Projeto A Magia da Física explica conjunção entre planetas: fenômeno estará visível até meados de julho

Foto de palestra sendo proferida na UFLA
Professora Karen explica o fenômeno conjunção.

Desde o dia 19/6, um observador desavisado que olha para o céu entre 18h e 19h30 percebe algo curioso: aparentemente duas estrelas de muito brilho, bem próximas uma da outra, na direção do pôr do Sol, destacam-se na paisagem. O que esse observador precisa saber é que os protagonistas da cena, na verdade, são os planetas Vênus e Júpiter, que passam pelo fenômeno astronômico chamado conjunção. O movimento orbital dos dois planetas fez com que, nesta época do ano, eles ficassem na mesma linha de visão, para quem os observa de algumas regiões da Terra.

Em seu trabalho contínuo de popularização das informações científicas, a equipe do Projeto A Magia da Física e do Universo realizou sessão aberta ao público, destinada a explicar o fenômeno. A reunião ocorreu em 30/6, às 18h, no Museu de História Natural da Universidade Federal de Lavras (MHN/UFLA). Essa seria a data de maior visibilidade do fenômeno, observável a olho nu. No entanto, devido à nebulosidade, os participantes do evento não puderam fazer a observação do céu, embora tenham aprendido detalhes sobre as conjunções a partir da apresentação feita pela professora do Departamento de Física (DFI) Karen Luz Purgoa Rosso.

Sobre o fenômeno

A aproximação entre Vênus e Júpiter se tornou visível a partir do dia 19/6. Logo no dia 20/6 os dois planetas, bem próximos, formaram um triângulo impactante no céu, incluindo a Lua. Em 30/6 foi a data de maior aproximação entre os astros (o chamado “apulso“), ficando a distância entre eles em cerca de 22 minutos de arco ou ~0,36 graus, às 18h. A Lua voltará a estar próxima dos dois planetas em 18/7. A partir de então, eles estarão em afastamento. O fenômeno ocorre na constelação de Leão e torna-se visível entre 18h e 19h30, na direção do pôr do Sol. Após esse horário, os astros estão abaixo da linha do horizonte.

A conjunção irá se repetir em 26/10, mas nessa data a observação deverá ser feita antes do nascer do Sol. Na semana anterior, a aproximação já poderá ser contemplada.

Conhecimentos astronômicos e história

Não foi só o movimento dos planetas e a organização do Sistema Solar que despertou a atenção de quem estava presente no MHN para saber mais sobre as conjunções. A professora Karen relatou também aspectos históricos que revelam a maneira como a humanidade sempre lidou com esses fenômenos. Segundo ela, no passado, a ligação da Astronomia com o dia-a-dia das pessoas era muito maior. “Os povos tinham o hábito de observar o céu, e o faziam com objetivos práticos (como saber a época certa para plantio e colheita, por exemplo) e também artísticos”.

A partir do processo de observação do céu, as diferentes culturas desenvolveram histórias – contos que explicavam, à sua maneira, aquilo que viam. Assim foram nominadas pelos gregos as 12 constelações. Karen ressaltou que os índios brasileiros e algumas comunidades africanas ocupavam uma região do planeta a partir da qual tinham uma visão muito semelhante do céu. Assim, muitos fenômenos eram vistos simultaneamente nos dois locais. “Apesar da distância geográfica, as histórias contadas por ambos acerca do mesmo fenômeno, quando se encontravam, eram, curiosamente, parecidas”.

Uma das histórias utilizada tanto por tupis-guaranis quanto por africanos para interpretar a presença das estrelas brilhantes que aparecem próximas à Lua era a da Lua e suas duas mulheres. A Lua seria o homem e Vênus, sempre por perto da lua minguante, seria a primeira mulher. Em determinados períodos, era Júpiter quem estava perto da lua cheia. Eles afirmavam que a Lua nunca se encontrava, ao mesmo tempo, com suas “duas mulheres”. Não há registros de histórias desses povos que relatem a conjunção, fenômeno pelo qual as duas mulheres ficam juntas e chegam a se encontrar com a Lua.

Professora Karen encerrou o encontro afirmando que a imaginação deu origem a muitas histórias que fazem parte da cultura. Dessa forma, convocou a todos para serem observadores e contadores de novas histórias. “Eu trouxe para você outra história, a história da ciência”, completou, antes de utilizar o software Stellarium para simular o movimento dos astros e explicar em detalhes a conjunção. “Essa é uma forma de entermos o que observamos no céu”.

A Magia da Física e do Universo

O projeto de extensão é coordenado pelos professores do Departamento de Física (DFI) José Alberto Casto Nogales Vera e Karen Luz Burgoa Rosso . Tem o apoio do MHN, do DFI e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de contar com colaboração das pró-reitorias de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec), de Extensão e Cultura (Proec), de Pesquisa (PRP), de Graduação (PRG) e do Programa de Pós-Graduação em Física.