Dicas de português: Para reescrever sua carreira (4)

Má colocação de pronomes:

            Uma das falhas mais comuns no texto é a má colocação dos pronomes oblíquos (o, a, os, as, lhe, me, se,…). Nos exemplos seguintes, a boa colocação aparece entre parênteses.
“Não ficarão órfãs porque deixei-as já adultas …” (porque as deixei)

“… quando transferiu-se para …” (quando se transferiu)

“ … havia formado-se …” (havia-se formado ou havia se formado)

“… há os que acham que deve-se implantar…” . (que se deve)

“… chamarei-a de a descoberta da …” (chamá-la-ei ou a chamarei)

“… como manda-o…” (como o manda)

“… assim é que nós colocamos-lhe…” (que nós lhe colocamos)

Nesses casos, os pronomes oblíquos átonos são atraídos na oração para antes do verbo por palavras negativas e advérbios (não, nem, ainda, bastante, talvez, tanto…); conjunções (quando, enquanto, se…); pronomes relativos (que, nem, cujo…); pronomes pessoais (eu, tu…).

Jamais o pronome vem depois de verbos no particípio passado (formado, partido), no futuro do indicativo (caberá) ou do futuro do pretérito, o velho condicional (caberia). Nos casos em que não houver atração, será “havia-se formado”, “caber-lhe-ia”.

 

Escrever como fala:

Comunicação escrita e oral são muito diferentes. A linguagem escrita tem de ser mais elaborada, mais clara, mais definida, mais contida do que a oral. Ela não conta com os recursos do gesto, do tom, da mímica, das pausas, das repetições comuns à linguagem oral, é claro.
Claro também que quem fala tem o ouvinte à frente e se dirige a um público definido num contexto determinado. Por tudo isso não se deve escrever como se fala, com as repetições e as ênfases naturais à expressão oral. Pelo menos do ponto de vista da norma culta. O fato é que escrever e falar bem e agradar ao público ou destinatário certo constituem quase sempre um trabalho difícil, que exige empenho permanente.

 

Paulo Roberto Ribeiro – Ascom