmpus, com a abertura dos novos cursos.

Nova Barragem na UFLA

Desde o início de 2013, a UFLA buscava licença ambiental para construir uma nova barragem para acumulação de água no Câmpus. Recentemente, a licença foi concedida e a barragem será concluída até a próxima semana. A represa em questão será a maior barragem da Instituição: terá 55 mil metros quadrados de espelho d’ água e acumulará 320 mil metros cúbicos de água, ou 320 milhões de litros, o corresponde a seis vezes o tamanho da barragem que atualmente fornece água para o tratamento que é realizado na UFLA. Entretanto, a efetividade dessa barragem só se concretizará após o período de chuvas e a reposição do lençol freático, de forma que as nascentes voltem a fornecer água numa intensidade que seja compatível com o consumo.

Novas estruturas físicas

Em todas as novas estruturas físicas que estão sendo construídas na UFLA, as torneiras serão automáticas e os vasos sanitários terão caixas acopladas, o que contribuirá para diminuir o consumo. De forma adicional, licitação já está em curso para a reforma de 50 banheiros presentes nas estruturas antigas da Instituição. Além da modernização natural, eles terão a instalação das mesmas estruturas de controle de consumo de água citadas anteriormente.

O papel da comunidade

Apesar das várias ações de vanguarda já adotadas, das que estão em implantação e de outras em fase de definição de projeto, é considerado como mais importante a contribuição do ser humano. Espera-se da comunidade acadêmica a redução do consumo de água com medidas simples, como o acionamento menos prolongado de descargas, o fechamento de torneiras, a não irrigação de jardins, a não lavagem de estruturas, a não montagem de novos experimentos em casas de vegetação e campo que exijam irrigação, a não irrigação de hortas (na medida do possível), entre outras. O telefone (35) 3829-1503 estará disponível para que o frequentador do câmpus avise quando identificar desperdício causado por falhas nos equipamentos e materiais, possibilitando uma ação ainda mais ágil da prefeitura do câmpus.

Campanha simultânea pela redução no consumo de energia elétrica

Com a falta de chuvas, o fornecimento de energia elétrica pela Cemig já impacta a UFLA. Essa concessionária não dispõe de energia extra para atender à instituição, que já está  muito próxima do teto de 2 megawatts de energia. A chegada de dias mais quentes estimula a utilização do ar-condicionado e de outras formas de consumo de energia. Por isso, a campanha educativa de sensibilização da comunidade acadêmica será estendida também à energia elétrica. É necessário que os mais de mil equipamentos de ar refrigerado existentes na UFLA, assim como os equipamentos como câmaras frias, freezer e outros, tenham o seu uso otimizado, sob pena de haver quedas constantes de energia, já que a Universidade atinge o teto da energia disponibilizada pela Cemig para atendimento ao câmpus. No prédio da Reitoria, por exemplo, há a orientação para que nenhum ar refrigerado seja colocado em funcionamento.

O projeto para geração de energia solar fotovoltaica pela UFLA, em cooperação técnica com a Cemig, ainda encontra-se em fase inicial, com etapa experimental a ser desenvolvida em 2015. A estrutura experimental será capaz de atender a uma demanda equivalente a 16 residências ou, no caso da Universidade, ao consumo mensal de um departamento técnico-científico. A Instituição está formulando o projeto de uma usina fotovoltaica. Como o custo é elevado, o momento atual é de busca de fontes de financiamento para o projeto. Com o alcance desse avanço, haverá economia de maior volume de recursos, que poderão ser aplicados nas atividades acadêmicas. A usina será também fonte de pesquisa e de ensino para estudantes da UFLA. A expectativa é de que o projeto possa ser operacionalizado em médio prazo.

 

A contribuição com a campanha

No site da campanha será possível encontrar as medidas pelas quais estudantes, servidores e frequentadores do câmpus poderão fazer a sua parte para evitar o desperdício de água.

Acesse agora: http://uflaconsciente.ufla.br/agua/sobre-a-campanha/compartilhe-esta-ideia/