Engenheiros Sem Fronteiras: estudantes atuaram em recuperação de nascente na cidade de Três Pontas (MG)

nascente.7Os Engenheiros Sem Fronteiras (EsF – Núcleo Lavras) avançam com ações do Projeto Marolo na cidade de Três Pontas (MG). Estudantes da UFLA que pertencem à organização não governamental, unidos a agricultores da região, estão desenvolvendo um projeto de recuperação de nascentes em um trecho do Ribeirão Araras, que passa pela comunidade do Quilombo Nossa Senhora do Rosário. A primeira intervenção foi feita entre os dias 2/5 e 4/5.

Para fazer a recuperação, o grupo passou por uma capacitação sobre o tema, ministrada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Contando com a participação direta e orientação do instrutor do Senar Alexandre Rodrigues da Silva durante as atividades práticas, a equipe concluiu, com êxito, o trabalho de limpeza e desobstrução completa da área, além da construção de uma estrutura que permite a manutenção da proteção da nascente contra contaminações causadas por material em decomposição.

De acordo com o estudante Tiago Henrique da Silva, coordenador do Projeto Marolo, a água proveniente da nascente é utilizada em toda a rotina da nascente.2propriedade rural em que está localizada e apresentava-se, visivelmente, com características alteradas. “Pela cor da água, era possível perceber que algo estava errado. Quando conseguimos o acesso à nascente, encontramos uma quantidade muito elevada de material em decomposição. O trabalho foi intenso”, diz.

Os planos para o local agora incluem reflorestamento da área próxima à nascente recuperada, cercamento no entorno e adoção de outras práticas de proteção. O membro da família de agricultores que reside no local, João Paulo Lopes, de 20 anos, é também estudante de Agronomia e participou dos trabalhos. “Foi uma ação muito importante para nós, tanto pelo benefício da melhoria da qualidade da água, quanto pelo aprendizado que todos tivemos com a intervenção. A água, que há cerca de seis meses estava bem turva, já apresenta outro aspecto. A tendência é que o volume de água também aumente com o tempo”, avalia João Paulo.

Para Tiago, o trabalho desenvolvido acrescentou muito à formação obtida na graduação. “O aprendizado vai muito além do que pode ser obtido em sala de aula. Tivemos uma visão real do que poderemos encontrar quando formos realizar recuperações em outras nascentes. Tivemos, ainda, a oportunidade de vivenciar a dificuldades que o agricultor familiar enfrenta no cotidiano do meio rural. Ao final, ficamos felizes em poder ajudar a família de João Paulo com uma água com maior qualidade para utilização diária”, relata.

Segundo o instrutor do Senar, da regional de Lavras, que orientou as atividades, depois dos últimos anos de seca intensa, a recuperação de nascentes é essencial para a sobrevivência no campo. “No caso da mina em que atuamos, havia relatos da família de agricultures sobre ocorrências de desconfortos gastroentestinais que poderiam estar ligados à qualidade da água”, comenta. “Estaremos sempre à disposição para atuar junto às entidades engajadas nesses projetos que visam à melhoria da vida rural”.

A recuperação de outras nascentes ao longo do Ribeirão está no planejamento do Projeto Marolo. De acordo com Tiago, o trabalho agora exigirá a busca de apoiadores para se obter os recursos necessários às intervenções. São necessários investimentos para custear o material destinado à construção da estrutura que colabora na preservação das características água, assim como para o deslocamento, alimentação e hospedagem dos voluntários que oferecem a mão-de-obra. Na primeira recuperação realizada, os estudantes da UFLA foram acolhidos na sede da Associação dos Agricultores Familiares do Quilombo Nossa Senhora do Rosário (Aqui3P) e receberam também apoio de alimentação na propriedade em que atuaram.

Além dos benefícios ambientais propiciados pela recuperação de nascentes, motivam a realização do projeto os impactos positivos que ele pode produzir sobre a saúde pública, já que a água, quando fora dos padrões adequados ao consumo, oferece riscos de transmissão de doenças causadas por vírus, bactérias, protozoários, entre outros agentes.  Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de água em condições adequadas apresenta um potencial de redução de até um décimo da carga global de doenças.

Engenheiros sem Fronteiras em Lavrasnascente.3

A coordenação das atividades dos EsF em Lavras é feita atualmente pelo professor do Departamento de Engenharia (DEG) André Geraldo Cornélio Ribeiro. Além do Projeto Marolo, o grupo é responsável por outros projetos sócio-ambientais na área de engenharia que buscam promover o desenvolvimento de comunidades e o crescimento técnico e social de seus membros. Cerca de 30 estudantes, de diferentes cursos da UFLA, integram a equipe.

Saiba mais sobre o Projeto Marolo no Jornal UFLA (jul/ago 2015 – pág. 4-5).