Projeto Borbulhando Enfrentamentos às Violências Sexuais nas Infâncias completa um ano

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Um debate franco e sistemático sobre as construções de gênero e sexualidades

O projeto sobre enfrentamentos às violências sexuais nas infâncias no Sul de Minas Gerais, do Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras (DED/UFLA), completou um ano nesse domingo, 13 de março, com muitas borbulhas e significativos aprendizados.

O projeto Borbulhando é coordenado pela professora do DED Cláudia Maria Ribeiro, sendo aprovado pelo edital do Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação (Proext/MEC/2015) com nota máxima, o que se deve à abrangência social de sua proposta: o público-alvo envolve profissionais de educação de municípios integrantes do Fórum Sul-Mineiro de Educação Infantil e de Centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) e Conselhos Tutelares.

“As relações de gênero, ou seja, a construção cultural do feminino e do masculino, as sexualidades, e, dentre seus vários aspectos, as violências sexuais, estão presentes nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cemeis) quer as pessoas queiram, quer não. Discutir essas questões significa pensar de que modo a cultura, as Cemeis e sujeitos se articulam por meio das construções de gênero e sexualidades, uma vez que entendemos a cultura como campo de lutas, negociações, contestações e enfrentamentos, em que se produzem tanto os sentidos quanto os sujeitos que constroem os diversos grupos sociais e suas singularidades”, afirma Cláudia.

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Trabalho premiado em 1º lugar na modalidade Desenho, de autoria de Mikaella Cristina Silva, da E.M. José Serafim – Anos finais do Ensino Fundamental.

Diversas ações são realizadas no Projeto, como o desenvolvimento de jogos para crianças, de maneira que a sexualidade seja retratada de forma adequada à idade. Durante o ano também foram confeccionadas diversas edições do jornal “Borbulhando informações”. E no momento, está sendo finalizado um livro fruto do Projeto, com artigos de renomados profissionais da área.

Durante todo o ano foram realizadas capacitações quinzenais com professores da rede pública. Totalizando em 80 horas de curso de formação, com encontros presenciais, atividades a distância, seminários, confecção de jogos e atividades com as crianças.

“As expressões sexuais das crianças que transitam pela Educação Infantil são analisadas, na maioria das vezes, sob a ótica do adulto, da sexualidade adulta, que logo atribuem àquelas ações, sentidos e interpretações deles mesmo. Torna-se, portanto, imprescindível que essa temática seja discutida por profissionais que integram as redes de proteção às crianças com vistas a aprofundar referenciais teóricos tais como: conceitos de infância, direitos humanos, gênero, violências sexuais, direitos das crianças. Tudo isso com vistas a contribuir para a discussão e formulação de políticas públicas”, comenta Cláudia.

Apresentação de dança de grupo do Ceacad.
Apresentação de dança de grupo do Ceacad

A professora Cláudia relata que em cada encontro os integrantes ampliam olhares no combate às violências, principalmente às violências sexuais contra as crianças, por meio de debates em mesa redonda, em falas subsidiadas por textos teóricos que são referência na temática e propiciam o aprofundamento das questões e inquietações. Além disso, segundo ela, realizam-se, também, debates focando nas trocas de experiência no dia a dia das instituições de Educação Infantil e ainda sessão de filmes e documentários que depois farão parte dos relatos pessoais de cada integrante do curso.

O Projeto conta com a participação de 14 cidades do sul de Minas, envolvendo aproximadamente 100 participantes, além do Grupo de Pesquisa, coordenado pela professora Cláudia, “Relações entre filosofia e educação para a sexualidade na contemporaneidade: a problemática da formação docente” e ainda integrantes do Pibid Pedagogia/UFLA.

Texto: Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA, com a colaboração de Maria de Fátima Ribeiro – jornalista e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.